domingo, 30 de agosto de 2015

A CANÇÃO DA CRIANÇA




Quando uma mulher, de certa tribo da África, sabe que está grávida, segue para a selva com outras mulheres e juntas rezam e meditam até que aparece a “canção da criança”. 

Quando nasce a criança, a comunidade se junta e lhe cantam a sua canção. Logo, quando a criança começa sua educação, o povo se junta e lhe canta sua canção. Quando se torna adulto, a gente se junta novamente e canta. Quando chega o momento do seu casamento a pessoa escuta a sua canção.

Finalmente, quando sua alma está para ir-se deste mundo, a família e amigos aproximam-se e, igual como em seu nascimento, cantam a sua canção para acompanhá-lo na "viagem".

Nesta tribo da África há outra ocasião na qual os homens cantam a canção. Se em algum momento da vida a pessoa comete um crime ou um ato social aberrante, o levam até o centro do povoado e a gente da comunidade forma um círculo ao seu redor. Então lhe cantam a sua canção.

A tribo reconhece que a correção para as condutas anti-sociais não é o castigo; é o amor e a lembrança de sua verdadeira identidade. Quando reconhecemos nossa própria canção já não temos desejos nem necessidade de prejudicar ninguém.page17image14504

Teus amigos conhecem a "tua canção" e a cantam quando a esqueces. Aqueles que te amam não podem ser enganados pelos erros que cometes ou as escuras imagens que mostras aos demais.


Eles recordam tua beleza quando te sentes feio; tua totalidade quando estás quebrado; tua inocência quando te sentes culpado e teu propósito quando estás confuso.


Tolba Phane

terça-feira, 18 de agosto de 2015

CONEXÃO INTERNA: ESTAMOS DISTRAÍDOS



Leonardo Maia
Estamos nos distraindo?
Vc está muito estressado com seus compromissos? Vc precisa se distrair um pouco. Procure se divertir mais, sair com os amigos, namorar. Fazer compras ou talvez fazer uma viagem… E se vc tem boas condições financeiras, melhor: o mercado de entretenimento é incrível. Inúmeras possibilidades, diversão sem fim. Isto acaba nos estimulando a produzir mais, gerar mais dinheiro para que possamos desfrutar mais.
Mas o que nos leva a isso? Existe algum mal em se divertir, sair um pouco do estresse do dia a dia, da pressão do trabalho, ou mesmo do marasmo?
Logicamente não. Mas isto pode se tornar o seu foco?
Desde de muito cedo, passamos por um processo bem complicado: a Educação voltada para o mercado de trabalho. Todos, independente de nossas particularidades, nossos  talentos ou dificuldades, somos educados da mesma forma para atender as necessidades do sistema vigente. Muitas fórmulas sem sentido, decorar dados e regras para
sermos aprovados, primeiramente na escola e depois nos centros de capacitação, para termos um emprego “digno”, conquistar um lugar no concorrido mercado de trabalho para receber nossos salários, poder manter o sistema funcionando e desfrutar das suas possibilidades. Mas existe algo oculto ainda por trás.
É perceptivo que este mecanismo não é saudável, pois já recai uma pressão sobre nós desde a nossa infância, exigindo boas notas – que seriam um reflexo de que estamos seguindo a cartilha da forma exigida, ou pagando suas consequências. Caso tenhamos sido bons alunos, entraremos na disputa por uma vaga na faculdade, outro fator de estresse bem grande, que exige que muito do jovem, pois geralmente sofre uma pressão familiar, escolar, social além da sua própria.
Este mecanismo de educação, acaba exigindo um processo de anulação de nossas individualidades. Querem que sigamos padrões pré definidos de comportamento e de conhecimento, independente de nossas aptidões e interesses. Somos forçados a doar grande parte de nosso tempo com atividades que não nos interessa, que não têm sentido e que esquecemos imediatamente após nossas avaliações. Mas o processo fica marcado em nós, por todo estresse que passamos.
Desde a mais tenra idade, já queremos esquecer o estresse das provas e cobranças, do esforço em decorar as fórmulas e regras. Quem não se adequa ao padrão é marginalizado, como repetentes, crianças problema e outros rótulos pejorativos. Então desde já nos esforçamos para entrar no padrão externo exigido, aos poucos vamos nos desconectando de algo interno, único em cada um. Aliado a isso temos as mídias, que tomam o tempo restante, nos tornando passivos e atentos sempre a algo externo que nos deixa passivos e suscetíveis a absorver os comportamentos e pensamentos propagados por elas.
Mas isso é apenas o começo, logo entramos na luta no mercado de trabalho. Da busca por autonomia e estabilidade financeira. E não é nada fácil. A pressão continua, talvez até maior. Situações de estresse e ansiedade passam a ser constantes. Trabalhos de 6 até 12 horas no dia. E quando chegamos em casa, queremos descanso, parar de pensar no trabalho e etc… pois isto acaba tomando muito de nossa vitalidade, pois o que não alimenta nossa alma, acaba nos desgastando de forma muito intensa.
Quais seriam nossas válvulas de escape? Precisamos nos distrair um pouco, ver televisão, sair com os amigos e satisfazer alguns desejos para esquecer o estresse do dia a dia.
Espero o fim de semana para sair, paquerar e beber com os amigos?
Junto aquele dinheiro para fazer compras, trocar o carro ou fazer uma viagem? Arrumar uma companhia para sair nas redes sociais. Talvez adquirir bens seja uma forma de garantir o futuro e ter uma velhice tranquila…
Entramos em um círculo vicioso. Trabalhar e se distrair. Acabamos nos desconectando de algo muito importante e sagrado. A nossa essência individual. O caminho de autodesenvolvimento. O autoconhecimento. A autenticidade.
Nem percebemos, mas cumprimos nossas obrigações e nos distraímos. Aí está o grande perigo: desconexão. Mas o ego clama por atenção, ele faz parte essencial do desenvolvimento individual e o pouco tempo que temos para uma auto análise, um olhar para dentro, para a alma,  acaba se tornando uma preocupação estética e de reconhecimento externo, nos tornamos narcisitas e egocêntricos. Uma ostentação física, de conquistas materiais e busca por prazeres momentâneos, pois desde sempre somos bombardeados por imagens que incitam nossos desejos materiais e instintivos: materialismo e erotização. Aqui percebemos outro aspecto bem interessante, o padrão  estético e de comportamento.
No princípio da puberdade, com a aproximação da sexualidade e interesse pelo outro, começamos a buscar a integração com grupos de pessoas. Queremos nos divertir e interagir. Conhecer as pessoas e nos relacionar. Estar no padrão estético ajuda bastante e nos padrões de comportamento coletivos também. Ser uma pessoa bonita e  descolada é um dos focos de muitos adolescentes, pois é o que movimenta as mídias, tanto TV quanto internet. Então elas  passam a buscar isso de forma bastante intensa. Não porque alimenta a alma, mas por reconhecimento social.
Bom, sendo bombardeados pela mídia com padrões estéticos, comportamentos considerados bacanas e estímulos eróticos e de prazeres materiais, aliados ao processo de  educação sem sentido que não alimenta nossa alma, tirando o prazer de adquirir o conhecimento, nos tornamos presas fáceis.
Começamos a perder a conexão interna aos poucos e nos vinculamos a estes padrões estéticos e de comportamento. Isso se reflete na dificuldade de aceitação da velhice, plásticas e comportamentos infantis, muito comuns hoje em dia.
Mas não para por aí… está muito travado? Se solte um pouco e entre na onda… tome uma cerveja ou algo para relaxar e fluir com as energias que estão à sua volta. Larga de ser chato e bicho grilo. Vamos nos divertir um pouco. Sair e beber passa a ser cotidiano. Ou mesmo outras drogas. (Oba, hoje é sexta feira).
Lembrando que isto é desde muito cedo, quando estamos mais velhos começamos a ficar cada vez mais vazios. Uma vida sem sentido pode levar a ansiedade, depressão, dependência (de álcool, relacionamentos e etc…), a satisfação é um mero momento de prazer ou de conquista… não um estado anímico, um estado de ser. Nossa conexão é com arquétipos exteriores, não uma conexão interna. Somos personagens e nos confundimos com eles verdadeiramente. Mas se olharmos para o lado veremos uma dúzia de pessoas iguais, com os mesmos valores e perspectivas.
É Consciência x Inconsciência. Despertar x Sono. É esta a busca pela individuação, a busca do si-mesmo. O sentido da vida. É isto que estão roubando de nós. Somos reflexos de nossas experiências e percepções, e elas são experiências vazias, mecânicas e nossas percepções são de distração. Nossos padrões de comportamento e
perspectivas estão sendo moldados desde a infância.
Esta desconexão contínua com a nossa essência se reflete em insegurança, medo, sensação de solidão, estresse, ansiedade e até doenças graves. Nossa força interior vai se esvaindo, tornando a nossa Força de Vontade fraca e não conseguimos nadar contra a maré, apenas caminhamos seguindo o fluxo e torcendo para que boas experiências aconteçam, ou mesmo, as comprando.
Educação sem sentido, trabalhos sem sentido – rotinas mecânicas, longas e estressantes, entorpecimento da percepção, busca por prazeres momentâneos, materiais, instintivos e por reconhecimento externo. Ostentação, narcisismo e egocentrismo. O que te alimenta a alma? Sua vida tem sentido ou são espasmos de satisfação momentâneos? Será que estamos tão distraídos assim?
“A nossa mais elevada tarefa deve ser a de formar seres humanos livres que sejam capazes de, por si mesmos, encontrar propósito e direção para suas vidas.” – Rudolf Steiner

