sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Qual a melhor maneira de fazer as crianças dizerem a verdade?


A mentira é muitas vezes vista como mau comportamento das crianças. Os contos de fadas e histórias folclóricas, como as famosas Fábulas de Esopo e o personagem carismático Pinóquio, dizem às crianças que elas devem ser honestas e nunca mentir. Só que se você conhece alguma criança, sabe que nem sempre essa mensagem é devidamente absorvida.
Então, o que podemos fazer para incentivar as crianças a dizer a verdade, SEMPRE?

Quando as crianças aprendem a mentir?

As crianças aprendem a mentir com cerca de dois anos de idade. As primeiras mentiras são aquelas em que elas não assumem alguma arte que fizeram. A partir dos três anos, elas também aprendem a dizer mentiras “brancas”. São mentiras que são ditas para beneficiar outras pessoas ou para ser educado.
Por exemplo, uma criança aprende desde muito cedo que quando você faz uma surpresa de aniversário para a mamãe, você não conta a ela sobre isso. E quando sua tia lhe dá um presente, você deve agradecer a ela, mesmo que não goste do que ganhou. Contar bem essas mentiras é ter uma habilidade social importante. E é o tipo de coisa que a gente não precisa ensinar duas vezes.

O desenvolvimento de uma habilidade social

As crianças pequenas começam a aprender a mentir à medida que amadurecem cognitiva e socialmente. Para mentir direitinho, as crianças têm de entender que as outras pessoas têm as suas próprias crenças e pensamentos e que não são necessariamente as mesmas que as suas. A criança também tem que perceber que outras pessoas podem acreditar em coisas que estão erradas. Esta é uma habilidade chamada de “teoria da mente” e se desenvolve lentamente durante a pré-escola e o jardim de infância.
Conforme as crianças se tornam mais capazes de pensar sobre o que outras pessoas pensam e sentem, eles aprendem quando devem mentir de forma convincente. Mas isso não é a tarefa mais simples do mundo.

Mentir de forma convincente é difícil para as crianças

Elas muitas vezes não têm sucesso nessa tarefa, especialmente se são colocadas contra a parede. Alguns pesquisadores descobriram em um estudo que 74% dos filhos mentirosos entregaram o jogo depois da primeira pergunta mais firme. E conforme as crianças vão ficando mais velhas, elas vão aprendendo que tipo de respostas devem dar para sustentar as mentiras que contam.
Há uma evolução clara: cerca de 80% das crianças de quatro e três anos se entregam depois das perguntas. Esse valor cai para 70% em crianças de 5 anos e diminui para 50% entre crianças de 6 e 7 anos.

Aprender a falar a verdade que é bom…

Deixar de aprender quando a mentir e ter discernimento para entender quando mentir de forma convincente pode ser problemático para crianças mais velhas. A pesquisa mostrou que os adolescentes com habilidades sociais mais baixas são menos convincentes quando mentem do que seus colegas com melhores habilidades sociais. A mentira persistente é também um sinal de que as crianças não alcançaram um desenvolvimento social e cognitivo como seus outros colegas. E tem outro detalhe: as crianças que mentem muitas vezes são mais propensas a serem agressivas, criminosas ou mostrar outros comportamentos inaceitáveis durante a vida adulta.
Os efeitos negativos de contar mentiras estão relacionados com a percepção de que a pessoa está contando uma lorota, por exemplo, se pais ou professores notam que a criança está mentindo.

O teste tentação

Mas então o que os adultos podem fazer para incentivar uma criança a dizer a verdade sempre? Victoria Talwar, Cindy Arruda e Sarah Yachison realizaram uma nova pesquisa para descobrir essa resposta. Eles testaram crianças entre as idades de quatro e oito anos.
Para seu estudo, a equipe usou o “teste de resistência à tentação”. Neste teste, o pesquisador coloca um brinquedo barulhento atrás de uma criança, de forma que elas não podem vê-lo. O pesquisador, então, deixa a criança sozinha com o brinquedo e pede que ela não olhe para ele enquanto estiver sozinha na sala. Como você poderia esperar, cerca de 80% das crianças dão uma olhadela para o brinquedo. Quando o pesquisador volta, eles perguntam se a criança olhou. A criança pode mentir, como 67,5% delas faz.
Os pesquisadores queriam saber se as ameaças de punição (coisas como “você estará em maus lençóis se olhar”) influenciariam quantas vezes as crianças mentem. Depois, testaram o poder da honestidade. Disseram às crianças que o pesquisador “iria se sentir feliz se elas dissessem a verdade” ou que “dizer a verdade era a coisa certa a fazer”.

Resultado

Eles descobriram que, sem um apelo para dizer a verdade, mais de 80% das crianças escolhe mentir, tenha ou não uma punição envolvida. Esclarecer que dizer a verdade faria o pesquisador feliz reduziu as mentiras em cerca de 50%, para ambos os grupos que receberam ameaças ou não.
Esclarecer que dizer a verdade era a coisa certa a fazer reduziu o índice de mentiras para 40%, mas somente quando a criança não ia ser punida. 80% das crianças que foram informadas que seriam punidas se tivessem olhado, mas que dizer a verdade era a coisa certa a fazer, mentiram.
A pesquisa sugere, então, que se você quer que um filho confesse alguma arte que tenha aprontado, você deve assegurar a ele que não vai haver um castigo caso confesse, e incentivá-lo a dizer a verdade porque isso fará você feliz. Em seguida, você deve cruzar os dedos e torcer para que a sua criança não seja a do grupo dos 40% que são propensas a mentir de qualquer maneira

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Como ajudar alguém com problemas psicológicos a buscar ajuda?

Indicar alguém a consultar um psicólogo é uma tarefa delicada, afinal aceitar que se tem um problema faz parte do tratamento


Costumo sempre dizer que é muito diferente uma pessoa precisar de auxilio psicológico, e essa pessoa buscar por este auxilio. Precisar e buscar são etapas terapêuticas necessárias e muito particulares. Acontece com todos os casos, inclusive com aquela pessoa que deseja e acredita nesta ajuda psicológica para si mesmo. Então, mesmo a pessoa querendo uma ajuda, não significa que ela irá até essa ajuda ou mesmo que irá tão brevemente. E esta reflexão sobre quando, onde, com quem e porque buscar ajuda já é considerada parte do processo terapêutico. Os receios, as necessidades, os desejos e os tempos de cada etapa são muito particulares para cada pessoa e em alguns casos podem levar anos para se concretizar (isso quando se concretizam). 

