domingo, 15 de dezembro de 2013

NATAL …...

Desejo que a "Estrela-Guia" brilhe e guie o coração de cada um de nós para um mundo mais humano e com o verdadeiro "Espírito da coisa…"

Qual é o seu verdadeiro sentido para o Natal?

Qual é o seu verdadeiro sentido de caminhar nessa vida?

Qual é a verdade do seu Ser?

Qual é o "espírito de vida…" que você coloca nas coisas da sua vida?


Para refletirmos sobre isso trouxe um texto não tão novo, mas muito atual e que gosto muito, de uma das minhas escritoras favoritas, Martha Medeiros.

Um Natal repleto de significado real e terno para todos nós!! Mais amor, mais simplicidade e mais entrega!!


O Espírito da Coisa(Martha Medeiros)



VOCÊ SEMPRE PEGA O ESPÍRITO DA COISA? Geralmente o espírito da coisa é algo que fica subentendido, só as almas atentas conseguem captá-lo. A verdade é que, em um mundo cada vez mais pragmático, é difícil pegar o espírito da coisa, seja que coisa for esta.

O que dizer então do espírito do Natal? Antes ele entrava no ar assim que dezembro iniciava. O espírito deste mês, para quem foi criança em outros tempos, era de pura magia. O Natal, que demorava tanto para chegar, estava batendo à porta. “Quantos dias faltam, mãe?” “Agora falta pouco, querida”. “Quanto?”  “Uns 20 dias”. “Tudo isso?!!”

Mas a gente sabia que era pouco se comparado à longa espera de um ano inteiro. Em maio, junho, julho, o Natal ainda estava a perder de vista. Natal era o arremate do calendário, era a compensação por tanto estudo e provas na escola, era o prêmio por termos nos comportado bem, era a hora de colocar uma roupa bonita e ter algum desejo atendido, era hora de comer umas delícias diferentes, de rezar, de acreditar em todos os sonhos. O céu ficava mais azul, as estrelas se multiplicavam e nunca, nunca chovia em dezembro. Então finalmente chegava o dia 24. A empregada era liberada logo depois do almoço, o pai voltava mais cedo pra casa e nenhum moleque reclamava de ir pro chuveiro, até gostava. Já de banho tomado, era hora de esperá-lo. Ele. O verdadeiro deus de toda criança, Papai Noel.

Hoje mal entra dezembro — e com ele, trovoadas — e os shoppings lotam, o trânsito entope, os filhos pedem coisas caríssimas e ganham antes mesmo da noite feliz. Comprar, comprar, comprar. Você, meio sem grana, faz o que pode. Os outros, meio sem nada, você faz que não vê. Mas eles estão entre nós: crianças pedindo um lápis de presente, pedindo colchão de presente, sonhando com o primeiro iogurte de suas vidas. E a gente voando de um lado para o outro, sem tempo pra eles.

Isso tudo foi até ontem, quando dezembro acabou. Ao menos este dezembro insensato, ansioso, consumista, ateu, que dura 24 dias febris, onde todos correm, todos estão atrasados, todos têm compromissos inadiáveis. Uma amiga me escreveu no auge do estresse: “Pensar que o próximo será só daqui a um ano é a melhor parte da história”.

Antes de começar a contagem regressiva para o próximo, temos hoje. Temos este hiato, o dia 25. Um feriado, um domingo, uma trégua. As lojas estão todas, todinhas, fechadas. Sobrou alguma coisa da ceia para beliscar na geladeira. Você vai sentir sede de suco natural, de água gelada. Vai colocar música pra tocar, vai vestir uma camiseta limpa. Você não tem nada pra fazer, nenhum motivo pra tirar o carro da garagem, nenhuma razão para procurar vaga para estacionar. Hoje você vai andar a pé, no máximo de bicicleta. Vai falar mais pausadamente. Não vai ligar a TV, prometa. Nem sei por que abriu o jornal. Hoje é dia de caminhar devagar, de chinelo ou pés descalços. Dia de olhar bem fundo nos olhos do porteiro que está trabalhando, do motorista de ônibus que está trabalhando, e desejar a eles um feliz Natal pra valer. Com sentimento. Um sentimento que não seja medo nem angústia.

Paz.

É hoje o dia que nos restou pra isso. Um dia para sairmos de casa apenas para ir até alguém que nada possui e ofertar um pedaço de bolo, uma barra de chocolate, um travesseiro, um sabonete, uma bola, qualquer coisa que signifique uma verdadeira extravagância diante de tanta miséria. Terminou a histeria coletiva, terminou a festa, terminou a semana. É hoje, antes que tudo reinicie, que você poderá encontrar o verdadeiro espírito da coisa. Não deixe que ele escape. 


Fonte do texto: http://semeaduradeluz.blogspot.com.br/2008/11/o-esprito-da-coisamartha-medeiros.html

terça-feira, 19 de novembro de 2013

RELA - ACIONAR


Atualmente venho refletindo muito sobre as relações. E não acredito que isso seja um comportamento tão original da minha parte, pois o relacionar está aí para vermos, vivermos e sentirmos.  

Percebo que atualmente esse comportamento que deveria ser uma condição intrísecamente humana, simples e natural tem se tornado um tema tão fervoroso e importante nos consultórios de psicologia, nos veículos de comunicação, nos livros de auto-ajuda.

Para quê estamos precisando de tanta ajuda para nos relacionarmos?

O que acontece nessa tal RELA – AÇÃO que vem incomodando tantas pessoas? Não era para ser o contrário? Por quê um ato de encontro ganha tanto espaço para des – entendimentos e sofrimentos?

Tenho percebido o quanto passamos pela vida sem nos dar conta que cada possibilidade de rela – ação é uma oportunidade de vínculo e um ato em potencial de AMOR.

