terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Por que o excesso de otimismo pode travar sua carreira?

Quando o empresário dinamarquês Michael Stausholm deixou seu emprego em uma das maiores transportadoras mundiais para abrir sua primeira empresa, há 15 anos, seu sócio projetou um futuro positivo para os dois, com muito sucesso.

Stausholm acreditou no parceiro e se sentiu animado. "O pensamento positivo é algo que faz parte do DNA de qualquer empreendedor. Sem ele, você nunca deveria começar um negócio", afirma.

Mas quando a firma começou a ter problemas, o dinamarquês aprendeu uma dura lição. "Só pensar positivo e manter uma atitude otimista não adianta. É preciso misturar tudo com uma boa dose de realismo."

O poder do pensamento positivo tem sido um princípio de líderes do mundo dos negócios ao menos desde 1936. Foi quando Napoleon Hill, assessor de dois presidentes americanos, publicou Quem Pensa Enriquece, com a "receita" do sucesso de alguns dos mais bem-sucedidos empresários de sua geração.

Duas décadas depois, Norman Vincent Peale escreveu O Poder do Pensamento Positivo, que vendeu mais de 21 milhões de cópias no mundo. Mais recentemente, O Segredo, de Rhonda Byrne, foi adotado como uma espécie de Bíblia por homens de negócios, com sua promessa de sucesso baseada no otimismo.

Segundo essas obras, dúvidas e pensamentos negativos são obstáculos para o sucesso. Mas, na realidade, uma nova leva de pesquisas está descobrindo que o pensamento positivo também tem suas limitações - e armam suas próprias ciladas.

Ou seja, o otimismo pode emperrar o sucesso.

O poder irresistível da fantasia


Segundo Gabriele Oettingen, professora de Psicologia na Universidade de Nova York e autora de Rethink Positive Thinking: Inside the New Science of Motivation (Repensando o pensamento positivo: por dentro da nova ciência da motivação", em tradução livre), ao começar a estudar o assunto, ela descobriu que os níveis de energia caem quando as pessoas mentalizam fantasias positivas sobre o futuro, como ter um bom emprego ou ganhar bem.

"O problema é que quando as pessoas fantasiam sobre seus objetivos elas frequentemente não fazem o esforço necessário para atingi-los", diz a psicóloga.

O estudo de Oettingen revelou que jovens que pensavam positivamente sobre ter um bom emprego, dois anos após deixar a universidade, acabavam ganhando menos e tendo menores chances de contratação do que colegas com mais dúvidas e preocupações. Os mais otimistas também se candidatavam a menos vagas do que os pesssimistas.

"Eles criam uma fantasia e já se sentem realizados e relaxados, perdendo a motivação necessária para que as coisas de fato aconteçam", afirma.

Nimita Shah, diretora do grupo The Career Psychologist, com sede em Londres, conta que muitos clientes reclamam da frustração por não conseguirem manifestar seus desejos, e falam da culpa que sentem por serem pessimistas, como se isso fosse parte do problema.

"O efeito é o mesmo de fazer uma 'dieta milagrosa'. Criar uma imagem positiva do futuro pode servir como estímulo imediato, mas a longo prazo só serve para fazer o indivíduo se sentir pior", afirma Shah.

Otimismo, atitude natural



Será, então, que devemos passar a acreditar sempre no pior? Isso pode ser difícil.

Segundo Tali Sharot, autora de O Viés Otimista e diretora de um grupo de estudos sobre o efeito das emoções sobre o cérebro, o otimismo está embutido na psique humana.

Em seus primeiros experimentos, Sharot pediu a voluntários que imaginassem situações futuras negativas, como perder o emprego ou terminar um relacionamento.

Ela observou que as pessoas automaticamente tentavam transformar a experiência em algo positivo - como, por exemplo, separar-se do parceiro e arrumar outro melhor.

"Nós temos uma tendência inerente a nos inclinarmos ao otimismo. Estamos sempre imaginando o futuro como algo melhor do que o passado", diz.

Esse viés otimista, que, segundo Sharot, ocorre em cerca de 80% da população, independentemente de sua origem cultural ou nacionalidade, ajuda as pessoas a manter a motivação.

Estudos científicos também mostram que os otimistas vivem mais e têm mais chances de serem saudáveis.

"O pensamento positivo pode ser tornar uma espécie de profecia auto-realizável. Quem acredita que irá viver melhor pode acabar tendo uma alimentação mais adequada e uma rotina de exercícios apropriada", afirma Sharot. "O otimismo também ajuda as pessoas a superar circunstâncias difíceis."

No entanto, o viés otimista também acaba fazendo com que indivíduos subestimem riscos.

Equilíbrio certo

E para suprimirmos essa inclinação natural a ser positivo, é preciso encontrar a dose certa de negativismo, de forma a compensar fantasias que dificultam uma visão realista.

Com base em 20 anos de pesquisas, Oettingen desenvolveu uma ferramenta que batizou de Woop (sigla em inglês para desejo, resultado, obstáculo e planejamento).

Lançado em um site e em um aplicativo de smartphone, o Woop oferece ao usuário uma série de exercícios desenvolvidos para ajudar a elaborar estratégias concretas para atingir objetivos de curto e longo prazos, misturando pensamento positivo com atenção para a existência de um lado negativo ou de obstáculos.

"Trata-se de uma maneira de fazer com que a pessoa entenda que, no mínimo, ela pode colocar de lado aquela meta sem ter um peso na consciência e sabendo que olhou para o problema a partir de todos os ângulos possíveis", explica a psicóloga.

Voltando ao empresário dinamarquês, a lição aprendida com o excesso de otimismo acabou compensando. Há alguns anos, Stausholm fundou a fabricante de lápis sustentáveis Sprout, tomando o cuidado de colocar seus planos no papel e fazer planos para o caso de tudo acabar mal.