Por que é tão difícil admitir que se precisa de ajuda?

Ainda é muito comum as pessoas acreditarem que o único motivo merecedor de ajuda psicológica ou mesmo psiquiátrica são as necessidades de quadros ou diagnósticos extremos como: uma depressão grave, um transtorno relevante ou um quadro de esquizofrenia. Isso assusta e afasta muitas pessoas do consultório... Uma das primeiras frases que costumo ouvir de um paciente novo é: ?Não sou louco! Não sei você pode me ajudar ou se é aqui que resolvo isso?. Muitos ainda não entendem bem o porquê de um psicólogo ou para que procurar este profissional. E por isso acabam desenvolvendo a ideia de que somente aqueles que (de acordo com o julgamento deles) não são capazes de uma estrutura é que deveriam estar em um consultório terapêutico. 
E é ai que está o maior engano. Um consultório psicológico serve justamente para qualquer pessoa, independente necessidade e diagnóstico, que seja capaz de ir e vir, de questionar o outro e a si mesmo, que possa ter consciência de si e do meio e que assim consiga entender suas limitações, conflitos e dificuldades para poder trabalhar com isso em sua vida. 
A negação faz parte do inicio pré-terapeutico e às vezes ela persiste mesmo durante o processo de acompanhamento. É sempre importante respeitar o tempo e o limite de cada pessoa, pois nem sempre é fácil admitir ou perceber que estamos sofrendo ou angustiados. Usamos de disfarces, desculpas e justificativas para nos proteger da ideia do admitir alguma fragilidade e isso normalmente ocorre porque lidar com este ponto não é fácil (independente o que seja). 
No fundo, todos nós temos receios de não dar conta de nossas questões, de nos perdermos, de não sermos suficientes em nosso equilíbrio entre razão e emoção. E por isso precisamos provar (para nós mesmos) que damos conta sim de nossas questões. E a ideia de tentar ou conseguir sozinho nos representa uma fantasia de poder. A humanidade ainda possui grandes e bons conflitos, em que são confundidos alguns conceitos, como acreditar que buscar ajuda é uma incapacidade e essa ideia é um grande equívoco. 

Como sugerir que a pessoa busque ajuda?

Por isso, indicar ou sugerir para alguém um apoio psicológico é mais delicado do que pode parecer, pois a pessoa pode ainda não ter entrado em contato com seus conflitos e angustias ou, mesmo que já os esteja percebendo, pode ainda estar confusa e com medo de mexer ou analisar este conteúdo. Assim, esta é uma situação que não deve ser forçada nunca. 
Para um processo psicológico saudável e efetivo, devemos sempre considerar, como fundamental, o interesse e também a disposição por parte da pessoa para com todo o trabalho psicológico. Isso mesmo, sem interesse e participação da pessoa, não é possível uma ajuda efetiva, no máximo uma ajuda paliativa. Não existe ajuda eficiente sem que a pessoa aceite primeiramente ser uma paciente. 
Quando nos assumimos enquanto pacientes, estamos assumindo para nosso EU que algo não vai bem, independente o que seja e qual intensidade e se escondemos algo. Neste momento abrimos uma porta para começar uma investigação sobre nossas intimidades. Às vezes são questões que estão muito latentes e ao nosso alcance de percepção, ou outras vezes podem ser pontos ainda não perceptíveis, mas refletidos em outros sintomas que nos chamam a atenção. 
É importante para aqueles que desejam ajudar, entenderem que o receio, a resistência e até a negação fazem parte, pois são formas de defesa de todo ser humano. E que forçar o outro a fazer algo ou adotar uma ideia, não ajuda e muitas vezes piora. O mais indicado é mostrar que é compreensível e ao mesmo tempo está preocupado.
Uma sugestão simples é em algumas conversas com esta pessoa, que possa estar precisando de ajuda, tentar exercer um papel de espelhamento. Mostre aos poucos e com muito tato e paciência os sintomas que a pessoa vem apresentando como: sofrimento, angústia, irritação, apetite descontrolado, dificuldade em se manter empregado ou qualquer que seja o quadro. Ajude-a perceber e pensar na intensidade dos sintomas ou do caso e como isso pode estar fora de um grau saudável ou mesmo já esteja prejudicando sua vida, causando perdas e sofrimentos. Faça isso através de pequenas conversas orientadoras e explicativas dando sua opinião, mas não a impondo como verdade. Pode também mostrar reportagens ou histórias de casos que vocês conhecem ou ouviram falar para ajudar na percepção e no autoreconhecimento desta pessoa. 
Atenção! Deve-se sempre tomar muito cuidado para não criar ou imaginar diagnósticos por conta própria e firmar esta ideia, nem mesmo para tentar usar disto para convencer e levar a pessoa para uma ajuda. Isto é muito comum de acontecer e normalmente causa grandes conflitos e angústias. Somente os profissionais podem de fato diagnosticar e saberão junto ao paciente diferenciar os sintomas de um quadro fixo dos sintomas passageiros, por exemplo, diferenciar tristeza de depressão. Quando alguém despreparado já anuncia que o outro pode estar doente, pode criar uma grande resistência e dificultar o inicio da ajuda. Então, apenas se mantenha mostrando que está preocupado e que poderá ser importante e até gerar alivio ouvir a opinião de um profissional. 
Vale saber, também, que buscar uma análise de um profissional não significa realizar um acompanhamento. Os primeiros encontros são utilizados para uma entrevista, para que paciente e profissional se conheçam, sem compromisso de ir adiante. Caso cheguem à conclusão que não precisa de auxilio psicológico isso será mostrado por ambas as partes. Cada caso sempre será visto e recebido em sua particularidade. Mostrar isso para a pessoa que acredita estar precisando de ajuda muitas vezes ajuda neste passo de ir até o consultório. 
Explique, também, que a relação do psicólogo é muito diferente da relação com uma mãe, um pai, irmão, amigos... A neutralidade afetiva faz toda diferença para que a pessoa possa ser vista e compreendida por diferentes ângulos e assim poderá ter a chance de se perceber, se entender, ser acolhida e assim poder fazer algo que seja significativo e construtivo para com sua vida e necessidades. 
Para terminar reforço que buscar, iniciar e manter uma terapia psicológica, apesar de proporcionar um espaço de alívio e construções para vida, também exige coragem, pois o paciente irá entrar em contato com certas intimidades a seu respeito que muitas vezes são desconhecidas e ele nem sempre está preparado para lidar. Por isso o ideal é não forçar essa busca.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Experimentamos crises existenciais no início de cada nova década de idade, diz estudo