terça-feira, 7 de julho de 2015


10 erros que os pais cometem ao colocar os filhos para dormir
Publicado na Revista Crescer 





Como todos os comportamentos do ser humano, o sono precisa ser ensinado ou condicionado. Criar certos hábitos pode acostumar mal a criança ou aumentar sua dependência dos pais. Listamos os principais erros que os casais cometem quando o assunto é hora de dormir:

Não ter rotina

Criança gosta e precisa de repetição para se sentir segura. O ideal é que a hora de ir para a cama seja precedida pelas mesmas ações, todos os dias.

Atividades agitadas

O ideal é que essa rotina não inclua atividades que vão deixar o pequeno ainda mais desperto, como brincadeiras que envolvem movimentação física e programas de televisão que deixam a criança agitada ou com medo. Entre as atividades relaxantes, estão tomar banho e ler um livro.

Colo

Um dos erros mais comuns é ninar o filho e deixá-lo adormecer no colo dos pais. As crianças devem dormir diretamente onde vão acordar, porque ao despertarem na madrugada, há grande chance de estranharem o berço e chamarem a pessoa que as fez dormir. O mais indicado é dar um beijo de boa-noite e levar a criança ainda acordada para o berço. Os pais deixam o quarto e, se ouvirem choro, voltam alguns minutos depois para que ela percebe que ninguém a abandonou. Aos poucos, o bebê se acalma e aprende a dormir sozinho.

Ninar pela casa

Nada de perambular com a criança pela casa no carrinho de bebê, colocar o bebê- conforto sobre a máquina de lavar ou passear de carro com o pretexto de fazer a criança dormir. Ela não precisa ser chacoalhada para pegar no sono. A dica é dar uma fraldinha ao seu filho, que ele se auto ninará.

Levar para dormir na cama dos pais

Se a criança acorda assustada ou chama pelos pais de madrugada, os adultos precisam dar atenção. Mas, no quarto dela. Isso porque ceder aos pedidos em um dia transmitirá a mensagem de que a criança pode insistir sempre. Se seu filho for direto para sua cama, você até pode deixá-lo ficar um pouquinho, mas leve-o de volta para o quarto dele quantas vezes forem necessárias. Compartilhar a cama com frequência atrapalha o sono da família, não incentiva a independência da criança e prejudica a intimidade do casal.

Luz acesa

É comum crianças terem medo do escuro, mas deixar a luz acesa altera a produção do hormônio melatonina, que induz o sono. Se seu filho estiver com medo, converse sobre os motivos da insegurança, explicando que não há razão para temer. Para acalmá-lo, deixe uma tomada de luz baixa, que ilumina o caminho, caso ele acorde de madrugada. Luz de cor azul tem efeito calmante. Para as crianças que não se importam, o melhor é apagar todas as luzes.

Deixar a TV ligada

Além de o som e a luz prejudicarem a qualidade do sono, ele precisa aprender a pegar no sono sozinho.

Dar comida de madrugada

Os médicos dizem que a alimentação durante a noite é uma das coisas que mais atrapalham o sono. Se a criança tem fome, os pais devem verificar se a alimentação no restante do dia ou na última mamada da noite está sendo suficiente.

Irritação

Nada de inventar situações negativas em relação ao sono, como bicho-papão. Ficar bravo ou irritado na hora de colocar os filhos para dormir também é ruim, pois eles começarão a associar esse momento a algo negativo.

Evitar as sonecas diurnas para melhorar o sono da noite

As sonecas diurnas são necessárias até um período da vida da criança. Normalmente, esse sono se divide em duas etapas: de manhã e depois do almoço. À medida que seu filho cresce, a necessidade de dormir enquanto o sol está no céu diminui.


Fontes: Gustavo Moreira, pediatra do Hospital Israelita Albert Einstein (SP); Márcia Hallinan, neuropediatra e coordenadora do setor infantil do Instituto do Sono (SP); Renata Soifer Kraiser, psicóloga; Alaides Olmos, neurologista especialista em sono do Hospital Pequeno Príncipe (PR); Jodi Mindell, diretora-associada do centro do sono no Hospital infantil da Filadélfia e da National Sleep Foundation (EUA) 

quinta-feira, 19 de março de 2015

O que significa dizer que uma pessoa é assertiva?