Hoje, sua empresa vende mais de 450 mil lápis por mês em 60 países, resultados que surpreenderam o próprio Stausholm, hoje um pessimista convicto.


Fonte: BBC Brasil

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Sensação diária de fracasso pode estar associada à depressão, revela estudo



Um estudo sobre depressão feito pela plataforma de psicologia Zenklub revelou dados preocupantes em relação à saúde mental dos brasileiros. Realizado entre os meses de novembro e dezembro de 2016, o teste, aplicado a 1675 pessoas, aponta que 50% do total de respondentes se sentiu mal consigo mesmo ou teve sensação de fracasso quase diariamente.

A pesquisa mostrou ainda que, do total de participantes, 42% se sentiu para baixo ou deprimido todos os dias. O teste aplicado pelo Zenklub teve como base o questionário desenvolvido pelo psiquiatra Robert Leopold Spitzer, da Universidade de Columbia, amplamente utilizado nos Estados Unidos como ferramenta de rastreio de saúde mental.

Apesar de grande parte da população mundial sofrer algum tipo de transtorno ligado à saúde mental, muitas pessoas ainda relutam em procurar ajuda profissional. A preocupação com o número crescente de casos de depressão em todo o mundo fez com que a Organização Mundial da Saúde elegesse 2017 como o ano de combate à depressão para estimular a sociedade a eliminar estigmas e incentivar que as pessoas busquem ajuda.

Para se ter uma ideia da gravidade do problema, a Associação para a Ciência Psicológica divulga que, somente nos Estados Unidos, mais de 60 milhões de indivíduos têm problemas com a saúde mental, mas 40% dessa população não recebe tratamento adequado. Ainda de acordo com a associação, muitas pessoas que começam algum tipo de tratamento não chegam a concluí-lo.

"Culturalmente, estamos acostumados a tratar (seja com medicação ou outro método) aquilo que nos incomoda: quando temos dor de cabeça, tomamos o remédio para que essa dor alivie; a partir do momento que não sentir mais dor, não faz sentido tomar mais remédios. No entanto, um tratamento de saúde mental é diferente: os sintomas costumam reduzir de forma considerável nos primeiros meses, mas é necessário seguir por muito mais tempo o tratamento para que nosso cérebro 'aprenda' a funcionar do jeito certo", diz a especialista em neuropsicologia Sandra Mara Comper, que atende pacientes com transtornos de humor, é membro da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia e integra o time de profissionais do Zenklub.

Uma das principais barreiras para a busca de ajuda profissional ainda é o estigma que recai sobre o atendimento psicológico. Laila Uemura, graduada em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal do Paraná relata, no artigo "Estigma e transtorno mental: perspectiva do terapeuta ocupacional", publicado na Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo (USP), os relatos do filósofo Michel Focault (1926-1984) sobre as atitudes estigmatizantes associadas à doença mental. 

De acordo com Uemura, elas teriam tido início "no fim da Idade Média, quando os loucos passaram a ocupar o lugar dos leprosos, sendo excluídos da sociedade. A partir da metade do século XVII, quando foram criadas as casas de internamento, os loucos passaram a estar internados juntos com os pobres e desempregados".

"As pessoas com doença mental nessa época passaram a ser percebidas no horizonte social da pobreza e relacionadas com a incapacidade, tanto para o trabalho quanto para integração de grupos", completa no artigo. 

Transtornos mentais apresentam sintomas tanto quanto doenças físicas. Combater o estigma de frescura ou loucura, comumente associados às pessoas diagnosticadas com depressão é uma das batalhas tanto de pacientes como de psicólogos. "As pessoas ainda veem a psicoterapia como um gasto, e não como um investimento. A falta de entendimento da psicologia como uma ciência é enorme. Fora ideias do tipo "psicólogo é coisa de gente doida" (ainda ouço isso semanalmente, independente do meio socioeconômico ou educacional). Há ainda os que procuram pela solução mágica da felicidade em forma de pílulas", afirma Sandra Mara Comper.

No Brasil, o mês de janeiro foi escolhido como o período da campanha "Janeiro Branco", que propõe um olhar para a saúde mental. Inspirado no outubro rosa, quando se luta contra o câncer de mama, psicólogos de todo o país se uniram no intuito de alertar a sociedade para a necessidade de cuidados com a mente, assim como já acontece com doenças físicas.

Sobre o Zenklub 

O Zenklub é uma plataforma online que oferece sessões psicológicas por vídeo-chamada. A startup brasileira foi criada em 2016, a partir da percepção do médico e CEO da empresa, Rui Brandão, de que o sistema médico estava mais focado em curar doenças do que em promover saúde e bem-estar. Foi quando ele se juntou ao sócio programador Tiago Curião e investiu na ideia inovadora de mudar essa realidade com o apoio da tecnologia.

O objetivo do Zenklub é proporcionar um estilo de vida mais saudável e permitir que as pessoas se empoderem da saúde mental e do bem-estar como cuidados fundamentais para uma vida plena. Do acesso aos psicólogos ao pagamento, tudo é feito online. Isso possibilita flexibilidade de horário e valores de sessões mais competitivos: cada atendimento custa a partir de R$ 80. Hoje, a plataforma já conta com mais de 80 psicólogos cadastrados e ativos.


Fonte: Terra

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Entenda a relação entre autocuidado e autoestima




Sabe quando você acorda, olha no espelho e se sente bem e feliz? Esta é, sem dúvida, uma ótima forma de começar o dia. Mas, como nem sempre você levanta com essa disposição toda, é necessário se enxergar melhor, lembrar sempre de suas qualidades e cuidar de si para melhorá-las. Aí entra o autocuidado. Não é difícil identificar que em algum momento do dia o utilizamos. Aquele banho gostoso, o cuidado com o cabelo e com a pele, a roupa bonita para vestir, etc.