Uma Nova pesquisa feita por Adam Alter, professor de negócios na Universidade de Nova York, e Hal Hershfield, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, mostra que quando os adultos se aproximam de uma nova década de idade (ou seja, nas idades de 29, 39, 49 ou 59), temos a tendência de ter crises existenciais e buscar um significado a mais na vida, e acabamos nos comportarmos de maneiras que podem ser construtivas ou destrutivas.

Em seis estudos olhando para o exercício, casos extraconjugais e as taxas de suicídio entre adultos entre as idades de 25 e 64, os pesquisadores determinam que certas idades numéricos inspirar uma maior autorreflexão do que outros. Além disso, os autores sugerem que as pessoas em dezenas de países e culturas são propensos a tomar decisões importantes na vida como eles se aproximam cada nova década.

Se você conhece alguém que já passou por essa virada de década sabe que essa conclusão faz todo sentido do mundo. Tanto, que esse estudo tem sido realizado ao longo de muito tempo e conta com uma série de antecedentes.

Antecedentes e os principais resultados do estudo de crises existenciais

Estudos 1 e 2

Neste primeiro momento, os autores examinaram dados de 42.063 adultos de mais de 100 países, que completaram a World Values Survey e relataram a frequência com que questionaram o sentido da vida. E nesse momento eles descobriram que as pessoas que estavam entrando em uma nova década em suas vidas são mais propensas a questionar se sua vida está sendo significativa ou não.

Estudo 3

Os professores Alter e Hershfield categorizaram mais de 8 milhões de usuários do sexo masculino registrados em um site de namoro, que atende a pessoas que buscam relações extraconjugais. Eles descobriram que os homens com idades entre 29, 39, 49 e 59 eram quase 18% mais propensos a se cadastrarem nesse site, do que os homens em outras épocas da vida.

Estudo 4

Os pesquisadores examinaram o número de suicídios por 100.000 indivíduos em todos os EUA de 2000 a 2011. As taxas eram 2,4% maiores entre os indivíduos com idade terminando em 9 do que entre as pessoas cujas idades terminaram em qualquer outro dígito.

Estudo 5

Os professores coletaram dados do Athlinks, um site que compila tempos de corrida, e descobriram que os corredores corriam cerca de 2% mais rápido em idades de 29 e 39, em comparação aos dois anos anteriores e posteriores a essas idades.

Estudo 6

Os autores examinaram as idades de 500 maratonistas de primeira viagem sorteados aleatoriamente no mesmo site e descobriram que o número de corredores com idade terminando em 9 era 25% maior do que os corredores de outras idades.

Conclusão

A conclusão dos pesquisadores é que as pessoas estão mais aptas a avaliarem suas vidas quando uma década cronológica termina, e, consequentemente, estão mais propensas a tomar decisões para mudar de vida. Desta maneira, à medida que envelhecemos, é interessante conhecermos e entendermos essa propensão, para que a gente possa se guiar conscientemente para um caminho de escolhas construtivas ao invés de destrutivas.

Os professores Alter e Hershfield também concluíram que as implicações de seus estudos podem ser significativas para os consumidores. “Nossa pesquisa sugere que as pessoas que estão se aproximando do fim de uma década podem ser mais propensas a fazer compras grandes (como, por exemplo, comprar um seguro de vida, investir na bolsa, fazer a tão sonhada cirurgia estética, etc.)”. 

Ou seja: se as equipes de marketing estiverem conscientes dessa tendência, podem planejar uma abordagem personalizada e com mais eficiente para esse tipo de público. 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Prioridade da mãe deve ser ela mesma e não os filhos, apontam especialistas

Antes de cuidar de outras pessoas, mulheres precisam ter os próprios desejos respeitados para não responsabilizar as crianças por sentimentos de frustração e infelicidade 


Pode ser no parquinho, na praça ou no fórum sobre maternidade das redes sociais. Basta presenciar uma conversa entre mães para ver que, hoje em dia, não basta apenas ter o filho e cuidar dele com muito amor, é preciso ser a melhor mãe do mundo. Aquela que abre mão dos próprios sonhos e vontades pelo bem-estar das crianças.

Mas até que ponto esse comportamento realmente beneficia os pequenos? Para a psicóloga e coordenadora terapêutica da Clínica Maia, Ana Cristina Fraia, os prejuízos de colocar os filhos em primeiro lugar são maiores do que os benefícios. Ainda que com a melhor das intenções, o desenvolvimento infantil é prejudicado.

“A criança vai crescer com uma noção de que ela é mais importante do que o mundo inteiro. Ela se acostuma a isso, já que mãe para de fazer tudo o que estava fazendo quando ela chama ou grita, pedindo alguma coisa. Na intenção de dar amor incondicional, os pais erram com o filho. Ele vai achar que o mundo precisa se comportar igual aos pais”, pontua Ana Cristina.

Criados como pequenos “reis” e “rainhas” em casa, eles perdem a oportunidade de aprender a lidar com o sentimento de frustração e amadurecer frente aos “nãos” que a vida dá, justa ou injustamente.

“São crianças que precisam do prazer imediato, que todos os seus problemas sejam resolvidos na hora. E o mundo, infelizmente, não funciona do mesmo jeito”, reforça a psicóloga. Segundo ela, é fundamental avaliar a real necessidade da criança. Você precisa mesmo parar tudo o que está fazendo para atender às vontades dela? Será que é necessário passar tanto tempo com a criança?