"A assertividade ou autoafirmação é um processo de aprendizado que se inicia na infância"


Costumamos dizer que uma pessoa é assertiva quando ela é capaz de assegurar com firmeza e decisão aquilo que diz e faz. A assertividade pode ser equiparada à autoafirmação e a segurança em si mesma.
O indivíduo assertivo tem uma consciência clara de quais são seus direitos, os faz valer e não permite que sejam violados.

Por outro lado, o indivíduo pouco ou nada assertivo não tem muito claro onde terminam seus direitos e onde começam os do próximo, e por isso cede terreno e se deixa manipular pelos demais. Não confiando em suas próprias forças ele geralmente não luta, se sente derrotado por antecipação, foge das discussões convencido de seu fracasso, sentindo-se débil frente aos outros. Tende a estancar-se na vida por temor ao risco que implica uma mudança e chega a acomodar-se às situações mais incômodas para não se expor.

No trabalho pessoas pouco assertivas costumam, via de regra, serem exploradas por chefes e companheiros, assumindo tarefas e obrigações que não lhe concernem. Tudo isso por medo de enfrentá-los, reivindicando o mínimo que seja. No terreno afetivo costumam ser vítimas de chantagens contínuas. Seu maior medo é não serem queridas e, na ilusão de manterem o afeto alheio, se deixam manipular com grande facilidade.

A assertividade ou autoafirmação é um processo de aprendizado que se inicia na infância: a criança recebe a segurança através de seus pais ou protetores. São eles que decidem o que ela deve ou não fazer, delimitando seus direitos e obrigações e, ao mesmo tempo, protegendo-a dos perigos externos. Quando educada adequadamente, a criança aprende a renunciar a alguns de seus desejos, percebendo de que nem tudo no mundo lhe pertence e que deve respeitar os outros. Aprende também estimar e defender o que é seu como algo merecido. Ela poderá então ser preparada para tomar decisões próprias e ser consequente em seus atos.

Uma educação repressiva, que não lhe proporcione oportunidades, a faz crescer em um clima de medos e indecisões, podendo converter-se em um adulto ancorado na infância, que necessita constantemente de um protetor para resolver seus problemas e que acaba anulando seus próprios direitos, em virtude de não exercê-los.

A superproteção da criança também é prejudicial, pois é preciso que ela aprenda com seus erros para corrigir sua conduta e possa perceber os perigos que a cercam por experiência própria. Isso com uma adequada supervisão de seus educadores, para que tal experiência não seja excessivamente perigosa.

O desenvolvimento da assertividade começa na convivência no seio familiar e se prolonga durante os anos escolares, onde a criança deve aprender a defender seus direitos frente a companheiros e amigos. Isso lhe permitirá chegar firme à adolescência, habilitada a impor sua personalidade quando for necessário. Caso contrário, adotará frequentemente alguma postura negativa, como isolamento social, convertendo-se em um ser solitário e incapaz de relacionar-se com os outros por puro medo, ou buscará refúgio no grupo, perdendo sua identidade e critérios próprios dentro do "rebanho".

quinta-feira, 12 de março de 2015

Quando a licença-maternidade acaba


A volta da licença-maternidade dá frio na barriga e gera ansiedade. Algumas mães não conseguem mais se imaginar longe do filho. Outras sentem falta do trabalho. Mas o que a maioria tem em comum é a dúvida: como vai ser daqui pra frente? Será que vai dar certo voltar a trabalhar? 

No meio do impasse, uma boa decisão é voltar. Para experimentar e ver no que vai dar. Às vezes, a gente cria um monstro na cabeça, acha que vai dar tudo errado e depois vê que estava completamente enganada. Pode ser também que você veja que o seu trabalho não é mais o que combina com sua nova vida. Porém, pelo menos, você foi lá, testou e então pôde tomar uma decisão consciente.

Com quem deixar o bebê? Nessa hora, melhor não seguir o que deu certo com as amigas, mas sim o que cai bem no seu coração. Deixe com quem você se sentir mais confortável e segura. Afinal, é bem provável que fique preocupada com o bebê durante o dia fora, mas se não estiver segura da sua escolha, essa preocupação vai pesar mais.

Se eu puder dar um último pitaco...

Sugiro evitar o fantasma da culpa (como se fosse fácil, mas vai lá e tenta!), que muitas vezes é um reflexo daquela vontade de ser uma mãe onipresente e perfeita.

Você vai descobrir que nossos filhos precisam da mãe, mas também podem criar laços e se relacionar com outras pessoas. O vínculo com você não se quebra com a volta ao trabalho. Aliás, vínculo com a mãe é forte demais para ser quebrado!

Você já percebeu que sua vida se transformou desde o momento que o seu filho nasceu. E esse é só o começo. A boa notícia é que você vai se tornar uma pessoa melhor - e até mesmo uma profissional melhor. Porque a maternidade é de fato uma das oportunidades mais bacanas de a gente se tornar uma pessoa melhor.

Começa assim, com você aceitando os desafios para ser mãe nessa vida moderna em que a gente quer um pouco de tudo. Vai dar tudo certo. E você vai achar o seu jeito de fazer. Com amor, sempre dá certo!

quinta-feira, 5 de março de 2015

Mãe deve dar espaço e valorizar a forma como o pai cuida do bebê



Após o parto, a mulher entra em um processo chamado de identificação primária e vai ficando cada vez mais sensível às necessidades do filho. O processo é tão intenso que muitas mães também se mostram apreensivas e resistem a deixar o bebê aos cuidados de outras pessoas, ainda que a oferta de apoio venha do pai da criança.

Boa parte da insegurança materna é fruto do desejo de prosseguir sentindo-se indispensável para esse ser pequenino. Mas a participação paterna é tão importante para o bebê quanto para a mãe que, menos sobrecarregada, pode aproveitar melhor esse novo estágio da vida em família.

O pai tem um papel específico e importante nesse primeiro momento de vida de seu filho, que consiste em sustentar emocionalmente a mulher.

O desgaste físico do pós-parto soma-se ao cansaço ocasionado pelos cuidados constantes com o bebê. É o suficiente para que a mãe acabe se esquecendo de si mesma, do marido e do resto da família. Aos poucos, essa situação pode se tornar estressante demais. Resultado: a disposição cai e os relacionamentos –com o bebê e o parceiro– ficam altamente prejudicados.

Fora isso, a volta ao trabalho é uma realidade para a maioria das mulheres. E o processo de retomada da vida profissional será mais fácil à medida que a mãe perceber que pode contar com uma rede de apoio, com pessoas que saberão cuidar do bebê quando ela precisar se ausentar, incluindo o pai.

Se o bebê se acostuma com os pais cuidando alternadamente dele, além de se sentir mais seguro, terá melhor qualidade de vida, principalmente no que diz respeito aos aspectos emocionais.

Para colher os benefícios para si e para o bebê, o primeiro passo é a mãe adquirir consciência dos próprios limites e valorizar a capacidade do pai –mesmo o de primeira viagem– de oferecer todo tipo de cuidado e atenção necessários à criança.