Embora pareçam atitudes que fazemos para os outros, são também momentos dedicados a nós mesmos em um mundo no qual o tempo para si anda cada vez mais curto. Atitudes como essas já mostram que você se preocupa com seu bem-estar, segundo a psicóloga Doralice Lima, de São Paulo. "O amor próprio é uma peça importante no processo de aumento da autoestima", diz a profissional.

Conhece-te a ti mesmo

O autocuidado vai muito além da atenção aos detalhes do corpo. Saber mais sobre si mesmo é importante para cuidar de si mesmo. "Conhecer os próprios limites, capacidades e necessidades, ou popularmente, saber o tamanho das próprias pernas, é a medida justa para o bom funcionamento dessa máquina fantástica que é o seu ser humano e o seu corpo. E uma máquina, para estar bem azeitada, pressupõe conhecermos bem o seu funcionamento", pondera a psicanalista Joana de Vilhena Novaes, pós-doutora em Psicologia Social (UERJ) e coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção Social (LIPIS) da PUC-RJ. Por isso, questionar-se sobre o que te motiva, por quanto tempo você consegue ficar sem descanso e se você está feliz também é uma forma de se cuidar.

Processo de construção

A autoestima não é construída só com o que pensamos sobre nós. "Costumamos muito valorizar a opinião alheia. Um elogio ou uma crítica tem um efeito muito grande, para o bem ou para o mal, na maneira como nos enxergamos", pondera a especialista. Segundo a psicóloga, este é um território minado de pequenas armadilhas, onde uma crítica num momento de fragilidade pode ser como uma bomba com um resultado devastador.

Basicamente o erro está em se basear no que os outros dizem e usar isso como bússola para seu astral, esquecendo do amor próprio. "Quem faz isso deixa de enxergar suas qualidades e passar a viver apenas em função de agradar ou não decepcionar os outros, na espera de algo equivalente ao afago que o cachorro recebe ao balançar o rabo", diz. Deixar de ser quem é para se moldar como alguém que a sociedade deseja que você seja é negar suas peculiaridades, sua possibilidade de ser único.

Atenção aos obstáculos

Ser aceito pelo meio social é importante, afinal a rejeição também prejudica a autoestima. Como contrabalancear isso, agradar a si e aos outros? O psicólogo Viktor Frankl defende que atender apenas à expectativa alheia atrapalha e frustra a construção de uma personalidade sólida e estável. Já quem faz o oposto, ou seja, não dá a mínima para o pensamento coletivo, fazendo apenas o que acha certo, tende a se isolar e até criar um comportamento psicótico. Portanto, equilíbrio é a palavra-chave.

Doralice endossa a tese do especialista. De acordo com a psicóloga, o primeiro passo é ser cuidadoso consigo mesmo. Preparar a comida que você gosta, tomar banhos relaxantes, usar roupas confortáveis, se olhar no espelho e pensar nas qualidades que possui. "Dê uma volta no parque ou na praia e esvazie a cabeça dos problemas pelo menos por alguns instantes", recomenda a especialista.


Fonte: Minha Vida

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Janeiro Branco é o mês a favor da saúde mental




O ano de 2017 começou e uma nova campanha importante de saúde se inicia. Agora é a vez do janeiro branco, uma campanha que pretende mobilizar a sociedade em favor da saúde mental. O assunto ainda é pouco discutido pela sociedade e ainda há muito tabu em volta do tema. No Brasil, o número de casos de depressão, ansiedade, fobias, pânico e até agressividade cresce cada vez mais e o assunto deve ser debatido por todos.

A escolha do mês de janeiro não foi aleatória. É um período em que as pessoas buscam um novo começo, traçam novos planos e um novo estilo de vida. Além disso, muitas pessoas passam pela melancolia de fim de ano e boa parte delas fica fragilizada e deve buscar ajuda profissional para começar a cuidar da mente. Já a definição pela cor branca representa o quadro branco, no qual pode ser escrita uma nova história da saúde mental, sem tabus e preconceitos que a cercam.

Vale ressaltar que a maioria das pessoas, atualmente, ainda acha que ir ao psicólogo é “coisa de louco”. Trata-se de uma herança da cultura antiga e ultrapassada de higienização, onde se tirava tudo aquilo que incomodava na sociedade e isolava em manicômios. O trabalho de conscientização da campanha é mudar essa percepção e permitir que cada vez mais pessoas possam ter o acompanhamento adequado em prol de uma sociedade mais saudável e consequentemente mais segura e agradável. Afinal, quem cuida da mente, cuida da vida.

Fonte: AMBEP

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Esperança: quando o tempo fecha em nossas vidas, sentimento pode ser muito útil para integridade física e mental

O pensamento positivo nos anima a prosseguir quando tudo parece nebuloso. É um sinal de saúde mental, afirmam estudiosos, e uma forte aliada no tratamento de doenças, como a depressão. Para os pessimistas, uma boa notícia: ele pode ser aprendido.


O significado de esperança assume formas diferentes para cada pessoa. Há os que se agarram a ela em todas as situações da vida. Os que lembram da sua existência apenas quando a vida impõe provações. E os pessimistas que preferem ignorá-la por completo e assumir que a vida é dura e pronto. Com a chegada no novo ano, no entanto, fica difícil desapegar-se dela. É tempo de olhar para o futuro, renovar pedidos, fazer votos, agarrar-se a superstições. E que 2015 seja melhor.