Amor próprio

A fonoaudióloga Carolina Sepeda precisou enfrentar uma depressão pós-parto para compreender a importância de respeitar as próprias vontades. Depois que o filho Bento, de quatro anos, nasceu, Carolina não conseguia alinhar as próprias expectativas em relação à gravidez com o que a sociedade julgava como a “mãe ideal”.

“Quase não tive rejeição a ele, mas não gostava de amamentar. Eu me sentia triste, não tinha vontade de levantar da cama. Achava que a minha vida tinha acabado mesmo, e minha terapeuta dizia que era porque eu não seguia os meus instintos. Foi quando eu percebi que precisava me cuidar, senão não conseguiria cuidar do meu filho”, lembra Carolina.

Depois de quase três anos e oito meses de terapia, ela reconhece que os filhos não podem ser a única preocupação na vida das mulheres que se tornam mães. “Eu não poderia largar o meu emprego de maneira nenhuma para me dedicar a ele. E se eu não pensar em mim, quem vai pensar? Eu me tornei uma pessoa extremamente amargurada, era impossível criar uma criança daquele jeito”, confessa a fonoaudióloga.

A modelo Gisele Bundchen deu uma declaração parecida há algumas semanas, para a revista “The Sunday Times Style”: “Sabe quando dizem no avião que você deve colocar a sua máscara de oxigênio primeiro, para então colocar no seu filho? Então, acredito que vale o mesmo para as mães, que devem cuidar de si em primeiro lugar”, declarou ela.

“A gente precisa ter em mente essa instrução do avião, mesmo. Para você cuidar de uma pessoa, você tem que estar bem, com as necessidades suprimidas, um emocional equilibrado. Não é saudável colocar ninguém, seja o marido ou os filhos, a não ser você mesmo, em primeiro lugar. Parece egoísmo, mas é o melhor que você pode fazer pela sua família”, explica Marcia Orsi, terapeuta especialista em relações familiares.

Dispensável

A relação com o cônjuge também merece atenção. Ter um filho é algo que muda a vida, absolutamente. Mas não é o único amor que as mulheres são capazes de sentir, em essência. Do mesmo jeito que as crianças precisam de um tempo a sós com a mãe, é importante cultivar o romance e a intimidade com o parceiro. Por que é tão condenável assim que uma mãe passe a manhã com os filhos e, à noite, opte por fazer um programa romântico com o marido?

“A boa mãe não é apenas aquela que passa o dia todo com a criança. Ter filhos é uma responsabilidade gigantesca, é uma escolha para a vida inteira. Dá para se cuidar, ser feliz, ter outras atividades em paralelo e divertir-se com os filhos também, sem precisar esquecer a mulher que você é”, acredita Ana Cristina Fraia.

Para a especialista, “mãe boa é aquela que se torna dispensável com o passar dos anos”. A frase é dolorida para a maioria das mulheres, mas, para Ana Cristina, revela um dos melhores feitos que qualquer mãe pode fazer pelo próprio filho: torná-lo autônomo e independente.

FONTE: Delas.ig.com.br/filhos

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

É possível saber o momento exato em que alguém pega no sono?

A respiração se torna mais intensa, espasmos musculares se espalham pelo corpo: existem alguns indícios que permitem deduzir se uma pessoa está em vias de pegar no sono. No entanto, em termos de pesquisa médica, estes sinais são insuficientes e dizem muito pouco sobre a questão, que sempre esteve envolta em subjetividades e imprecisões.

Em um artigo publicado semana passada no periódico PLOS Computational Biology, um grupo de pesquisadores do Massachusetts General Hospital descreveu novas técnicas que devem fornecer aos médicos informações bem mais consistentes sobre o tema.

A equipe desenvolveu um modelo estatístico e testes comportamentais para rastrear o processo dinâmico do adormecimento. Além do aspecto psicológico, foram levados em conta variações na atividade cerebral e outros sinais fisiológicos que indicam alterações no estado de vigília. A principal descoberta foi que não importa tanto quando alguém adormece, mas sim como o processo ocorre – o que pode variar de pessoa para pessoa.

“Em última análise, métodos como estes podem aprimorar muito a habilidade dos clínicos em diagnosticar distúrbios do sono e em medir mais precisamente os efeitos de drogas para dormir e outras medicações”, explicou o doutor Michael Prerau, principal autor do estudo, ao site EurekAlert.

Os pesquisadores substituíram o procedimento padrão que faz o monitoramento através de sons que perturbam o sono por um novo, centrado na respiração. Alguns voluntários, inclusive, mantiveram o mesmo ritmo respiratório, mesmo que de acordo com as classificações atuais já estivessem adormecidos, sugerindo que a questão é mais complexa do que se pensa.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Suicídio é a principal causa de mortes de meninas adolescentes no mundo


Ao longo dos anos, diversas discussões sobre informação sexual e reprodutiva e expansão de serviços de saúde para a juventude traziam o fato de que a mortalidade materna era a principal causa de morte de adolescentes com idade entre 15 a 19 anos. O argumento é convincente: meninas que engravidam ainda jovens correm maior risco de morrer durante a gravidez e o parto do que aquelas cujos corpos estão mais maduros.

Por muito tempo, educação sexual e serviços de saúde fracos ou inexistentes voltados para os jovens, bem como a perpetuação de expectativas sociais nocivas e normas de gênero que obrigam meninas a se casar e dar à luz muito novas, levaram a um elevado número de mortes maternas.

Recentemente, porém, este cenário mudou. De acordo com Suzanne Petroni, diretora sênior de gênero, população e desenvolvimento no Centro Internacional de Pesquisa sobre Mulheres (CIPM), em grande parte como resultado de melhorias na saúde materna em todo o mundo, a mortalidade materna – ainda que continue sendo uma das mais importantes – não é mais a principal causa de morte das adolescentes. Essa é a boa notícia.

A má notícia? Suicídio agora está no topo da lista.

