terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Pesquisadores encontram ligação entre sonhos lúcidos e autorreflexão


A capacidade de controlar o que acontece nos sonhos é algo que soa muito agradável, tanto que há diversas páginas de informações online que ajudam os indivíduos a alcançar esse estado curioso, conhecido como sonho lúcido. Apesar de ser um fenômeno bem reconhecido, ainda sabemos muito pouco sobre ele e por que algumas pessoas parecem passar por isso mais frequentemente do que outras.

Agora, um novo estudo realizado por cientistas do Instituto Max Planck tem oferecido uma visão diferente sobre o assunto, com a constatação de que uma determinada região do cérebro é maior em sonhadores lúcidos. Tal região é conhecida por estar envolvida na autorreflexão. Segundo os pesquisadores, isso pode significar que quem passa por esta experiência é melhor em autorreflexão quando acordado.

“Nossos resultados indicam que a autorreflexão na vida cotidiana é mais pronunciada em pessoas que podem facilmente controlar os seus sonhos”, declarou a autora, Elisa Filevich.

Durante um sonho lúcido, os indivíduos estão conscientes de que estão sonhando, mas não deixam o estado de sono. Algumas pessoas são até mesmo capazes de controlar o que está acontecendo nesse mundo irreal, o que lhes permite sonhar com qualquer coisa que desejarem. Embora o sonho lúcido seja mal compreendido, estudos têm mostrado que os sonhadores lúcidos frequentes demonstram maior conhecimento na vida cotidiana do que sonhadores inconscientes.

Algumas pessoas também relataram que a autorreflexão é mais pronunciada em sonhos lúcidos, razão pela qual alguns cientistas acreditam que o fenômeno pode estar ligado à metacognição – ou pensar sobre o pensar. No entanto, ninguém tinha explorado antes as relações entre o sonho lúcido e o monitoramento de pensamento ao nível neural, que é o que o estudo atual fez.

Para a investigação, os cientistas pediram aos participantes que preenchessem um questionário para examinar sua capacidade de sonho lúcido, e depois os dividiram em grupos dependendo da frequência com que faziam isso. Exames de ressonância magnética estruturais e funcionais foram tirados de todos os voluntários, que foram então comparados pelos pesquisadores.

Conforme descrito no “The Journal of Neuroscience”, as imagens do cérebro revelaram que, em comparação com aqueles dentro do grupo com poucos sonhos lúcidos, os sonhadores lúcidos mais frequentes tinham um maior volume em uma região do cérebro chamada de córtex pré-frontal anterior. Esta área está envolvida no controle dos processos cognitivos conscientes e também desempenha um papel na nossa capacidade de autorreflexão. Paralelamente a esta aparente mudança na estrutura do cérebro, os pesquisadores também observaram diferenças na função cerebral. Eles descobriram que aqueles no grupo altamente lúcido exibiam mais atividade nesta região do cérebro durante testes de metacognição, ou monitoramento de pensamento, enquanto acordados.

De acordo com os pesquisadores, estes resultados sugerem uma relação entre a metacognição, especialmente o controle do pensamento, e os sonhos lúcidos, e que essas duas habilidades compartilham redes neurais.

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