Parece conversa de autoajuda, mas não é assim que a ciência olha para o assunto. Charles Richard Snyder, um dos expoentes da psicologia positiva (movimento da psicologia que estuda a busca pela felicidade), definiu esperança em seus estudos como a “habilidade de gerar caminhos ou rotas para seus objetivos, acreditando que se pode usá-los para chegar até eles”. Anos depois, seguidores do seu trabalho acreditam que nutri-la pode não apenas levar a uma vida mais leve, mas ajudar no tratamento de doenças, como a depressão.

“Ter esperança é um sinal de saúde mental”, acredita a psicóloga Lilian Graziano, diretora do Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento. “A depressão seria a total ausência de esperança, quando a pessoa não vê mais luz no fim do túnel”, continua. Em 2008, a psicóloga Jennifer Cheavens, da Ohio State University, nos Estados Unidos, mediu os níveis de esperança de um grupo de pessoas com base em um questionário de 12 perguntas desenvolvido por Snyder. Na ocasião, constatou-se que os “esperançosos” apresentavam menos sintomas de depressão. “Ter esperança pode aliviar ou prevenir a depressão ao ajudar a construir um mapa mental para que o paciente consiga o que deseja na vida”, explica Cheavens.

A boa notícia para os pessimistas é que esperança pode ser aprendida, graças à capacidade do cérebro de continuamente criar novas conexões cerebrais — a neuroplasticidade. Mas é preciso treino. E, segundo alguns psicólogos, treinar passa por recorrer aos amigos, acreditar que o mundo pode ser um lugar bom e inofensivo, vislumbrar um futuro e ter fé — em Deus, em um ser maior, no governo ou no que quer que seja. Em tempos de tragédias, epidemias mundiais e guerras territoriais, parece difícil. Mas o ano que chega traz novo fôlego para recomeçar. “Ainda vai chegar um dia em que as pessoas vão cuidar tanto das suas emoções quanto cuidam de seus corpos”, torce Lilian Graziano. Não custa tentar.

Aprendizado ao alcance de todos

A esperança está longe de constar entre os temas e sentimentos mais estudados pela ciência, mas vem ganhando espaço com os estudiosos da psicologia positiva, movimento que estuda as emoções positivas e a busca do homem pela felicidade. Os poucos estudos concluídos até agora mostraram que a esperança pode ajudar a combater e a prevenir doenças mentais e a dar força em tratamentos difíceis, como o da aids e o do câncer.

Acredita-se que, como todos os outros traços da personalidade humana, a esperança — ou a falta dela — possa ter fundo genético ao mesmo tempo em que é moldada por fatores ambientais ao longo da vida. “Se uma pessoa cresceu em uma família de pensamentos negativos e pessimistas, provavelmente será um adulto com tendência ao mesmo comportamento”, explica a psicóloga Lilian Graziano, do Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento. Não quer dizer que isso não possa ser corrigido. Com a descoberta de que o cérebro é capaz de se modificar e criar novas conexões por quase toda a vida, cientistas descobriram também que novas emoções e sentimentos podem ser “treinados”.

“Antes, acreditava-se que a neurogênese (formação de novos neurônios) acontecia apenas nas crianças. Hoje, sabe-se que ela acontece até os 65 anos. Isso quer dizer que, com treino, você pode aprender qualquer sentimento positivo, inclusive a esperança. Quando mais se usa uma rede neural — de pensamentos otimistas, por exemplo —, mais ela se fortalece”, esclarece a psicóloga.

O psicólogo Anthony Scioli, da Keene State College, ligada à Universidade de New Hampshire, divide a esperança em dois tipos: a fundamental, baseada no caráter e na formação do indivíduo, e a que ele chama de “esperanças últimas”, relacionadas a objetivos específicos, como uma cura ou uma promoção no trabalho. A primeira é a mais importante. “Ela é derivada, principalmente, da conexão com os primeiros cuidadores da pessoa. Cuidadores esperançosos tendem a transmitir calma e resiliência, assim como valores religiosos. Em outras palavras, os componentes básicos da esperança são ligações afetivas (confiança e abertura), maestria (objetivos de longo prazo), recursos de enfrentamento de riscos e uma dimensão espiritualizada da vida. Qualquer coisa que impacte esses quatro aspectos molda a formação da esperança”, ele diz.

Segundo Scioli, até a puberdade, é possível que essa noção de esperança fundamental já esteja estável, mas é possível mudá-la, estimulando alguns aspectos ou em terapia. “Fora da terapia formal, será preciso doses repetidas de exposição a pessoas que inspiram confiança, empoderamento, treinamento em resolução de problemas e alguma conexão espiritual para que essa esperança seja reconstruída”, disse o pesquisador norte-americano à Revista.

Em 2006, Anthony Scioli mediu os níveis de esperança em 16 pacientes HIV positivos, na faixa etária de 35 a 61 anos, segundo o que ele chama de “teoria integrativa da esperança”, algo que soma visões de esperança de vários campos, como a teologia, a filosofia, a psicologia e a sociologia. Quatro anos depois, ele e sua equipe refizeram a medida, colhendo, dessa vez, amostras de sangue para medir os níveis de CD4 (linfócitos que, em contagem baixa, indicam avanço da doença). Aqueles considerados os mais esperançosos em 2006 mantiveram seu sistema imunológico mais forte ao longo desses quatro anos. Em 2010, os pacientes com maior esperança durante o estudo tinham sua contagem de CD4 no sangue 40% superior à dos demais.

“Mesmo os pacientes mais esperançosos ainda estavam HIV positivos quatro anos depois e, sem medicação e cuidados adequados, sucumbiriam à doença”, pontuou Scioli no estudo, publicado em 2011. “No entanto, em diferentes tipos de doença, e em todos os seus níveis de severidade, observamos diferenças individuais. Nossos resultados suportam a antiga crença de que essa variação na adaptação humana à doença pode se dever à esperança.”