O suicídio mata mais meninas com idades entre 15 e 19 anos do que qualquer outra coisa – mais do que gravidez, HIV/AIDS, acidentes automobilísticos e doenças diarreicas. Em todas as partes do mundo, exceto a África, o suicídio está entre as três principais causas de morte de meninas nessa faixa etária. A taxa de suicídio no Sul e Leste da Ásia é particularmente chocante; nesta região, é cinco vezes maior do que na Europa ou nas Américas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um relatório em setembro chamado “Prevenção Suicídio: um imperativo global”. O relatório oferece insights sobre as taxas globais e causas de suicídio, ressaltando a necessidade de fazer da prevenção do suicídio uma prioridade maior na agenda da saúde global.

O texto ainda chama atenção para alguns dos principais fatores de risco para o suicídio, incluindo, entre outros, discriminação, trauma, abuso, conflito de relacionamento, isolamento social e barreiras ao acesso a cuidados de saúde. Os dados também sugerem que adolescentes que são social e economicamente marginalizados estão sob maiores riscos de suicídio. Embora o relatório da OMS não se concentre em como suicídio afeta adolescentes especificamente, sabemos que esses fatores de risco fazem parte das experiências vividas diariamente por meninas marginalizadas em todo o mundo.

A evidência limitada que temos sobre meninas adolescentes casadas, por exemplo, sugere que elas são mais propensas a sofrer violência pelo parceiro íntimo do aquelas que se casam mais tarde, e que muitas vezes enfrentam sentimentos de desesperança, desamparo e depressão.

Um estudo realizado pelo Centro Internacional de Pesquisa sobre Mulheres na Índia, por exemplo, descobriu que meninas que se casam antes dos 18 anos têm duas vezes mais probabilidade de relatar terem sido espancadas, esbofeteadas ou ameaçadas por seus maridos do que meninas que se casam mais tarde. Noivas crianças enfrentam o isolamento social, estão sujeitas a sexo precoce e indesejado e geralmente não têm as habilidades ou assistência necessárias para ter sucesso em um relacionamento.

A evidência demonstra também as ligações entre a gravidez indesejada e o suicídio. Particularmente em contextos onde as meninas têm pouco ou nenhum acesso à educação sexual, contracepção ou aborto seguro, algumas meninas grávidas podem sentir que o suicídio é a sua única opção.

À medida que níveis de escolaridade melhoram e a comunicação de massa se ​​expande em todo o mundo, as adolescentes têm cada vez mais contato com uma realidade diferente na qual poderiam viver, em que podem sonhar em se tornar pilotas, professoras, médicas e políticas. Porém, se as normas sociais e as realidades econômicas as forçarem a se tornar apenas esposas e mães submissas, o que acontece com a sua saúde mental?

Se uma menina tem a oportunidade de estudar ou trabalhar fora de casa, mas enfrenta a ameaça diária de ser atacada por ácidos ou balas, como ela pode eventualmente manter sua saúde mental?

É importante notar que as normas de gênero nocivas também contribuem para o suicídio entre os meninos. Em 2012, tantos meninos quanto meninas nessa faixa etária morreram como resultado de automutilação. Uma pesquisa da CIPM sobre masculinidade nos Balcãs, bem como dados do trabalho fantástico de organizações como Instituto Promundo e a MenEngage Alliance, demonstram que interpretações rigorosas do que “um homem deve fazer” também podem levar à automutilação por meninos e homens jovens.

O recente relatório da OMS oferece uma boa perspectiva sobre o significado do suicídio como um problema de saúde global, bem como algumas recomendações para a ação preventiva. Compreender o que motiva a automutilação é fundamental para determinar a melhor forma de agir. Petroni ressalta que é necessário, em particular, muito mais evidências sobre os males que as normas de gênero “tradicionais” representam para a saúde mental de meninas e meninos adolescentes. Em seguida, as comunidades de saúde e de desenvolvimento global devem continuar a dar prioridade à saúde sexual e reprodutiva, mas também devem abordar cada vez mais os fatores motivadores de suicídio, a fim de trazer melhorias significativas na saúde e na mortalidade de adolescentes. 


quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Estresse: conheça o lado positivo

Lidar bem com esse tipo de situação pode melhorar seu emprego e relacionamentos


Existem diversos graus de estresse e, como tudo na vida, as quantidades excessivas dessa sensação são nocivas para a nossa saúde. Porém, alguns estudos têm aparecido para tirar do estresse o estigma de vilão nessa história toda. Em 2012, um grupo de cientistas da University of Wisconsin-Madison (Estados Unidos) revisou os dados de uma pesquisa feita em 2006 pelaNational Health Interview Survey, e analisou os impactos do estresse na morte das pessoas. E chegaram à impressionante conclusão de que o estresse só causou um real impacto na saúde daqueles que acreditavam que ele era algo nocivo. Aqueles que não pensavam dessa forma não tiveram morte prematura decorrente dessa pressão. 

Para alguns especialistas, tudo depende do estágio em que o quadro está. "Na primeira fase o corpo produz apenas adrenalina que dá força, vigor e energia deixando o organismo de prontidão para enfrentar as tensões que surgirem ao longo do dia", explica a psicóloga Aretusa dos Passos Baechtold, mestre em Psicologia Clínica pela PUC-Campinas e psicóloga do Instituto Psicológico de Controle do Stress (IPCS). "No entanto os benefícios do estresse só serão válidos se ele não durar mais de 24 horas por adaptação ao estressor ou adaptação ao mesmo", alerta.
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Outra questão é que muitos dos fatores causadores de tensão são internos, por isso mesmo encarar o estresse como algo positivo os reduz. "Quanto mais o indivíduo conseguir ver que dificuldades aparecem para todos e cada uma delas são oportunidades para aprender novas formas de superação, melhor ele lidará com o estresse", considera a psicóloga clínica Marisa de Abreu.

Mas está difícil encarar essa tensão toda como algo bom para você? Basta pensar que ela nada mais é do que um mecanismo de defesa do nosso corpo, que libera adrenalina para que as funções do nosso organismo se otimizem. Então os músculos se tencionam para o corpo poder fugir ou lutar, o coração e a respiração se aceleram para que mais oxigênio se espalhe pelo corpo e também para o cérebro, e até o suor está ai para que você se refresque.

