quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Ataques de pânico: o que fazer durante uma crise de ansiedade?

Algumas atitudes e pensamentos podem ajudar o paciente durante o ataque


Os ataques de pânico são mais frequentes em pessoas portadoras de transtornos de ansiedade, como a síndrome do pânico e o transtorno de ansiedade generalizada, pois o pânico pode ser compreendido como um levar a ansiedade a limites extremos. Se fizermos uma pequena reflexão, a ansiedade também está relacionada com a antecipação de eventos que irão acontecer, principalmente com a possibilidade de "resultados ruins acontecerem" com o medo das coisas darem errado. Há então uma íntima relação entre ansiedade e pânico.
A frequência dos ataques de pânico irá depender de inúmeras variáveis, que didaticamente podemos reduzir a situações de ameaça: ameaças externas à integridade do indivíduo e ameaças internas (orgânicas, não raro desconhecidas ou não percebidas pelo paciente). 
 
O pânico ocorre principalmente em pessoas de 14 a 45 anos e é mais frequente em mulheres do que homens, em uma proporção de 2 para 1. Produz grau elevado de incapacitação. 90% dos pacientes com pânico acreditam terem uma doença física na seguinte distribuição: 
O pânico ocorre principalmente em pessoas de 14 a 45 anos e é mais frequente em mulheres do que homens, em uma proporção de 2 para 1. Produz grau elevado de incapacitação. 90% dos pacientes com pânico acreditam terem uma doença física na seguinte distribuição: 
  • 10% queixas gastrointestinais
  • 15% desordens vestibulares, como vertigens e labirintoses
  • 16% queixas cardiológicas
  • 35% queixas de hiperventilação
  • 30% queixas psíquicas.

O que fazer quando percebe que está tendo um ataque de pânico?

É muito importante não tentar lutar contra o pânico, pois este não é um mecanismo consciente, ele é decorrente de mecanismos automáticos cerebrais localizados em regiões automáticas ou não conscientes. Faz parte de um complexo sistema de defesa do organismo. 
Mas a pessoa pode tomar algumas ações: 
  • Recorrer a técnicas de relaxamento, como meditação ou preces, por exemplo
  • Usar qualquer técnica de distração como uma conversa suave, música suave, palavras que acalmem, massagem em regiões do corpo que produzem relaxamento
  • Controlar da respiração.
O controle da respiração, principalmente, é muito importante: inspirar lentamente e expirar lentamente, sem pressa. Em seguida, é recomendado o relaxamento de grupos musculares mais tensos (ir relaxando a face, a nuca e pescoço, os ombros, os braços, o tórax e assim sucessivamente). Um terceiro passo seria acomodar-se em local agradável, bem ventilado com vista o mais aberta possível e evitar locais fechados e abafados, afrouxar as roupas, sentir-se o mais confortável possível. 
Além disso, os pensamentos no momento do ataque são muito importantes. A matriz do pânico é o medo, e um medo incontrolável. Só quem já passou por um ataque de pânico entende o que estou escrevendo. É difícil conter esses pensamentos, por isso escrevemos todas as medidas anteriores para evitar os piores pensamentos. Dentre os piores temos o medo de morrer, o medo de perder o controle, a certeza de que algo muito ruim realmente irá acontecer, a certeza de que realmente estou muito doente e ninguém descobre ou me leva a sério, pois as sensações são reais. 
Os pensamentos que devem ser priorizados nesses momento são aqueles que nos afastam do medo: a certeza lógica que é só uma ataque de pânico do qual não tenho controle, mas que irá passar; a fé de que nada me acontecerá de mal, a coragem para enfrentar situações adversas ("já passei por coisas piores e sobrevivi, vou sobreviver a esta também" - novamente a lógica tentando se impor sobre o "tsunami" ilógico do medo); tentar não ter medo do medo, e sim aprender com o medo. O medo existe para nos defender de algo e não para nos escravizar. O medo é nosso aliado e não nosso inimigo. 
Quero acrescentar que essas são medidas imediatas e paliativas, até que a pessoa possa procurar um especialista competente, pois somente com o uso de medicamentos especializados pode-se tratar adequadamente uma síndrome de pânico. 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Leite materno varia com o sexo do bebê

Macacas produzem leites diferentes para filhotes machos e fêmeas: essa descoberta pode ajudar a explicar as variações no leite materno humano, dizem os pesquisadores


“Machos e fêmeas respondem de forma diferente ao cortisol, um hormônio encontrado no leite materno, mas não nas fórmulas infantis”, afirma Katie Hinde, do Departamento de Evolução Humana da Universidade de Harvard, durante um encontro da Associação Americana para o Avanço da Ciência, realizado em Chicago na semana passada.

“Há uma crença generalizada de que o leite é padronizado. No entanto, há evidências de que as mães produzem diferentes receitas biológicas para filhos e filhas, e a dimensão de seus efeitos varia ao longo da vida reprodutiva”, acrescenta.