Escudo contra a depressão

Para além dos males físicos, os níveis de esperança também parecem estar associados à proteção contra disfunções emocionais, como a depressão. Essa é a conclusão de dois estudos liderados pela psicóloga Jennifer Cheavens, da Ohio State University. Em um deles, ela examinou 97 adultos, a maioria com mais de 60 anos, que haviam recebido o diagnóstico de degeneração macular ou outras condições que levassem à cegueira.

Ela e sua equipe mediram os níveis de esperança e depressão tanto nos pacientes quanto em seus cuidadores. Elas perceberam que, como o esperado, quanto maiores os sintomas de depressão nos pacientes, mais deprimidos eram seus cuidadores. No entanto, os cuidadores que tiveram maior pontuação para esperança mostraram menos sintomas de depressão, mesmo se os pacientes dos quais cuidavam fossem deprimidos. Eles também mostraram estar mais satisfeitos com a vida e com menos sentimentos de peso ou fardo. O que mostra que ter esperança pode servir como uma proteção contra a doença.

No segundo estudo, Cheavens e sua equipe testaram uma terapia baseada na esperança com um grupo de 32 pessoas atraídas por um anúncio de jornal que pedia por voluntários dispostos a atender reuniões semanais. O objetivo dos encontros era incrementar a capacidade dos participantes de atingir seus objetivos. Os voluntários não tinham diagnóstico de depressão ou outra doença mental, mas se sentiam insatisfeitos com a vida.

A terapia não focava no que estava errado na vida deles, mas na construção de habilidades que os ajudassem a se realizar. Os participantes selecionados para comparecerem às sessões aprenderam coisas como identificar objetivos, formas de alcançá-los e técnicas de motivação. Ao fim, eles tiveram melhoras nos sintomas de depressão, quando comparados ao grupo de controle que não participou do experimento.

“Eu não acho que, no ponto em que estamos, podemos dizer que encorajar uma pessoa a ter pensamentos esperançosos substituiria um bom tratamento para a depressão. No entanto, eu acho que boas psicoterapias podem resultar em um aumento desse tipo de pensamento — é um efeito colateral feliz”, diz Jennifer Cheavens. Quanto às doenças físicas, a pesquisadora também acha que ter esperança pode beneficiar, ainda que indiretamente, o tratamento. “Acho que estar esperançoso pode ajudar com o estresse associado à doença e ainda reduzir o sofrimento associado às mudanças físicas. Também acredito que pensar com esperança ajuda a manter em mente a vida que se quer viver e a se movimentar em direção a ela enquanto se luta contra uma doença”, conclui. 

Fonte: UAI

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Felicidade: adote atitudes que elevam esse sentimento


Qual a relação entre dinheiro e felicidade? Contrariando a ideia de que quanto mais, melhor, uma nova pesquisa feita pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, descobriu que não precisa ter uma carteira farta para ser feliz, mas de uma condição financeira estável envolvendo em torno de R$ 6.800. A explicação é simples: de acordo com os pesquisadores, uma renda muito pequena evidencia problemas emocionais associados a aborrecimentos, como doenças, solidão e divórcio. 

Estado de contentamento, alegria, euforia e de satisfação íntima... isso tudo caracteriza o sentimento de felicidade. Para alcançá-la, de acordo com a explicação da pesquisa norte-americana, você teria que desembolsar cerca de R$ 81.600 todo ano, o que, no fim das contas, não sai nada barato. Mas, saiba que com algumas atitudes simples você consegue ficar mais próximo desse sentimento que faz tão bem e o melhor é que você não precisa gastar um centavo. Confira sete pequenos hábitos que você pode começar a fazer agora.

1.Aproxime-se de quem você gosta

Você é o principal responsável pela sua felicidade, porém, as pessoas que estão a sua volta te fazem rir, te dão apoio, carinho e, por isso, ajudam e muito o nosso dia a dia a ser mais colorido. E não é só isso. "Nossos amigos agem como uma rede de sustentação que alivia as nossas quedas. A eles pedimos e damos conselhos, quando não sabemos o que fazer. Pedimos e damos colo e ombro para chorar. Essas experiências são valiosíssimas porque fazem com que nossa dor seja validada", explica a psicóloga Cecilia Zylberstajn. Por isso, não se esqueça nunca: nenhum homem é uma ilha. Procure manter seus amigos e sua família sempre por perto.

2.Participe de uma causa

De acordo com a pesquisa americana, o fator campeão de bem-estar é a religião, pois quem vai a igreja faz amigos por lá e compartilham de uma crença e objetivos comuns. Mais do que ser religioso, é importante ter uma causa, um motivo pelo qual você lute e acredite. A troca de informação e a convivência com outras pessoas que partilhem de opiniões parecidas e defendem causas semelhantes tem um impacto positivo e se torna mais um caminho para a felicidade.

3. Cuide da sua saúde

Comer melhor, dormir bem, movimentar o corpo, afastar o estresse, tudo isso são hábitos que favorecem a longevidade. Basta vontade de mudar. Para o cardiologista Bruno Ganem, hábitos saudáveis são capazes de melhorar a qualidade de vida e muito mais: fazem com que a pessoa fique otimista diante da vida. 

Os bons hábitos alimentares também promovem uma onda de bem-estar e boa saúde. A nutricionista Lucyanna Kalluf explica: "Sem uma alimentação equilibrada o organismo fica suscetível a males como depressão, irritabilidade, insônia, ansiedade e mau humor. Além do risco da obesidade e doenças cardiovasculares", diz a especialista. Tudo isso é impeditivo para o estado de felicidade. 