Inclusive, o corpo se prepara para que depois os efeitos da adrenalina sejam atenuados. "O cortisol irá produzir uma série de reações metabólicas no organismo, que facilita sua adaptação ao impacto do estressor", ensina o psicoterapeuta José Roberto Leite, fundador e diretor do Centro de Estudos em Medicina Comportamental da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Pessoas mais felizes têm menor risco de desenvolver problemas no coração

Otimismo, boa disposição e felicidade podem diminuir a probabilidade de doenças coronárias em até 50%



Aproximadamente 17 milhões de pessoas morrem por ano vítimas de doenças cardiovasculares, a principal causa de morte no mundo, segundo dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, estima-se que esse número seja de 300 mil ao ano. Agora, cientistas da Universidade Harvard descobriram um excelente aliado na luta contra esse grave problema: o bem-estar psicológico.

A psicóloga Laura Kubzansky conduziu a primeira grande revisão sistemática que associou estados de humor com a saúde do coração. Ela e sua equipe analisaram mais de 200 estudos e constataram que características positivas como otimismo, boa disposição e felicidade podem ajudar a diminuir a probabilidade de desenvolver patologias coronárias em até 50%, além de retardar a progressão em quem já tem a doença, independentemente de idade, condição socioeconômica, tabagismo ou peso.

Os pesquisadores acreditam que o menor risco está associado ao estilo de vida. Os mais satisfeitos costumavam ter comportamentos mais saudáveis, como praticar exercícios, manter uma dieta equilibrada e dormir o suficiente. Além disso, suas funções biológicas funcionavam melhor – por exemplo, pressão arterial equilibrada, perfil lipídico saudável (gordura no sangue) e peso corporal adequado.

“Os resultados têm importantes implicações no manejo do tratamento. Podem ajudar a desenvolver estratégias de prevenção e intervenção mais eficazes”, diz a autora. O estudo foi publicado na Psychological Bulletin.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Antidepressivos podem ter o mesmo efeito de placebo


Com 1.400 páginas, “A Anatomia da Melancolia” é o trabalho de uma vida do acadêmico do século XVII, Robert Burton. Porém, a sua cura para a depressão se resumia em seis palavras: “Não seja solitário, não seja ocioso”. Caso estivesse escrevendo a obra hoje, talvez acrescentasse: “E talvez tome um placebo”.
Placebos são tratamentos falsos que funcionam mesmo que não tenham um ingrediente ativo. Pílulas feitas de açúcar ou amido de milho já melhoraram o mal de Parkinson, ansiedade e dor. Agora, uma pesquisa sugere que placebos podem ser tão bons quanto medicamentos reais para o tratamento da depressão.Neste estudo mais recente, pessoas com, no mínimo, depressão moderada receberam apenas apoio e incentivo, ambos em conjunto com um antidepressivo ou com um placebo. Aqueles que receberam um antidepressivo ou placebo se sentiram melhor do que aqueles que receberam apenas o apoio. Porém, os placebos melhoraram a depressão quase tanto quanto a droga ativa e a diferença não foi significativa.
Uma revisão de bibliografia prévia descobriu que antidepressivos ofereciam um benefício mínimo quando comparados aos placebos – exceto em casos de depressão muito grave, nos quais o benefício era substancial. Um estudo de 2008 descobriu que os antidepressivos não eram mais eficazes mesmo na depressão grave; muitas das pessoas deprimidas eram apenas menos sensíveis a placebos.
Já uma teoria sugere que placebos funcionam porque as pessoas esperam que eles façam efeito. Na verdade, o placebo alivia a dor pois desencadeia endorfinas na mesma área do cérebro que é alvo de analgésicos reais.
Outra teoria cita os cães de Pavlov que, depois de um tempo, só precisavam ver as roupas brancas dos assistentes que traziam seus alimentos para começar a salivar. Esta teoria de condicionamento sugere que as pessoas só precisam de ver a pílula, creme ou seringa para ter o efeito desejado, mesmo sem a droga ativa.

Na medida certa

Mas, se os antidepressivos são apenas um pouco melhores do que um placebo, por que tantas pessoas os tomam? Dados sobre o placebo têm sido criticados, entre outros, pela análise seletiva de estudos – algo que pode estar errado.
Há, ainda, razões puramente práticas e culturais para que médicos e pacientes favoreçam a medicação que possa ajudar mesmo que muito pouco. A questão mais difícil é saber se os médicos devem prescrever antidepressivos, sendo eles apenas placebos. Por outro lado, alguns argumentam que a eficácia deste tipo de tratamento não deve ser posta em xeque ao contar aos pacientes que aqueles não seriam medicamentos convencionais.
A Associação Médica Norte-Americana vetou o uso de placebos enganosos, dizendo que eles minam a confiança, frustram a autonomia do paciente e retardam o tratamento adequado. No entanto, um estudo de 2010 mostrou que placebos funcionam mesmo se o paciente souber exatamente o que está tomando. Outros argumentam que as drogas reais são realmente placebos superiores, já que, em testes, quando as pessoas adivinham que as pílulas que estão tomando não são falsas, acreditam mais fortemente no efeito – criando, espontaneamente, o efeito placebo.
Uma alternativa para lidar com esta informação muitas vezes conflitante é aumentar a moral dos tratamentos não medicamentosos para a depressão. Psicoterapias, como a terapia cognitivo-comportamental, são tão boas quanto as drogas, exceto para as pessoas com depressão grave – mesmo que, mais uma vez, até a psicoterapia não seja significativamente melhor do que um placebo para a depressão.
Muitos tratamentos ativos são eficazes em parte devido ao efeito placebo. O efeito é forte em antidepressivos, fato que pode ter de ser divulgado aos pacientes para assegurar seu pleno consentimento. Se as pílulas de açúcar devem ser introduzidas à prática médica é uma questão completamente diferente, e que convida ao debate público. 

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Temos dezenas de emoções universais, aponta estudo


Peça a uma mulher de uma aldeia remota no Butão para agir como se ela estivesse envergonhada, divertida ou intimidada, e as chances de uma adolescente nos Estados Unidos interpretar precisamente essas emoções é bem próxima de 100%. Isso porque os seres humanos têm dezenas de expressões universais para transparecer suas emoções e, de acordo com uma nova pesquisa, essas expressões são reconhecíveis por várias culturas.
O único detalhe é que essa gama de emoções é maior do que pensavámos.