O teor de cálcio, por exemplo, é mais elevado no leite materno oferecido às meninas. Os poucos estudos que analisaram as variações com base no sexo do bebê tendem a destacar o teor de cada nutriente – como gordura, proteína, açúcar, cálcio etc –, mas não consideram a produção de leite em geral, o que afeta as concentrações. As fórmulas podem copiar os ingredientes do leite, mas não seu conteúdo hormonal, ressalta Hinde.

Não há dados sobre as variações do leite materno no caso de gêmeos de sexos diferentes, acrescenta a pesquisadora. Estudos que analisaram 1,4 milhão de vacas também comprovaram que as mães que esperam fêmeas produzem mais leite.

A pesquisa pode ajudar a aumentar a compatibilidade entre doadoras de leite materno e bebês em UTIs neonatais, e também entre doadores de sangue e medula óssea e seus destinatários, diz Hinde. “Se pudermos entender melhor como o leite é personalizado para crianças específicas, isso facilitaria a compatibilidade entre doadores e receptores”, conclui.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Os pais modernos estão fazendo um péssimo trabalho?


Quem nunca ouviu falar (ou mesmo disse) que os pais de hoje são muito desleixados, deixam os filhos fazer o que quiserem, não os educam direito, ou até que são muito controladores e não deixam os filhos fazer nada, transformando-os em rebeldes enrustidos?

A resposta é: todo mundo. Mas qual a verdade por trás disso? Os pais de hoje são piores que os pais de ontem? A paternidade mudou de alguma forma?

Mudou, para melhor

Um estudo de 2012 com milhares de adolescentes ingleses entrevistou os participantes em 1986 e novamente em 2006 para determinar a medida em que as relações pai-filho tinham mudado ao longo de 20 anos.

O resultado mostrou que o controle parental do comportamento dos jovens e o tempo de qualidade que eles passaram juntos aumentaram de 1986 a 2006. Os pais, em 2006, também esperavam mais de seus filhos do que em 1986, incluindo a expectativa de que fossem educados.

Esses resultados confirmam estudos anteriores que também analisaram padrões parentais através de gerações e descobriram que as mães e os pais tendiam a gastar uma maior quantidade de tempo em atividades relacionadas com o cuidado da criança na década de 1990 do que na década de 1960.

A ciência de uma educação melhor

A principal tendência que diferencia os pais de hoje é o apetite por provas de que suas decisões como criadores são as melhores possíveis. Eles investem tempo pesquisando se vacinas funcionam, se há evidências de que “amamentar é melhor”, se tal marca de assento de carro é superior que outra, se certos brinquedos são adequados ao desenvolvimento etc.

E evidências das melhores formas de criar os filhos temos de monte.

Anos de pesquisa experimental estão agora convergindo para uma conclusão muito simples: a nossa forma de educar nossas crianças tem um profundo efeito sobre como elas se desenvolvem e passam a contribuir para a sociedade.

Relações familiares têm um impacto sobre a capacidade cognitiva do indivíduo, suas habilidades social e emocional, sua saúde e bem-estar e até seu envolvimento no crime e abuso de substâncias.

Pesquisas recentes também demonstraram como diferentes estilos e estratégias de paternidade influenciam o desenvolvimento do cérebro.

Pais controladores e bravos reduzem o comprimento dos telômeros no cérebro de seus filhos, um biomarcador para o estresse crônico.

Outro estudo demonstrou que, mesmo em ambientes de pobreza, alterar a maneira como cuidamos de nossos filhos pode ajudar a aliviar alguns dos efeitos adversos dessa desvantagem financeira e promover um melhor desenvolvimento do cérebro das crianças.

Em geral, a ciência descobriu que uma habilidade fundamental que os pais podem ensinar aos filhos é o autocontrole. É uma habilidade que nos permite concentrar em tarefas e cuidar de nós mesmos. A importância dela é tão grande que pode ser prevista aos 3 anos. Crianças dessa idade com mais autocontrole tinham, aos 32 anos, mais saúde física, menos dependência de substâncias, maior bem-estar financeiro e menor envolvimento em crimes.

FONTE: Hypescience.com

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Solidão já é considerada uma epidemia moderna


Nas últimas décadas, o isolamento social tem sido reconhecido como um grande risco para a nossa saúde e longevidade. É duas vezes pior do que ser obeso e quase tão ruim quanto fumar. O número crescente de pessoas que dizem são afetadas, em uma ampla gama de idades, é surpreendente, levando facilmente o título de epidemia. Contudo, os mecanismos óbvios – como a autonegligência – não explicam o quadro geral. Então, o que mais está acontecendo?
Para responder a esta questão, é importante notar que você pode sofrer os efeitos nocivos da solidão, mesmo que não seja socialmente isolado. Ela é, essencialmente, um estado emocional, e reconhecer o papel do cérebro neste processo é vital para entender muito do dano que pode ser causado por este mal.O comediante Robin Williams fez uma observação notável em 2009: “Eu costumava pensar que a pior coisa na vida era acabar totalmente sozinho. Não é. A pior coisa na vida é acabar com pessoas que fazem você se sentir sozinho”.
O acompanhamento de grandes grupos ao longo do tempo indica que o isolamento social percebido tem seu próprio risco de morbidade e mortalidade, independente do isolamento social real. Mas o que poderia trazer este efeito surpreendente?