Se a mãe faz parecerem muito complicados os cuidados com o recém-nascido, não reconhece as habilidades do pai e ainda banca a supermãe, nenhum homem em sã consciência vai se aventurar a participar desse momento.

Nesse caso, os prejuízos serão significativos, de acordo com a profissional. Perde-se a possibilidade de estreitamento de vínculo entre pai e filho; a oportunidade de o casal desenvolver cuidados familiares juntos, o que fortalece a relação a dois; e a melhoria do equilíbrio emocional da mulher, como pessoa, mulher e mãe.
Divisão de tarefas

Evitar tantas consequências negativas é possível, mas, para isso, é fundamental que o casal se acostume a dividir todas as experiências relacionadas ao filho, desde a gestação. Já nessa fase é importante que os futuros pais conversem a respeito de suas expectativas, medos e das mudanças que a criança vai trazer à rotina do casal.

Discutir as necessidades do bebê, como pretendem se organizar para supri-las e qual a disponibilidade emocional e prática de cada um é essencial para garantir que o filho tenha bases sólidas para o seu desenvolvimento físico e psíquico.

O pai pode participar de todo o pré-natal, acompanhando a mulher em consultas sempre que possível e cuidando do bem-estar dela. Delegar certas tarefas ao pai, antes mesmo do nascimento do bebê, como pintar o quarto ou montar algum móvel, é algo extremamente positivo. Iniciativas como essa contribuem para o desenvolvimento da paternidade e ajudam a aproximar ainda mais a família.

Após o nascimento do bebê, o pai também pode auxiliar nas mais variadas tarefas, muito além da troca de roupa e de fralda. Ele pode dar banho, preparar o bebê para mamar, pode fazê-lo arrotar ou niná-lo quando acordar no meio da madrugada, poupando a mãe. No início, a mulher pode acompanhar o pai nesses cuidados. Com o tempo e a partir da parceria e do diálogo, a insegurança materna tende a diminuir.

A principal recomendação é evitar críticas exacerbadas à maneira como o pai executa as suas tarefas de rotina. O homem aprenderá mais se a mulher dividir com ele as descobertas sobre o bebê e se indicar o que já percebeu que o filho gosta, por exemplo, o jeito de ser manipulado no banho ou na hora em que precisa conciliar o sono e não consegue.

Todo mundo precisa de um modelo e de muito treino para adquirir autoconfiança em uma situação nova. E, nesse meio tempo, muitas fraldas ficarão mais ou menos mal colocadas. Mas se o ambiente entre os pais for afetuoso e a criança receber atenção e carinho, ela certamente não terá do que reclamar.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Grupo de Mulheres e suas Relações Co-Dependentes

Ainda não se inscreveu?


Estamos prorrogando o período de inscrições até o final do mês e início do curso, em Abril. Aproveite!

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Cicatrizes na adolescência


As exigências e pressões constantes, decorrentes da sociedade contemporânea, refletem-se no aumento do stress psicológico nos adolescentes, que, a par de uma história de tristeza intensa e prolongada, de alterações no sono e no apetite, falta de esperança na vida e nos outros, pode culminar no desencadeamento de comportamentos autodestrutivos. A adolescência é um período primordial de risco para o desenvolvimento desses comportamentos.

Estudos indicam que a automutilação (um tipo de comportamento destrutivo) nos adolescentes é uma tentativa de estes minorarem a dor psicológica, mediante o provocar da dor física. A agressão ao seu próprio corpo através de cortes, queimaduras, entre outros, ocorre frequentemente após a vivência de uma emoção forte que o adolescente não consegue gerir de forma ajustada, usando este meio como forma de controlo das suas emoções. É como se, ao automutilar-se, a dor psicológica, por vezes insuportável, seja menos dolorosa. A automutilação é, na maior parte das vezes, vivida longe de tudo e de todos, em espaços como o quarto ou a casa de banho, que habitualmente os adolescentes consideram como sendo seguros e isolados de possíveis olhares.

Nem sempre é fácil descobrir que o adolescente se automutila, dado que tenta esconder as lesões, por vergonha e medo de revelar o que faz. Contudo, no caso de se dar a descoberta, é importante que se valorize o que se está a passar, ainda que este tema seja difícil de abordar pelos pais. Com a ajuda das novas tecnologias surgem com frequência notícias sobre estes comportamentos, e que podem ser utilizadas para perceberem a opinião dos vossos filhos sobre este problema, para demonstrarem compreensão e respeito pelo sofrimento dos jovens e mostrarem que é necessária a intervenção de médicos, psicólogos ou pedopsiquiatras no sentido de ajudarem a ultrapassar o problema, para o qual existe solução. Coloque-se no lugar do adolescente para o entender, sem criticar, promovendo uma maior proximidade e sentimento de segurança nele. E esteja atento a este problema que afeta tantos adolescentes na nossa sociedade, nunca se sabe: um deles pode estar mesmo ao seu lado.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Medo de envelhecer pode ser um problema; entenda a gerontofobia



O envelhecimento faz parte do desenvolvimento do ser humano. Porém, para algumas pessoas, estar perto de idosos ou identificar em si mesmo marcas de que o tempo está passando –como rugas– pode ser assustador. A gerontofobia caracteriza a rejeição à velhice e, consequentemente, aos que que estão passando por ela.

De acordo com Marcos Paulo Betinardi, psiquiatra do Instituto Abuchaim, em Porto Alegre (RS), os motivos que levam a essa recusa variam muito, já que dependem das experiências do indivíduo com a velhice e de como o idoso é tratado por quem está a sua volta ao longo dos anos.

A psicanalista e membro da SBPRJ (Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro) Maria Cristina Amendoeira cita o romance "O Retrato de Dorian Gray" (1890), de Oscar Wilde, para explicar esse temor: na história, um retrato do protagonista "envelhece", enquanto o próprio Dorian Gray se mantém jovem."Um dos temores do ser humano é a morte, e a velhice é um prenúncio dela. Ao ver esse estágio da vida se aproximar, a pessoa percebe que há finitude e começa a negá-la, tentando não deixar que isso aconteça com ela, seja com exercícios físicos ou cirurgias plásticas, por exemplo", diz. 

Ainda, sem registro no CID-10 (Classificação Internacional das Doenças), a gerontofobia não é considerada diagnóstico. No entanto, é possível percebê-la na conduta do indivíduo.
É colocada como fobia porque é um medo excessivo e desproporcional ao risco oferecido por tal coisa. No caso, o envelhecimento. Pessoas que discriminam idosos, que estão preocupadas demais com a aparência, adultos que se comportam como jovens são exemplos. É claro que não podemos generalizar, pois um conjunto de fatores é que vai determinar se o que você tem é gerontofobia ou não.