Nossas emoções universais têm um núcleo comum

Durante décadas, os cientistas têm sustentado que há seis expressões emocionais humanas básicas, e que todas elas são reveladas pelo rosto. Seriam: felicidade, tristeza, nojo, medo, raiva e surpresa.
Mas cerca de cinco anos atrás, Daniel Cordaro, psicólogo da Universidade da Califórnia em Berkeley e da Universidade de Yale (ambas nos Estados Unidos), começou a se perguntar se havia mais. Para descobrir a resposta à essa inquietação, ele passou horas observando as pessoas de todo o mundo em cafés, assistindo vídeos de crianças no YouTube e desembrulhando presentes de aniversário com grandes sorrisos em seus rostos. E notou que, apesar das diferenças culturais, muitas expressões que antes eram julgadas como mais “complicadas” pareciam ser semelhantes entre as diversas culturas.
Para ver se estava certo, Cordaro e seus colegas mostraram a pessoas de quatro continentes uma descrição de uma linha de uma história (que os pesquisadores traduziram em várias línguas nativas), tais como: “seu amigo acabou de te contar uma história muito engraçada, e você está se divertindo muito com isso”, ou “seus amigos te pegaram cantando em voz alta a sua música favorita, e você se sente envergonhado”. E então pediram aos participantes para descreverem esses estados emocionais usando palavras.
Quando os pesquisadores compartilharam essas encenações emocionais com pessoas de culturas estrangeiras, esses espectadores puderam relacioná-las com 30 expressões faciais e vocais com maior precisão do que se tivessem simplesmente imaginado. Curiosamente, expressões de simpatia, desejo e timidez não pareciam se traduzir através das culturas.
A equipe também comparou pessoas na China, Japão, Coréia, Índia e Estados Unidos quando estas emoções foram reencenadas, e, assim, codificaram 5.942 de suas expressões faciais. Isso significou gravar meticulosamente as posições de 25.000 músculos faciais diferentes, segundo Cordaro.

A descoberta de padrões

Assim, a equipe descobriu alguns padrões incríveis. Segundo Cordaro, há muitas semelhanças na forma como as pessoas produzem determinadas expressões. Algumas são incrivelmente parecidas em todas as culturas, ao passo que outras, como o “uau” de reação a alguma coisa bonita, não é universal.
A maioria das pessoas inicialmente estudadas nesta pesquisa pertencia a culturas marcadas por uma forte presença da TV, smartphones e outras tecnologias. Ou seja, as expressões emocionais examinadas podem não ser verdadeiramente universais.
Então Cordaro e seus colegas viajaram para uma aldeia remota no Butão que jamais havia sido visitada por estrangeiros, e pediram que os moradores relacionassem tons de voz com uma história que estava sendo descrita. Para 15 das 17 expressões vocais, os moradores puderam escolher a situação correspondente muito melhor do que se apenas tentassem adivinhar, sem a ajuda do recurso de voz.
Esses resultados sugerem que uma grande parte do repertório emocional humano é universal e que as expressões emocionais vão muito além do que os seis tipos básicos descritos anteriormente por pesquisadores. As descobertas, contudo, não devem subestimar o papel da cultura, completa Cordaro. Para ele, “cada emoção resume-se a uma história”. E a “cultura nos ensina as histórias em que usamos essas emoções”, explica.

Traduções

Enquanto traduziam conceitos emocionais básicos para moradores butaneses, os pesquisadores encontraram “chogshay”, uma palavra butanesa que não tinha equivalente em inglês e que mais ou menos se traduz como um contentamento fundamental que é independente do estado emocional atual de uma pessoa.
Por exemplo: alguém poderia estar momentaneamente com raiva ou se sentindo terrivelmente mal, mas o seu sentido subjacente de bem-estar poderia ainda estar intacto.
Claro que essa noção de “chogshay” era completamente estranha para Cordaro, que foi usada para definir bem-estar em termos do que ele tinha, como o que ele estava sentindo ou se esforçando para sentir. Mas, através de um processo de reconhecimento da universalidade de muitas emoções humanas, e depois de completar uma rodada de meditação budista na Tailândia, Cordaro experimentou o tal estado “chogshay”.
“Eu me senti completamente vazio”, disse Cordaro. “Foi o momento mais bonito em toda a minha vida”.

Diferentes pontos de acesso

O que isso tem a ver com a universalidade das emoções? O raciocínio de Cordaro é o seguinte: esse estado de contentamento provavelmente está disponível para as pessoas de qualquer lugar do mundo, o tempo todo. Mas dependendo da cultura em que uma pessoa esteja inserida, ela pode acabar não conhecendo essa emoção, porque foi criada em um ambiente que “expulsa” essa consciência.
Sendo assim, podemos ter muitas emoções de caráter emocional, mas se quer temos acesso a elas. Porque, culturalmente, muitas são “abafadas”.
Ele também levanta a hipótese de que as pessoas podem chegar a este estado de muitas maneiras diferentes, seja por autorreflexão, meditação ou atingindo um “fluxo” em atividades altamente envolventes.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Você tem dificuldade de se impor?

Dificuldade em estabelecer limites pode prejudicar relações pessoais e de trabalho

