Um dos grandes cuidados que precisamos
ter com nossas crianças é dar-lhes a possibilidade de transitar no espaço
infantil com segurança, respeito e com o direito de serem crianças. A palavra criança
vem do Latim creare, “produzir, erguer”, relacionado a crescere,
“crescer, aumentar”, do Indo-Europeu ker-, “crescer”.
Ou seja, a possibilidade de crescerem
em um ambiente no qual acredita-se que o mundo é “bom e belo”. Onde reine a
fantasia, bonecas de pano, toquinhos de madeira que viram foguetes, aviões,
flores e carruagens. Que elas possam se confundir com suas mães e chorarem ao
se separar, pois elas só tem 2 anos de idade. Que elas possam ter o direito de
brincar, brincar e brincar. Que elas possam subir em árvores, empinar pipas,
não usarem maquiagem e nem pintar as unhas.
Que meninos e meninas possam ser
cavaleiros montados em seus cavalos alados indo passear no mundo encantado de
um reino “Tão.. tão.. distante”.
Que nossas crianças possam ter o
direito de não saber o que seja um “Xbox, tablets, iphones” e possam ter o dever de pisar na terra
descalço olhar para o céu e adivinhar qual é a forma daquela nuvem.
Nossas crianças estão sendo obrigadas
a crescerem muito rápido!
O mundo se tornou uma vitrine decorada
por luzes, cores e efeitos especiais que nos confundem, nos deixa na dúvida
quanto ao tamanho real do nosso manequim, se é dia ou noite, se o ritual da
espera do Natal inicia-se em Outubro ou Dezembro.
Nossas crianças não percebem a entrada
da Primavera nem vivenciam o seu significado. Nossas crianças não re-conhecem
os ADULTOS, pois se igualam a eles, e nessa ciranda todos se misturam e se
ADULTERAM.
É muito comum encontrarmos em nossas
rodas de amigos e família, uma criança que ganhou poder ou subiu de posto na sua
hierarquia familiar, quebrado assim, a ordem natural do fluxo do amor, onde Pai
funciona como filho, e filho, funciona como Pai.
Geralmente, quando isso acontece, esse
núcleo familiar torna-se uma verdadeira “Torre de Babel”, onde ninguém fala a
mesma língua. Ninguém se escuta. Fica difícil perceber e manter a ordem, pois
as fronteiras estão “diluídas”, ou melhor, “permeáveis”. Não há uma
filtragem... todo mundo junto e misturado!
E assim, nossas crianças vão se
tornando menos originais e mais cópias. Cópias essas adulteradas pela
superficialidade da sociedade fast food, que não respeita o tempo que uma
lagarta leva para sair do casulo, e logo estão abrindo esse mesmo casulo
justificando-se que possivelmente aquela “lagarta-borboleta não iria conseguir
sair com vida, pois estava muito “apertado”! Então, criamos seres que não podem
se sentirem apertados, seres que ficam pela metade: Metade lagarta, metade
borboleta; Metade homem, metade menino. Metade monstro, metade humano. Seres
desintegrados, desconectados... Adultos Adulterados!!
Artigo elaborado pela Psicoterapeuta Myrna Nascimento.
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