Não existe uma idade para despertar esse sentimento, que é inconsciente. Mas, a partir de certos momentos, quando começa-se a perder pessoas próximas ou mesmo quando nota-se os próprios pais envelhecerem, e isso significa o próprio envelhecimento.  É o fim da ilusão de que a vida é eterna. Muitas pessoas não sabem lidar com as mudanças que cada fase traz, começam a pensar de forma fixa em como será a sua velhice, e é aí que está o problema.

Apesar de não existir uma idade certa para a fobia se manifestar, alguns acontecimentos podem influenciar.

Mulheres que estão perto dos 30 anos e ainda não casaram ou tiveram filhos começam a se achar velhas. Já para os homens, esse sentimento vem pelo lado profissional, quando não conseguem o status desejado. O que as pessoas precisam entender é que o que conta é o estado de espírito de cada um. Precisamos nos sentir ativos, sempre com algo a oferecer e compartilhar, seja com 30, 60 ou 90 anos.

Assim como a maioria dos traumas e doenças psicológicas, o medo de envelhecer também só é caracterizado como um problema quando existe prejuízo psicossocial progressivo. Ou seja, quando a preocupação em ficar velho atrapalha a vida e prejudica o indivíduo.

Segundo os especialistas, o estigma ligado às pessoas mais velhas está diretamente relacionado à gerontofobia. "Basta observar como os idosos são tratados nas diversas partes do mundo. No oriente ou em tribos indígenas, por exemplo, são sábios; já no ocidente, são vistos como pessoas que dão trabalho, lentas...Isso tudo gera recusa porque ninguém que passar por isso", diz Betinardi.

Diante de um cenário de medo de chegar à terceira idade, é preciso observar que, além de ser uma etapa do ciclo da vida, entrar na velhice traz mudanças, assim como qualquer outra passagem, como, por exemplo, da infância para adolescência, e assim por diante.

"A primeira vantagem que devemos perceber é que se chegamos à velhice, é porque estamos vivos. Todos os momentos de passagem têm coisas boas e ruins. O envelhecimento traz questões para serem vividas, afinal, você, muitas vezes, abre mão de espaço no trabalho para pessoas mais jovens, aprende a valorizar outros aspectos mais nobres do dia a dia e a cultivar mais as relações afetivas. E tudo isso só traz qualidade de vida", fala Maria Cristina. "É preciso saber envelhecer", completa.
Não deixar esse medo chegar

O conselho é não pular fases da vida. Com isso, você evita a angústia de sentir saudade de algo que não viveu.

Se você não vive plenamente cada momento, pode querer retornar e desenvolver um medo por não conseguir, afinal, aquele tempo já passou.

Para tratar a gerontofobia, não existe remédio. A terapia ajuda, mas existem ações práticas para entender e ver esse temor longe de você.

"Envelhecer não significa adoecer. Desde cedo, é preciso colocar crianças e jovens em convívio com as outras idades para perceberem que é uma coisa natural. Muitos jovens vivem como se nunca fossem ficar velhos. Essa convivência com as outras gerações também mantém o idoso ligado aos acontecimentos atuais e faz parte de um envelhecimento sadio", explica Maria Cristina.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Estudo relaciona qualidade do sono e depressão infantil


A análise dos transtornos do sono pode ser uma forma eficaz de detectar precocemente a depressão na infância, caracterizada por tristeza, ansiedade, pessimismo, mudanças no hábito alimentar e no sono, fraqueza, dores, tonturas e mal-estar geral, ou mesmo irritação, agressividade, hiperatividade e rebeldia. É o que atesta um estudo realizado no Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que revelou que pelo menos 75% dos pacientes com depressão apresentavam perturbações do sono.

O estudo – que ganhou o prêmio de melhor trabalho científico no VI Congresso Paulista de Neurologia e Psiquiatria Infantil – envolveu 40 crianças com idade entre 6 e 12 anos, diagnosticadas no Hospital das Clínicas por meio de entrevista e análise dos sintomas, e encaminhadas para o Instituto do Sono da Unifesp.

A pesquisadora Maria Cecília Lopes Conceição conseguiu provar que, assim como nos adultos com depressão, a fase do sono correspondente ao Movimento Rápido dos Olhos (REM) também chega mais rápida nas crianças com depressão. O sono é divido em duas fases: Sono Sem Movimentos Oculares Rápidos (NREM), que é o sono mais leve e é subdividido em quatro fases, e uma fase de Sono com Movimentos Oculares Rápidos (REM), que é mais profundo. É nesse estágio que ocorrem os sonhos. Esse processo todo se repete por três ou quatro vezes.

A duração dos ciclos NREM-REM é de 90 minutos. No caso das crianças deprimidas, o REM é atingido mais rapidamente e também apresenta duração mais curta do que em crianças saudáveis. “O REM é uma fase importante para a memória. Quem apresenta o distúrbio, pode ter, além da depressão, problemas de aprendizado”, disse a pesquisadora, acrescentando que o distúrbio também pode acarretar problemas orgânicos, como uma produção menor do hormônio do crescimento.

O trabalho foi pioneiro ao utilizar a polissonografia para detectar com precisão a depressão em crianças. Até o momento, a detecção da doença vinha sendo feita em consultório, por meio de entrevista com o paciente e da suspeita dos pais em relação a alterações comportamentais da criança. Com o exame polissonográfico é possível medir todas as contrações musculares e alterações neurofisiológicas que ocorrem durante os diversos estágios do sono.
FONTE: http://www.boasaude.com.br

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Reduzir a ansiedade às refeições



Grande parte das crianças, em alguma fase do seu desenvolvimento, recusam comer determinados alimentos. Tal como os adultos, também elas têm as suas preferências, contudo, o que geralmente acontece é que os alimentos mais saudáveis são aqueles que elas colocam na sua lista de “alimentos indesejados”. Apesar de ser comum, as crianças resistirem à ingestão de alguns alimentos, esta recusa alimentar pode constituir um problema.

Quando a restrição de alimentos é cada vez maior e não existe qualquer tipo de abertura à experiência e quando surgem queixas como, dores de barriga, vómitos e um mal-estar geral, pode significar que os momentos de refeição são encarados como situações desencadeadoras de grande ansiedade. Como tal, é importante perceber qual o motivo pelo qual a criança encara os momentos de refeição como algo stressante para ela. Poderá ser simplesmente porque lhes rouba algum tempo das suas brincadeiras, ou por outro lado, poderá estar associado a factores mais complexos.

O papel dos pais é fundamental neste processo de “luta pelos alimentos”, e uma das formas que poderá ajudar a criança a ultrapassar esta dificuldade com a comida, será por exemplo criar uma pequena história onde ela será envolvida.

Ela poderá ser um super-herói, ou soldado, que conquista alimentos, e que é reconhecido por todos, por ser um personagem forte, que luta contra as suas adversidades.

Para motivar a criança nesta conquista, poderá criar com ela um quadro com autocolantes a cada alimento conquistado, e assim que completar cada linha, terá direito a um prémio, como por exemplo, um jogo divertido em família, ou até a sua refeição preferida no final da semana.