4. Não assuma tudo sozinho

Carregar o mundo nas costas traz dor, cansaço, desgaste e só. Quem tem o hábito de fazer isso precisa ficar atento e procurar alternativas para dividir as tarefas com as pessoas que querem e podem te ajudar. De nada adianta fazer tudo sozinho e ficar sem tempo para você mesmo. Divida seus problemas e funções, peça e aceite ajuda, trabalhe com prioridades. "Diante das situações, avalie e escolha sempre as melhores alternativas, aquelas que mais te interessam e são emergenciais. Deixe o que é menos importante para depois, lembre-se sempre que somos humanos e, portanto, limitados. Não conseguimos fazer tudo sempre", afirma a psicóloga Mariuza Pregnolato, da Universidade de São Paulo.

5. Aprenda a achar soluções

O estresse vem quando estamos com o corpo e a mente sobrecarregados. Ele traz pensamentos negativos que, em menor ou maior medida, afetam o jeito como encaramos a vida. Ninguém é feliz 100% do tempo, os problemas sempre surgem e, em certa medida, são bons para "pregar os pés no chão". Porém, o segredo é encará-los de frente, não deixando que eles causem desgastes. "Não gaste o seu tempo e a sua mente preocupando-se com os problemas. Em vez disso, ocupe-se trabalhando neles para resolvê-los e use sua mente com pensamentos positivos e um sorriso no rosto", indica a psicóloga Mariuza Pregnolato.

6. Cobre menos de si mesmo

Gostar de si mesmo é essencial para o bem-estar. "Para que estejamos bem, é necessário que estejamos sintonizados com nós mesmos. Na prática, isso significa relativizar a importância de tudo que nos atinge de fora para dentro", diz a psicóloga da USP, que completa: "É preciso aprender a ficar, dentro do possível, imune aos golpes que a vida nos desfere vez por outra. Para isso, precisamos aprender a cultivar e a expressar nosso próprio modo de ser e apreciar a vida sendo do jeito que somos, sem procurar agradar a todos, até porque isso é impossível."

7. Viva o presente

Muita gente se envolve em planos para o futuro de tal forma que acaba vendo a vida passar rapidamente. Esse tipo de atitude adia a felicidade e para que? "Muitas vezes nos frustramos por passar muito tempo programando um futuro que não acontece exatamente do jeito que sonhamos. As pessoas mais felizes aprenderam a moldar seus sonhos, a viver no presente. São as que entenderam que o futuro é a ressonância do hoje", defende a neurologista Claudia Klein. Lembre-se que a felicidade não é um estado permanente, que se atinge e lá se fica. Ela vem e volta, e é normal que isso aconteça. O principal é fazer com que mais momentos felizes entrem em nossa vida. E saber lidar com os altos e baixos.

Os campeões da infelicidade

Os pesquisadores da Universidade de Princeton ouviram 450 mil americanos para o estudo sobre a felicidade. A pesquisa trouxe também resultados sobre os fatores que, não só afetam os momentos felizes, mas trazem justamente o contrário: infelicidade. Para os norte-americanos, são eles: 

1º Solidão 

2º Dores de cabeça 

3º Problemas crônicos de saúde 

4º Vício em cigarro 

5º Ter que sustentar alguém da família 

6º Obesidade 

7º Divórcio

Fonte: MINHAVIDA

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Afaste oito erros que impedem o seu relaxamento

As opções que você busca podem aumentar o seu estresse em vez de trazer tranquilidade


O estresse enfraquece a imunidade, acaba com o humor, perturba o sono e pode até favorecer doenças e distúrbios alimentares. Motivos não faltam para se livrar desse mal, mas de nada adianta investir em todas as alternativas para combatê-lo sem saber direito como usá-las. A massagem ou a academia que você reservou no final do dia para fugir das tensões, por exemplo, pode ser mais um empurrãozinho para a crise de estresse estourar. Sabe por quê? Confira o que psicólogos e estudos mostram e descubra.
Frequentar academia no fim do dia
É verdade que a prática de exercícios físicos libera hormônios que proporcionam o bem-estar, mas o final da tarde e a noite costumam ser os horários mais lotados da academia. Com tanto barulho e movimentação, talvez o seu corpo e a sua mente não consigam descarregar toda a tensão acumulada. O mesmo vale para outras atividades de lazer que costumam ser bem tumultuadas, como fazer compras em dias de comércio lotado. 
Segundo a psicóloga Milene Rosenthal, sócia-fundadora do Psicolink, reservar um momento do dia para ficar em um ambiente mais tranquilo faz muita diferença: "Quando não existem estímulos externos para manter a atenção em alerta, as atividades cerebrais tendem a diminuir, fazendo com que o cérebro fique mais descansado e relaxado".

Marcar massagem em um dia de agenda lotada

Você está cheio de compromissos, mas sustenta a ideia de que precisa ter um momento de lazer e relaxamento no dia. De fato você precisa, mas não dá para apertar ainda mais a agenda para encaixar uma massagem se o saldo final será um estresse enorme para correr e conseguir fazer com que tudo dê tempo. "O cérebro entende o excesso de atividades como uma ameaça e libera hormônios do estresse", conta a psicóloga Milene. Manter uma rotina dessa forma pode acabar favorecendo o aumento da pressão arterial e a diminuição da capacidade de aprendizado, entre outros problemas.

Checar e-mail pessoal toda hora durante o trabalho

Parece que fazer algumas pausas durante o dia para olhar redes sociais e email pessoal é uma ótima forma de se abstrair do estresse no ambiente de trabalho. Mas você já parou para pensar com que frequência está fazendo isso? A cada parada, o seu cérebro não relaxa, pois precisa retomar o raciocínio e a concentração para você voltar à atividade profissional. As tarefas podem ficar cada vez mais acumuladas, sem contar que você não descansa o corpo, o mantido o tempo todo na frente do computador, na mesma posição. 