Todo relacionamento saudável necessita de uma boa dose de comunicação e também de limites. Por isso, saber se impor, aprender a falar não, conseguir dar limites ou mesmo não deixar que as pessoas invadam seu espaço é uma tarefa fundamental, porém árdua para alguns. Há quem faça com leveza e maestria, mas não são todos que já nascem sabendo solucionar essas questões. Mas o bom disso tudo é saber que se pode aprender a qualquer momento e em qualquer idade. Ainda bem que temos todo tempo do mundo para nos aperfeiçoarmos com isso. 
O problema maior acontece quando uma pessoa sofre por não conseguir expressar aquilo que quer e precisa para os outros. Como cada um tem uma história de vida, um aprendizado, uma vivência, a questão de limites não é tão óbvia assim, é preciso uma boa dose de expressão para que as pessoas consigam se entender e respeitar os outros. 
Quem não sabe dizer não, por exemplo, numa relação profissional, acaba cedendo o tempo todo, passando por cima de si próprio e dos seus limites. Quando alguém lhe pede alguma ajuda ou a atenção para execução de uma tarefa, sendo que não há tempo hábil para isso pelo acúmulo de outros serviços, quem não sabe dizer não acaba dizendo sim, mesmo prejudicando claramente a si próprio. O resultado é o acumulo de serviço, poucas horas livres, cansaço e estresse pelo excesso de trabalho e algumas pessoas relatam, também, sentir-se tristes, irritadas e de mau humor por não conseguirem se impor e mudar o rumo da situação. Outras pessoas chegam a sentir raiva de quem pediu o serviço ou a ajuda, atribuindo ao outro o problema em vez de perceber a própria dificuldade em comunicar aquilo que precisa. 
Essa dificuldade de dizer o que pensa, evitar dizer não, normalmente está ligada a alguns pontos psicológicos: 
  • Baixa autoestima
  • Medo de perder o contato e/ou amizade
  • Medo de ser rejeitado
  • Receio de ser demitido ou do termino de uma relação
  • Não saber negociar e por isso não ter estratégia para lidar com a situação
A solução deste problema está em curar a ansiedade e as fantasias que cada um tem sobre si e sobre os outros. 
Um bom exercício a ser feito em paralelo a um tratamento é escrever quais são os reais acontecimentos que estão no momento incomodando e necessitam de mudanças, falar não, se impor, etc. Depois escrever as soluções que sejam possíveis, viáveis e saudáveis para cada situação. 
Lembre-se de escrever pelo menos três possíveis formas de resposta. Como não existe verdade absoluta, nesse caso, também não existe uma única resposta ou um único caminho de ação. O cuidado nesse momento é justamente não ir para o extremo oposto, afinal, quem não sabe falar o que pensa, pode erroneamente achar que falar tudo é a solução. Ninguém se dá bem com quem não tem limites, pois quem não se impõe é um pouco submisso, mas quem só diz o que pensa é considerado por muitos uma pessoa extremamente agressiva. Desejo a você todo cuidado para encontrar o equilíbrio. 
Agora entenda o que falta para você agir. Se for medo, seu trabalho deve ser na cura do medo, se for dificuldade de expressão, trabalhe sobre esse ponto. Entenda o que te impede de seguir com suas ideias listadas e se esforce para encontrar a situação viável para suas novas ações. 

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Depressão na adolescência: preste atenção a estes sintomas


Especialmente no caso de adolescentes, que têm naturalmente uma confusão de humores, pode ser difícil reconhecer a depressão. Um estudo recente da Social Indicators Research revelou uma evolução nos sintomas de depressão em estudantes desde 1980. Por isso, é importante que os pais saibam como a depressão se parece nessa idade, a fim de que possam ajudar seu filho adolescente a ficar mentalmente apto e, mais importante, seguro.
Entre os sintomas de depressão relatados na pesquisa, mas que não são tão conhecidos do público, estão: falta de apetite, problemas para dormir, falta de concentração, inquietação e sentir-se sobrecarregado.
O estudo constatou que, em comparação com os seus homólogos na década de 1980, os adolescentes na década de 2010 eram 38% mais propensos a ter problemas de memória e 74% mais propensos a ter problemas para dormir. Eles também tinham duas vezes mais probabilidade de ter procurado ajuda profissionais para tentar resolver estas questões de saúde mental.
Entre os estudantes universitários, 50% disseram que estavam sobrecarregados, enquanto adultos relataram sono de má qualidade, falta de apetite e sentimento de inquietude.
Se você acha que seu filho adolescente pode estar deprimido, procure um terapeuta ou psiquiatra licenciado para obter ajuda. Mesmo que não tenha certeza, não faz mal ter uma segunda opinião, apenas por prevenção. 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Pesquisa lança alerta sobre "vício em internet" entre jovens adultos


Um número significante de jovens adultos pode estar sofrendo com o vício em internet, de acordo com uma pesquisa feita pela empresa de marketing Digital Clarity. Segundo ele, 16% dos pesquisados apresentaram sintomas do vício, admitindo gastar mas de 15 horas por dia na internet.

O levantamento foi feito com 1300 jovens adultos, de idades entre 18 e 25 anos.

Especialistas permanecem divididos sobre o que é uma desordem de dependência da internet.

  • Passar horas online
  • Ficar irritado ao ser interrompido durante a navegação na internet
  • Se sentir culpado após passar muito tempo na internet
  • Isolar-se da família e de amigos devido a atividades excessivas na internet
  • Sentir euforia quando está conectado e pânico quando está offline
Malissa Scott, uma estudante de Middlesex, diz acreditar estar sofrendo dessa desordem.

"Eu estou online na maior parte do tempo em que estou acordada e me sinto enjoada e deprimida se perder meu acesso à rede".

"Eu sei que isso saiu do controle nos últimos 12 meses e isso definitivamente afetou minha relação com amigos e membros da família".

Estudos anteriores sugeriram que 'dependência da internet' seria um termo genérico para uma variedade de cenários que incluem jogar de forma excessiva ou ver pornografia obsessivamente. Eles mostram que esse vício é similar à dependência de drogas ou álcool e libera a substância química dopamina da mesma maneira.

 Mas outros psiquiatras dizem acreditar que os efeitos do vício em internet são apenas sintomas de outros problemas psicológicos.

Distúrbio real

Em um relatório publicado nesta semana no jornal Addictive Behaviours, o pesquisador Andrew Doan ressalta sua opinião de que o vício na internet é algo real.

Ele descreve um caso de vício no dispositivo Google Glass, que disponibiliza em óculos o mesmo tipo de informações acessadas em um smartphone.

Um ex-militar da marinha americana de 31 anos identificado durante um programa de recuperação do alcoolismo.

Enquanto era tratado, o homem se mostrava irritado por não estar usando o aparelho.

Ele disse que usou o Google Glass por 18 horas por dia e começou até a sonhar que estava usando o aparelho.

Isso é uma evidência, segundo Doan, de que o vício na internet era um distúrbio real.

Contudo, o vício em internet ainda não consta no American Psychiatric Association's Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais da Associação Americana de Psiquiatria, em tradução livre), um livro referência usado pelos psiquiatras como Manuela de referência.