Se os momentos de refeição lá em casa, são encarados pelo seu filho com alguma ansiedade, procure suavizar os momentos das refeições, com pequenas histórias e evite pressionar demasiado a criança. Tente combinar com ela pequenas recompensas e procure mostrar-lhe que os momentos de refeição fazem parte da rotina familiar, e que todos beneficiam desse momento único. É igualmente importante que a refeição seja igual (caso não haja nenhuma excepção) para todos os elementos da família, ainda que em doses diferenciadas.

Em situações, nas quais a recusa alimentar é predominante, e onde surgem queixas somáticas associadas, é aconselhável procurar ajuda junto de profissionais de saúde.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Como curar medos irracionais?

Medo de situações irreais podem trazer limitações ao dia a dia e devem ser tratados com ajuda de um psicólogo


Falar em medo é sempre algo muito particular, porque cada pessoa interage de maneira diversa as situações. No entanto, sempre que você sente medo, vale a pena fazer dois tipos de reflexão: 
  • Você sente medo de alguma coisa ou situação? Conhece alguém que sente?
  • Até que ponto seu medo é considerado normal?
Essas são perguntas básicas para que você possa começar a pensar sobre o tema. Mas, afinal, o que é o medo? 
 
O medo é um estado emocional que desperta atenção e o movimento de alerta para a consciência do perigo. É também uma preocupação, com foco no que pode vir a acontecer. A pessoa que sente medo tem temor de estar sendo ameaçado, que algo possa fazer-lhe mal. Esse sentimento é de ansiedade, receio, pavor e pânico, que de modo geral funciona como uma proteção. 
O medo não é só mental, no sentido de que ele, atinge a mente e o corpo. Uma vez experimentado esse estado de ansiedade forte e marcante, há respostas fisiológica no organismo: liberação de hormônios ligados ao estresse (adrenalina e cortisol) com o objetivo de proteção, preparando o indivíduo para lutar ou fugir. 

Então, o que faz uma pessoa sentir medo e outra não?

As diferentes respostas estão na percepção e aprendizado de cada um. Se uma pessoa foi criada, por exemplo, numa fazenda, tende a interagir melhor com animais do que aquela que foi criada numa cidade grande sem contato com bichos. Ou seja, a repetição da exposição da pessoa a determinado estímulo pode mudar conforme a vivência e isso muda o despertar do medo. 
Mas isso é uma parte. O medo também vem de uma situação negativa real vivida. Ou seja, se uma pessoa teve uma situação ruim, por exemplo, com animais, pode sentir medo, mesmo tendo vivido toda a vida numa fazenda. Além de uma situação negativa, pode acontecer também uma situação um pouco mais forte, considerada traumática, experiência realmente ruim que marca a pessoa, de tal forma, que se cria uma memoria forte e pesada sobre o tema, e tudo que se relaciona a isso será sentido como ameaçador, causando mal estar. 
O medo também está ligado ao aprendizado de outras pessoas. Se alguém vê uma pessoa sofrendo numa situação, pode fantasiar e sentir medo imaginando o que a outra viveu e passou.
Com isso, uma das coisas que se pode afirmar sobre medo é um alto grau de fantasia e imaginação. Além disso, outro ponto para se pensar, é o foco de atenção. Onde está sua atenção ao sentir medo? E onde esta sua atenção ao não sentir medo? O que pensa sobre isso? 

Existe medo racional e irracional?

Medo é medo. Não há distinção entre racional e irracional. O que se pode entender é que algumas situações devem ser evitadas, porque de fato são perigosas, mas essas não são aquelas que limitam a vida das pessoas. Afinal, um dos grandes problemas do medo é deixar de viver a vida de forma saudável para evitar o medo a qualquer custo. 
No livro "O Segredo para Vencer o Medo" (Ed. Universo dos Livros, 2011) você pode encontrar varias maneiras de cura do medo, segue algumas ideias sobre o tema: 
  • Dessensibilização: você pode quantificar através de uma escala de medo, por exemplo, dando uma nota de 0-10, ou seja, do mais leve medo ao mais forte pavor. E repetir a quantificação a cada etapa de aproximação do objeto fóbico. E você pode, também, progressivamente, passo a passo enfrentando o medo sem pressa, atuando no seu tempo e ritmo. Com isso, há uma mudança e atenção permanente no processo de cura e ressignificação dos estímulos antes de medo para a evolução da neutralidade e bem estar
  • Planejamento: criar uma estratégia para interagir gradualmente com aquilo que gera medo
  • Aprendizado com outra pessoas: observar como as pessoas que não tem medo lidam com a mesma situação e aprender com elas
  • Relaxamento corporal e mental: diminuir a ansiedade através de relaxamento corporal e respiração lenta e profunda.
As sessões de hipnose, programação neurolinguística (PNL), coaching de vida e EMDR são excelentes formas de cura e bem-estar. 
Agora que você tem as informações acima, pode começar a trabalhar sobre seu medo ou ajudar alguém que você conhece que sente. Procure um profissional qualificado para lhe orientar no melhor caminho para você de cura e liberdade. 

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Pesquisadores encontram ligação entre sonhos lúcidos e autorreflexão


A capacidade de controlar o que acontece nos sonhos é algo que soa muito agradável, tanto que há diversas páginas de informações online que ajudam os indivíduos a alcançar esse estado curioso, conhecido como sonho lúcido. Apesar de ser um fenômeno bem reconhecido, ainda sabemos muito pouco sobre ele e por que algumas pessoas parecem passar por isso mais frequentemente do que outras.

Agora, um novo estudo realizado por cientistas do Instituto Max Planck tem oferecido uma visão diferente sobre o assunto, com a constatação de que uma determinada região do cérebro é maior em sonhadores lúcidos. Tal região é conhecida por estar envolvida na autorreflexão. Segundo os pesquisadores, isso pode significar que quem passa por esta experiência é melhor em autorreflexão quando acordado.

“Nossos resultados indicam que a autorreflexão na vida cotidiana é mais pronunciada em pessoas que podem facilmente controlar os seus sonhos”, declarou a autora, Elisa Filevich.

Durante um sonho lúcido, os indivíduos estão conscientes de que estão sonhando, mas não deixam o estado de sono. Algumas pessoas são até mesmo capazes de controlar o que está acontecendo nesse mundo irreal, o que lhes permite sonhar com qualquer coisa que desejarem. Embora o sonho lúcido seja mal compreendido, estudos têm mostrado que os sonhadores lúcidos frequentes demonstram maior conhecimento na vida cotidiana do que sonhadores inconscientes.

Algumas pessoas também relataram que a autorreflexão é mais pronunciada em sonhos lúcidos, razão pela qual alguns cientistas acreditam que o fenômeno pode estar ligado à metacognição – ou pensar sobre o pensar. No entanto, ninguém tinha explorado antes as relações entre o sonho lúcido e o monitoramento de pensamento ao nível neural, que é o que o estudo atual fez.