"Quando o trabalho flui, evitamos o estresse, economizamos tempo e poupamos a nossa mente de preocupações desnecessárias", explica a psicóloga Glauca Lage, de Belo Horizonte. Por isso, é melhor organizar uma agenda de tarefas e controlar as escapadinhas para e-mails e redes. Na hora em que se sentir muito estressado, procure dar uma volta, fazer um lanche e alongar o corpo.

Ficar grudado no celular

Aparelhos telefônicos com internet permitem que as pessoas se distraiam a qualquer hora e fiquem o tempo todo ligados a pessoas queridas, mas eles não podem virar um vício. Um estudo da University of Gothenburg, na Suécia, analisou 4.100 pessoas durante um ano e identificou uma relação entre o uso de internet com problemas de saúde, como estresse, depressão e dificuldade para dormir. Segundo os pesquisadores, é muito fácil ficar mais tempo do que o planejado navegando, aumentando a pressão para conseguir cumprir as atividades e compromissos do dia.

Manter vários contatos no Facebook

Um recente estudo traz mais um gatilho para o estresse relacionado à internet: ter muitos amigos no Facebook. Aparentemente parece ser bom porque você tem muitos contatos para se relacionar, certo? Por outro lado, pesquisadores da Edinburgh Business School (Reino Unido) apontam que é mais provável que algo que você diga ou faça na rede social ofenda alguém ou prejudique a sua reputação. O estudo avaliou 300 usuários do Facebook e revelou que adicionar empregadores, pais e ex-namorados, por exemplo, resulta em um aumento da ansiedade. Afinal, é preciso filtrar tudo o que você vai publicar. O comportamento que você tem na frente dos seus pais nem sempre é o mesmo que tem na frente dos amigos, por exemplo.

Encher o fim de semana de compromissos

Quem marca mais compromissos de lazer no fim de semana do que é capaz de cumprir corre grandes riscos de chegar ao final do domingo esgotado e com a sensação de que não relaxou. "O período de folga fica corrido e, de novo, o estresse acaba preenchendo um espaço que deveria ser voltado ao estímulo do bem-estar, da tranquilidade e da paz interior", afirma Milene Rosenthal. Faça uma parada para recompor as energias perdidas durante a semana e iniciar a segunda-feira com pique.

Fugir de problemas

Dar as costas para o mundo toda vez que você quer relaxar não é exatamente a forma mais adequada de afugentar o estresse. Cedo ou tarde será preciso lidar com os empecilhos que você está ignorando. "Além disso, muitos problemas que não são resolvidos logo de início podem piorar e se tornar mais complexos, aumentando a preocupação constante e o estresse", lembra a psicóloga Milene. A alternativa para isso? Separar dois momentos na sua rotina: um exclusivo para enfrentar essas pendências e outro para relaxar.

Beber muito líquido à base de cafeína para ter mais disposição

Você quer ter pique até o último momento do dia e investe em café, guaraná e outras bebidas para conseguir se manter na ativa. Na hora de se deitar, o tão esperado sono não chega e nada de você relaxar. Isso soa familiar? "Existem inúmeras pesquisas que comprovam que a cafeína é um estimulante para o organismo e traz dificuldade para dormir", comenta Milene Rosenthal. 

Horas antes de se deitar, pare com essas bebidas e adote as sugestões da psicóloga Andreia Calçada, do Rio de Janeiro: tome um banho quente e relaxante, prefira programas mais tranquilos de televisão, alimente-se de forma leve e faça exercícios de respiração e relaxamento.

Fonte: MINHAVIDA

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Como a terapia funciona?


Muitas pessoas que procuram pela primeira vez uma psicoterapia não sabem exatamente o que ela é, como ela funciona e o que pode se esperar desse processo. Algumas vezes, as pessoas procuram terapia por recomendação de outro profissional de saúde, como um médico, sem saber exatamente como o trabalho com um terapeuta pode ajudá-las.
Como a psicologia é um campo muito amplo, pode haver diversas formas de realizar uma psicoterapia, de acordo com abordagem teórica do profissional. Além disso, mesmo dentro de uma linha de pensamento, cada terapeuta tem a sua forma de trabalhar, o seu estilo de atender. Alguns aspectos da atuação do psicólogo são regidos pelo Código de Ética Profissional e devem ser respeitados independentemente da forma de trabalho do terapeuta. Tirando esses aspectos, é impossível dizer como funcionam todas as psicoterapias disponíveis no mercado, de forma que vou usar como base a forma como desenvolvo o trabalho na clínica em que atendo, o Núcleo Interface de Psicologia.

1. O profissional

A psicoterapia é realizada mais frequentemente por psicólogos e psiquiatras. Um psicólogo é um profissional que fez um curso de graduação em psicologia, que dura cinco anos. Já um psiquiatra é um médico que se especializou em psiquiatria. Apenas os psiquiatras podem prescrever medicações. É muito comum o trabalho conjunto entre psicólogos e psiquiatras, em que a pessoa atendida faz terapia com o psicólogo e acompanhamento da parte medicamentosa e física com o psiquiatra. Como comentei anteriormente, cada profissional tem uma linha de trabalho. Essa linha de trabalho contém os instrumentos que o psicólogo utilizará para avaliar e tratar seu paciente. Eu atuo com Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). Ambas têm um respaldo científico significativo em relação à sua eficácia e seriedade.

