Evento no Hospital de Clínicas da UFRGS discutirá os riscos a que estão expostos os adolescentes
Quando se fala em comportamento de risco entre adolescentes, a primeira questão que vem à cabeça são os problemas relacionados à sexualidade, sexo desprotegido, DSTs e gravidez indesejada. Os jovens, porém, estão expostos a muito mais riscos do que se imagina: abuso de álcool e drogas, violência e até mesmo questões relacionadas à alimentação são alguns deles. A quantidade cada vez maior de informação disponível para os adolescentes pode, de acordo com especialistas, representar muito mais uma ameaça que uma aliada na prevenção desses riscos.
– O adolescente está exposto a uma quantidade tão grande de informação que pode acabar se atrapalhando. Ele sofre uma pressão da mídia por um desempenho social, físico, psicológico, social, sexual e cognitivo excelentes, melhor do que poderia e deveria ter – afirma o médico Ricardo Becker Feijó, chefe da unidade de adolescentes do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A relação entre controle e respeito à privacidade é o maior desafio enfrentado pelos pais para minimizar os riscos da imensidade de informações e conceitos que o adolescente acessa, mas muitas vezes não tem preparo para encarar sozinho. Essa dosagem, segundo Becker, pode ser feita, principalmente se houver diálogo e iniciar cedo.
– É importante que ele não inicie a adolescência sozinho nesse tipo de informação. Aos 12, 13 anos, os pais devem fazer um acordo: "você tem acesso, mas eu quero saber por onde tu andas", e uma vez por semana eles sentam juntos e fazem essa supervisão. Mas isso deve ser feito de forma combinada, não em segredo – explica.Para discutir esses comportamentos de risco, o Hospital de Clínicas reúne nesta quarta-feira especialistas nas áreas clínica, sexual e da psiquiatria para abordar a iniciação sexual e o comportamentos aditivos dos jovens. O foco do evento será na prevenção.
– A palavra-chave para evitar esse comportamento é a prevenção, e ela vai acontecer quando os pais tiverem uma proximidade e um canal de comunicação com o adolescente, quando eles derem espaço para que ele possa colocar suas dúvidas e angústias. Se isso não for feito, ele vai buscar essas respostas na rua – afirma o médico.
Entre os principais comportamentos de risco a que os adolescentes são expostos estão os que envolvem a sexualidade – comportamento promíscuo e atividade sexual desprotegida –, abuso de álcool e drogas – levando a conflitos pessoais e interpessoais, às vezes com violência, aumentando a chance de acidentes e agressões –, alterações do comportamento alimentar – bulimia, anorexia e obesidade –, além de violência, em que o jovem pode ser tanto vítima como agente.
– Como o comportamento de risco às vezes não é expresso pelo adolescente, os pais devem ficar atentos às alterações no desempenho diário, como isolamento, alterações de sono, apetite, energia, desempenho escolar. Tudo isso pode significar um alerta para comportamentos de risco – explica Becker.
– Identificado esse comportamento, é importante procurar um profissional de saúde que respeite o sigilo e individualidade do adolescente. Mas a palavra-chave ainda é a prevenção. Os pais devem ficar atentos para que as necessidades maiores possam ser resolvidas através do diálogo. A reabilitação é muito cara do ponto de vista individual e social – diz o médico.
O evento no Hospital de Clínica das UFRGS acontece na quarta-feira, das 11h30 às 12h30, no Anfiteatro Carlos César de Albuquerque. O evento é gratuito e não há necessidade de inscrições prévias. Mais informações pelo telefone (51) 3359-8090.
FONTE: zh.clicrbs.com.br
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