Para a investigação, os cientistas pediram aos participantes que preenchessem um questionário para examinar sua capacidade de sonho lúcido, e depois os dividiram em grupos dependendo da frequência com que faziam isso. Exames de ressonância magnética estruturais e funcionais foram tirados de todos os voluntários, que foram então comparados pelos pesquisadores.

Conforme descrito no “The Journal of Neuroscience”, as imagens do cérebro revelaram que, em comparação com aqueles dentro do grupo com poucos sonhos lúcidos, os sonhadores lúcidos mais frequentes tinham um maior volume em uma região do cérebro chamada de córtex pré-frontal anterior. Esta área está envolvida no controle dos processos cognitivos conscientes e também desempenha um papel na nossa capacidade de autorreflexão. Paralelamente a esta aparente mudança na estrutura do cérebro, os pesquisadores também observaram diferenças na função cerebral. Eles descobriram que aqueles no grupo altamente lúcido exibiam mais atividade nesta região do cérebro durante testes de metacognição, ou monitoramento de pensamento, enquanto acordados.

De acordo com os pesquisadores, estes resultados sugerem uma relação entre a metacognição, especialmente o controle do pensamento, e os sonhos lúcidos, e que essas duas habilidades compartilham redes neurais.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Ataques de pânico: o que fazer durante uma crise de ansiedade?

Algumas atitudes e pensamentos podem ajudar o paciente durante o ataque


Os ataques de pânico são mais frequentes em pessoas portadoras de transtornos de ansiedade, como a síndrome do pânico e o transtorno de ansiedade generalizada, pois o pânico pode ser compreendido como um levar a ansiedade a limites extremos. Se fizermos uma pequena reflexão, a ansiedade também está relacionada com a antecipação de eventos que irão acontecer, principalmente com a possibilidade de "resultados ruins acontecerem" com o medo das coisas darem errado. Há então uma íntima relação entre ansiedade e pânico.
A frequência dos ataques de pânico irá depender de inúmeras variáveis, que didaticamente podemos reduzir a situações de ameaça: ameaças externas à integridade do indivíduo e ameaças internas (orgânicas, não raro desconhecidas ou não percebidas pelo paciente). 
 
O pânico ocorre principalmente em pessoas de 14 a 45 anos e é mais frequente em mulheres do que homens, em uma proporção de 2 para 1. Produz grau elevado de incapacitação. 90% dos pacientes com pânico acreditam terem uma doença física na seguinte distribuição: 
O pânico ocorre principalmente em pessoas de 14 a 45 anos e é mais frequente em mulheres do que homens, em uma proporção de 2 para 1. Produz grau elevado de incapacitação. 90% dos pacientes com pânico acreditam terem uma doença física na seguinte distribuição: 
  • 10% queixas gastrointestinais
  • 15% desordens vestibulares, como vertigens e labirintoses
  • 16% queixas cardiológicas
  • 35% queixas de hiperventilação
  • 30% queixas psíquicas.

O que fazer quando percebe que está tendo um ataque de pânico?

É muito importante não tentar lutar contra o pânico, pois este não é um mecanismo consciente, ele é decorrente de mecanismos automáticos cerebrais localizados em regiões automáticas ou não conscientes. Faz parte de um complexo sistema de defesa do organismo. 
Mas a pessoa pode tomar algumas ações: 
  • Recorrer a técnicas de relaxamento, como meditação ou preces, por exemplo
  • Usar qualquer técnica de distração como uma conversa suave, música suave, palavras que acalmem, massagem em regiões do corpo que produzem relaxamento
  • Controlar da respiração.
O controle da respiração, principalmente, é muito importante: inspirar lentamente e expirar lentamente, sem pressa. Em seguida, é recomendado o relaxamento de grupos musculares mais tensos (ir relaxando a face, a nuca e pescoço, os ombros, os braços, o tórax e assim sucessivamente). Um terceiro passo seria acomodar-se em local agradável, bem ventilado com vista o mais aberta possível e evitar locais fechados e abafados, afrouxar as roupas, sentir-se o mais confortável possível. 
Além disso, os pensamentos no momento do ataque são muito importantes. A matriz do pânico é o medo, e um medo incontrolável. Só quem já passou por um ataque de pânico entende o que estou escrevendo. É difícil conter esses pensamentos, por isso escrevemos todas as medidas anteriores para evitar os piores pensamentos. Dentre os piores temos o medo de morrer, o medo de perder o controle, a certeza de que algo muito ruim realmente irá acontecer, a certeza de que realmente estou muito doente e ninguém descobre ou me leva a sério, pois as sensações são reais. 
Os pensamentos que devem ser priorizados nesses momento são aqueles que nos afastam do medo: a certeza lógica que é só uma ataque de pânico do qual não tenho controle, mas que irá passar; a fé de que nada me acontecerá de mal, a coragem para enfrentar situações adversas ("já passei por coisas piores e sobrevivi, vou sobreviver a esta também" - novamente a lógica tentando se impor sobre o "tsunami" ilógico do medo); tentar não ter medo do medo, e sim aprender com o medo. O medo existe para nos defender de algo e não para nos escravizar. O medo é nosso aliado e não nosso inimigo. 
Quero acrescentar que essas são medidas imediatas e paliativas, até que a pessoa possa procurar um especialista competente, pois somente com o uso de medicamentos especializados pode-se tratar adequadamente uma síndrome de pânico. 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Leite materno varia com o sexo do bebê

Macacas produzem leites diferentes para filhotes machos e fêmeas: essa descoberta pode ajudar a explicar as variações no leite materno humano, dizem os pesquisadores


“Machos e fêmeas respondem de forma diferente ao cortisol, um hormônio encontrado no leite materno, mas não nas fórmulas infantis”, afirma Katie Hinde, do Departamento de Evolução Humana da Universidade de Harvard, durante um encontro da Associação Americana para o Avanço da Ciência, realizado em Chicago na semana passada.

“Há uma crença generalizada de que o leite é padronizado. No entanto, há evidências de que as mães produzem diferentes receitas biológicas para filhos e filhas, e a dimensão de seus efeitos varia ao longo da vida reprodutiva”, acrescenta.

O teor de cálcio, por exemplo, é mais elevado no leite materno oferecido às meninas. Os poucos estudos que analisaram as variações com base no sexo do bebê tendem a destacar o teor de cada nutriente – como gordura, proteína, açúcar, cálcio etc –, mas não consideram a produção de leite em geral, o que afeta as concentrações. As fórmulas podem copiar os ingredientes do leite, mas não seu conteúdo hormonal, ressalta Hinde.

Não há dados sobre as variações do leite materno no caso de gêmeos de sexos diferentes, acrescenta a pesquisadora. Estudos que analisaram 1,4 milhão de vacas também comprovaram que as mães que esperam fêmeas produzem mais leite.

A pesquisa pode ajudar a aumentar a compatibilidade entre doadoras de leite materno e bebês em UTIs neonatais, e também entre doadores de sangue e medula óssea e seus destinatários, diz Hinde. “Se pudermos entender melhor como o leite é personalizado para crianças específicas, isso facilitaria a compatibilidade entre doadores e receptores”, conclui.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Os pais modernos estão fazendo um péssimo trabalho?