Segurança em números

A percepção de isolamento – de estar na periferia social – não é apenas uma causa de infelicidade, mas também sinaliza um perigo. Os peixes evoluíram para nadar até o meio do seu grupo quando predadores se aproximam, ratos alojados em isolamento social apresentam interrupções no sono e redução nas ondas lentas do sono e, quando isolados de seus parceiros e colocados em campo aberto, arganazes da pradaria (um tipo de roedor nativo da América do Norte) exploram menos os arredores e se concentram na evasão de predadores.Esses comportamentos refletem uma maior ênfase na autopreservação, quando no perímetro social. Por exemplo, os peixes na borda de um cardume são mais susceptíveis de serem atacados por predadores porque são mais fáceis de se isolar e caçar. Tais observações refletem um princípio mais geral, que em animais sociais o isolamento social percebido ativa respostas neurais, neuroendócrinas e comportamentais que promovem autopreservação a curto prazo. No entanto, estas respostas trazem um custo para a saúde e bem-estar a longo prazo.
A gama de efeitos neurais e comportamentais prejudiciais que vêm da noção de isolamento documentada em adultos incluem o aumento da ansiedade, hostilidade e isolamento social; fragmentação do sono e fadiga diurna; aumento da resistência vascular; expressão genética e imunidade alteradas; diminuição do controle de impulsos; aumento da negatividade e sintomas depressivos; e aumento do declínio e risco de demência cognitiva relacionada com a idade.

Um pouco menos solitário

Infelizmente, até hoje, as tentativas de reduzir a solidão tiveram um sucesso limitado. Uma meta-análise de diferentes estratégias estudadas em ensaios clínicos randomizados mostrou que elas tinham um efeito pouco significativo. Entre os quatro tipos de intervenções analisadas, a terapia de conversa que se concentrava em processos de pensamento inadequados – falta de autoestima, de perspectiva e uma ideia distorcida de quão confiáveis são os outros e como eles nos notam – teve o maior impacto. Treinamento de habilidades sociais, suporte social e aumento das oportunidades de contato social eram muito menos eficazes.Este resultado é consistente com a ideia de que a percepção de isolamento social ainda pode nos colocar no modo de autopreservação – uma resposta de tempos antigos, quando isolamento teria nos deixado muito vulneráveis ao ataque – o que pode levar a processos de pensamento prejudiciais e comportamento que está em desacordo com aquele que prospera em uma sociedade moderna.
Não existe um tratamento farmacológico para a solidão, ainda que essa possibilidade esteja sendo estudada em pesquisa animal. Dada a dimensão do problema, atualmente, a busca por melhores tratamentos de todos os tipos merece alta prioridade.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Pessoas preocupadas são mais inteligentes, aponta pesquisa

Canadenses descobriram relação entre preocupação diária e inteligência verbal; estudo será publicado em fevereiro



Preocupar-se pode ser um sinal de um certo tipo de inteligência. E quem garante isso são pesquisadores canadenses da Universidade Lakehead, em Ontario, no estudo “Is the worrying and ruminating mind a more intelligent mind?”, que será publicado em fevereiro. 

Uma equipe liderada por Alexander Penney entrevistou 126 universitários. Eles responderam questionários para descobrir o quanto eles se estressam com os acontecimentos diários em suas vidas. Em um momento da pesquisa, por exemplo, os estudantes disseram o quanto concordavam com a afirmação “Estou sempre preocupado com alguma coisa”. 

Após a análise das respostas, Penney e sua equipe descobriram uma relação entre preocupação e inteligência verbal. No passado, a sociedade acadêmica já mostrou que os sintomas de ansiedade e depressão estão negativamente associados aos índices de inteligência. Segundo os pesquisadores canadenses, no entanto, esses estudos não consideravam o estresse e não testavam a ansiedade do indivíduo. 

Penney concluiu que os entrevistados que mais repetiram eventos passados em suas mentes foram os que mais ficaram abaixo no ranking da inteligência não verbal. Ele conta:

“É possível que indivíduos mais verbalmente inteligentes são capazes de considerar os acontecimentos passados e futuros com maior riqueza de detalhe, ruminando pensamentos e preocupações. Indivíduos com maior índice de inteligência não verbal podem ser mais fortes no processamento de sinais não verbais das pessoas que interagem no momento, diminuindo a necessidade de se repensar os encontros sociais”.

Em outras palavras, os verbalmente inteligentes são atormentados diariamente pela memória por causa dos detalhes. Já os que são melhores para captar sinais não verbais encontram mais informações no momento do fato e tem menos necessidade de refazer eventos em suas cabeças. Uma boa notícias aos preocupados.