2. O sigilo

Um dos aspectos fundamentais da psicoterapia é o sigilo, garantido pelo Código de Ética Profissional. Isso significa que o psicólogo não pode falar com outras pessoas aquilo que é discutido em sessão, de forma que você possa falar abertamente sobre seus problemas sem receio de que eles sejam conhecidos por outros. Eventualmente, o psicólogo pode discutir o seu caso com um supervisor, colegas ou outros profissionais, mas, quando o faz, deve falar apenas o necessário, sem identificar a pessoa atendida.

3. O espaço

A sala de um psicólogo é parecida com a sala de estar de uma casa. Geralmente existem pelo menos duas poltronas, uma para o terapeuta e outra para a pessoa atendida. Alguns terapeutas utilizam divãs, que é uma espécie de poltrona comprida em que você pode se deitar. Psicólogos que atendem crianças podem ter uma área para jogos, brincadeiras e atividades lúdicas. O ideal é que seja um espaço silencioso, confortável e seguro. Na minha sala, há uma poltrona, um sofá de dois lugares, uma estante com livros, um armário, uma mesinha de canto e plantas.

4. O valor

Os psicólogos geralmente cobram por consulta, ou sessão. É comum que, quando a pessoa está em tratamento e faz várias sessões por mês, cobre-se um “pacote”, ou valor fixo mensal. O valor é algo estabelecido de forma bastante pessoal, geralmente variando de acordo com a qualificação e experiência do terapeuta, a localização e as condições do consultório, o tipo de público que o profissional atende, entre outros aspectos. O Código de Ética Profissional proíbe o psicólogo de usar o preço da sessão como chamariz para atrair clientes.

5. A avaliação ou diagnóstico

A primeira coisa que o terapeuta faz quando tem o primeiro contato com a pessoa atendida é a avaliação, ou o diagnóstico psicológico. Nesse processo, fala-se sobre os motivos pelos quais a pessoa procurou atendimento, tentativas de resolução do problema, história de vida e as expectativas em relação à terapia. A avaliação pode durar uma ou mais sessões. No meu caso, a avaliação é um processo constante: estou frequentemente discutindo com as pessoas que atendo o seu estado atual, a fim de verificar se a terapia está funcionando, se as dificuldades estão melhorando e se o rumo do trabalho deve permanecer o mesmo.

6. A sessão

Depois de feita a avaliação, costumo discutir com a pessoa atendida os objetivos da terapia, bem como a frequência das sessões. Sessão é o termo que se utiliza para denominar uma consulta psicológica. Ela geralmente dura cerca de 50 minutos. Eu costumo fazer, com as pessoas que atendo, uma sessão por semana. Em momentos de crise ou em situações mais graves, posso atender uma mesma pessoa duas vezes por semana. Por outro lado, quando a pessoa está finalizando o processo de terapia, é comum que, antes do término, sejam feitas sessões mais espaçadas, como por exemplo a cada duas semanas.

7. O tratamento

Ao longo das sessões, o terapeuta realiza o tratamento propriamente dito. É aqui que as psicoterapias se diferenciam bastante. Cada abordagem emprega diferentes técnicas ou métodos para favorecer a mudança por parte do cliente, a fim de que ele atinja os objetivos da terapia. O método também varia de acordo com o quadro da pessoa que é atendida. De forma geral, a minha forma e trabalho é compreender como a pessoa percebe o mundo e consequentemente, como ela age. Tento entender, a partir da sua história de vida, quais os motivos pelos quais ela tem uma determinada forma de enxergar as coisas e de se comportar. Com essa análise, é possível pensar em maneiras alternativas de encarar as situações e de agir, sempre na direção daquilo que ela espera ou deseja para sua vida. Costumo trabalhar bastante com atividades que a pessoa atendida pode desenvolver fora da sessão, no seu dia a dia, pois acredito que elas são determinantes para promover as mudanças. Obviamente, essa é uma explicação muito resumida; o processo real é bem mais complexo do que isso.

8. A duração

Algumas formas de terapia mais estruturadas têm uma duração pré-determinada, como oito ou doze semanas. Contudo, a maior parte dos terapeutas — eu inclusive — prefere não trabalhar com um prazo fixo. Primeiro, porque é difícil prever como a pessoa atendida reagirá ao tratamento; muito do sucesso da terapia depende dela mesma. Segundo, porque o foco do tratamento pode mudar ao longo do processo, e isso pode alterar o tempo necessário para se atingirem os objetivos desejados.

9. A finalização

Quando a terapia atinge seus objetivos, ela pode ser finalizada. Isso deve ser discutido entre o terapeuta e a pessoa atendida, para que seja feito de uma forma confortável para o cliente. Eu tenho como hábito deixar isso bastante claro, sinalizando para a pessoa que a terapia pode ser encerrada: “minha opinião é de que você está bem em relação aos motivos que a trouxeram para a terapia. Acredito que você pode lidar com eles sem acompanhamento terapêutico daqui para a frente.” Muitas pessoas expressam o desejo em continuar o processo terapêutico com outros objetivos, como o de autoconhecimento. Isso pode ser feito, mas para mim é como se uma nova terapia estivesse começando, com uma nova avaliação e novos objetivos, que estabeleço junto com a pessoa que atendo.
Esse é um resumo que busca esclarecer um pouco as dúvidas mais comuns sobre como funciona a psicoterapia. Mais uma vez, existem diversas formas de trabalho, variando de abordagem para abordagem e profissional para profissional. É sempre importante procurar por um psicólogo com quem você se sinta à vontade e que seja competente na resolução dos seus problemas. De forma geral, a terapia é uma experiência bastante positiva para as pessoas, mesmo quando há um certo preconceito contra ela. Se você acredita que pode se beneficiar de apoio psicológico para encaminhar sua vida de uma maneira melhor, vale a pena experimentar.
Fonte: VIDABOA