Quem nunca ouviu falar (ou mesmo disse) que os pais de hoje são muito desleixados, deixam os filhos fazer o que quiserem, não os educam direito, ou até que são muito controladores e não deixam os filhos fazer nada, transformando-os em rebeldes enrustidos?

A resposta é: todo mundo. Mas qual a verdade por trás disso? Os pais de hoje são piores que os pais de ontem? A paternidade mudou de alguma forma?

Mudou, para melhor

Um estudo de 2012 com milhares de adolescentes ingleses entrevistou os participantes em 1986 e novamente em 2006 para determinar a medida em que as relações pai-filho tinham mudado ao longo de 20 anos.

O resultado mostrou que o controle parental do comportamento dos jovens e o tempo de qualidade que eles passaram juntos aumentaram de 1986 a 2006. Os pais, em 2006, também esperavam mais de seus filhos do que em 1986, incluindo a expectativa de que fossem educados.

Esses resultados confirmam estudos anteriores que também analisaram padrões parentais através de gerações e descobriram que as mães e os pais tendiam a gastar uma maior quantidade de tempo em atividades relacionadas com o cuidado da criança na década de 1990 do que na década de 1960.

A ciência de uma educação melhor

A principal tendência que diferencia os pais de hoje é o apetite por provas de que suas decisões como criadores são as melhores possíveis. Eles investem tempo pesquisando se vacinas funcionam, se há evidências de que “amamentar é melhor”, se tal marca de assento de carro é superior que outra, se certos brinquedos são adequados ao desenvolvimento etc.

E evidências das melhores formas de criar os filhos temos de monte.

Anos de pesquisa experimental estão agora convergindo para uma conclusão muito simples: a nossa forma de educar nossas crianças tem um profundo efeito sobre como elas se desenvolvem e passam a contribuir para a sociedade.

Relações familiares têm um impacto sobre a capacidade cognitiva do indivíduo, suas habilidades social e emocional, sua saúde e bem-estar e até seu envolvimento no crime e abuso de substâncias.

Pesquisas recentes também demonstraram como diferentes estilos e estratégias de paternidade influenciam o desenvolvimento do cérebro.

Pais controladores e bravos reduzem o comprimento dos telômeros no cérebro de seus filhos, um biomarcador para o estresse crônico.

Outro estudo demonstrou que, mesmo em ambientes de pobreza, alterar a maneira como cuidamos de nossos filhos pode ajudar a aliviar alguns dos efeitos adversos dessa desvantagem financeira e promover um melhor desenvolvimento do cérebro das crianças.

Em geral, a ciência descobriu que uma habilidade fundamental que os pais podem ensinar aos filhos é o autocontrole. É uma habilidade que nos permite concentrar em tarefas e cuidar de nós mesmos. A importância dela é tão grande que pode ser prevista aos 3 anos. Crianças dessa idade com mais autocontrole tinham, aos 32 anos, mais saúde física, menos dependência de substâncias, maior bem-estar financeiro e menor envolvimento em crimes.

FONTE: Hypescience.com

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Solidão já é considerada uma epidemia moderna


Nas últimas décadas, o isolamento social tem sido reconhecido como um grande risco para a nossa saúde e longevidade. É duas vezes pior do que ser obeso e quase tão ruim quanto fumar. O número crescente de pessoas que dizem são afetadas, em uma ampla gama de idades, é surpreendente, levando facilmente o título de epidemia. Contudo, os mecanismos óbvios – como a autonegligência – não explicam o quadro geral. Então, o que mais está acontecendo?
Para responder a esta questão, é importante notar que você pode sofrer os efeitos nocivos da solidão, mesmo que não seja socialmente isolado. Ela é, essencialmente, um estado emocional, e reconhecer o papel do cérebro neste processo é vital para entender muito do dano que pode ser causado por este mal.O comediante Robin Williams fez uma observação notável em 2009: “Eu costumava pensar que a pior coisa na vida era acabar totalmente sozinho. Não é. A pior coisa na vida é acabar com pessoas que fazem você se sentir sozinho”.
O acompanhamento de grandes grupos ao longo do tempo indica que o isolamento social percebido tem seu próprio risco de morbidade e mortalidade, independente do isolamento social real. Mas o que poderia trazer este efeito surpreendente?

Segurança em números

A percepção de isolamento – de estar na periferia social – não é apenas uma causa de infelicidade, mas também sinaliza um perigo. Os peixes evoluíram para nadar até o meio do seu grupo quando predadores se aproximam, ratos alojados em isolamento social apresentam interrupções no sono e redução nas ondas lentas do sono e, quando isolados de seus parceiros e colocados em campo aberto, arganazes da pradaria (um tipo de roedor nativo da América do Norte) exploram menos os arredores e se concentram na evasão de predadores.Esses comportamentos refletem uma maior ênfase na autopreservação, quando no perímetro social. Por exemplo, os peixes na borda de um cardume são mais susceptíveis de serem atacados por predadores porque são mais fáceis de se isolar e caçar. Tais observações refletem um princípio mais geral, que em animais sociais o isolamento social percebido ativa respostas neurais, neuroendócrinas e comportamentais que promovem autopreservação a curto prazo. No entanto, estas respostas trazem um custo para a saúde e bem-estar a longo prazo.
A gama de efeitos neurais e comportamentais prejudiciais que vêm da noção de isolamento documentada em adultos incluem o aumento da ansiedade, hostilidade e isolamento social; fragmentação do sono e fadiga diurna; aumento da resistência vascular; expressão genética e imunidade alteradas; diminuição do controle de impulsos; aumento da negatividade e sintomas depressivos; e aumento do declínio e risco de demência cognitiva relacionada com a idade.

Um pouco menos solitário

Infelizmente, até hoje, as tentativas de reduzir a solidão tiveram um sucesso limitado. Uma meta-análise de diferentes estratégias estudadas em ensaios clínicos randomizados mostrou que elas tinham um efeito pouco significativo. Entre os quatro tipos de intervenções analisadas, a terapia de conversa que se concentrava em processos de pensamento inadequados – falta de autoestima, de perspectiva e uma ideia distorcida de quão confiáveis são os outros e como eles nos notam – teve o maior impacto. Treinamento de habilidades sociais, suporte social e aumento das oportunidades de contato social eram muito menos eficazes.Este resultado é consistente com a ideia de que a percepção de isolamento social ainda pode nos colocar no modo de autopreservação – uma resposta de tempos antigos, quando isolamento teria nos deixado muito vulneráveis ao ataque – o que pode levar a processos de pensamento prejudiciais e comportamento que está em desacordo com aquele que prospera em uma sociedade moderna.
Não existe um tratamento farmacológico para a solidão, ainda que essa possibilidade esteja sendo estudada em pesquisa animal. Dada a dimensão do problema, atualmente, a busca por melhores tratamentos de todos os tipos merece alta prioridade.