Buscando o significado de vínculo encontrei atar, ligar a, apertar. Será que é isso?

Ficamos “apertados” para relacionar e depois por estar relacionando?

As relações nos aperta , nos aproxima do outro num movimento para “relar”, para apararmos nossas arestas, nossos corpos, nossas crenças, nossos valores,  nossas expectativas, nossos limites.

Relacionar nos traz para a realidade, nos tira da ilusão, nos faz mais humanos. Mas, ainda há aqueles que insistem em retornar para o imaginário, e dali viver um mundo paralelo. Onde acham que falou, que ouviu, que cuidou, que percebeu, que viveu uma história de amor. Acham! E daí a vida passa e continuam achando, imaginando.

Assunto polêmico, não?! Posso estar com essas questões também construindo uma “realidade paralela”.

Lembrei-me agora do Mito da Caverna de Platão. Muitas vezes, em nossos relacionamentos preferimos ficar dentro da caverna, recebendo apenas um feixe de luz que traz uma projeção do mundo externo. Mas, continuamos de costas, imóveis, acorrentados, olhando somente para a parede do fundo da caverna. E ali construímos nossas crenças.

Mas, se em algum momento meu companheiro (a) resolve se libertar das correntes, olhar para a fresta que permite a entrada do feixe de luz, escalar o muro com todas as dificuldades que esse caminho possa representar, sair da caverna  e encontrar o “mundo externo” e retornar para anunciar a “boa nova” para o que ficou dentro da caverna, isso pode representar um momento de crise, conflito, des – entendimentos, ocasionando uma exclusão,  sofrimento , mágoas, etc.

Ou seja, muitas vezes estamos preparados para viver uma rela – ação que nos mantenha olhando somente para o fundo da caverna, ficando no escuro, vendo somente as sombras e acreditando que o mundo lá fora se resume nisso. Vivemos entediados, mas na ilusão do conforto e da segurança de que tudo está no controle. Me aperto, mas não me permito expandir. Me vínculo, mas não me libero para RELA – ACIONAR.

RELA - ACIONAR é a minha possibilidade de sair da caverna, do fundo dela, de parar de enxergar somente as projeções e de viver na sombra. É poder olhar para a luz, para o mundo real e me expandir enquanto ser humano, que aprende  e caminha ora no seu próprio ritmo , ora no ritmo do Outro , e assim, bailando desenvolvo o ritmo, o passo, o compasso a melodia.


 Artigo elaborado pela Psicoterapeuta de Família e Casal Myrna Nascimento

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Cresça e divirta-se!

Viajei bastante para acompanhar algumas pré-estreias do filme Divã, baseado no meu livro homônimo. Delícia de tarefa, ainda mais quando a gente gosta de verdade do trabalho realizado, e esse filme realmente ficou enxuto, delicado e emocionante. Além disso, ainda consegue me provocar. A personagem Mercedes (vivida pela incrível Lilia Cabral) está fazendo análise e leva pro consultório muitos questionamentos sobre sua vida. Até que, passado um tempo, finalmente relaxa e se dá conta de que não há outra saída a não ser conviver com suas irrealizações. Diante disso, o analista sugere alta, no que ela rebate: Alta? Logo agora que estou me divertindo?.

Eu tinha esquecido dessa parte do livro, e quando vi no filme, me pareceu tão cristalino: um dos sintomas do amadurecimento é justamente o resgate da nossa jovialidade, só que não a jovialidade do corpo, que isso só se consegue até certo ponto, mas a jovialidade do espírito, tão mais prioritária. Você é adulto mesmo? Então pare de reclamar, pare de buscar o impossível, pare de exigir perfeição de si mesmo, pare de querer encontrar lógica pra tudo, pare de contabilizar prós e contras, pare de julgar os outros, pare de tentar manter sua vida sob rígido controle. Simplesmente, divirta-se.
 
Não que seja fácil. Enquanto que um corpo sarado se obtém com exercício, musculação, dieta e discernimento quanto aos hábitos cotidianos, a leveza de espírito requer justamente o contrário: a liberação das correntes. A aventura do não-domínio. Permitir-se o erro. Não se sacrificar em demasia, já que estamos todos caminhando rumo a um mesmo destino, que não é nada espetacular. É preciso perceber a hora de tirar o pé do acelerador, afinal, quem quer cruzar a linha de chegada? Mil vezes curtir a travessia.

Dia desses recebi o e-mail de uma mulher revoltada, baixo-astral, carente de frescor, e fiquei imaginando como deve ser difícil viver sem abstração e sem ver graça na vida, enclausurada na dor. Ela não estava me xingando pessoalmente, e sim manifestando sua contrariedade em relação ao universo, apenas isso: odiava o mundo. Não a conheço, pode sofrer de depressão, ter um problema sério, sei lá. Mas há pessoas que apresentam quadro depressivo e ainda assim não perdem o humor nem que queiram: tiveram a sorte de nascer com esse refinado instinto de sobrevivência.

Dores, cada um tem as suas. Mas o que nos faz cultivá-las por décadas? Creio que nos apegamos com desespero a elas por não ter o que colocar no lugar, caso a dor se vá. E então se fica ruminando, alimentando a própria “má sorte”, num processo de vitimização que chega ao nível do absurdo. Por que fazemos isso conosco?

Amadurecer talvez seja descobrir que sofrer algumas perdas é inevitável, mas que não precisamos nos agarrar à dor para justificar nossa existência.
Fonte: Martha Medeiros

sábado, 26 de outubro de 2013

A adulteração das nossas crianças


 
Um dos grandes cuidados que precisamos ter com nossas crianças é dar-lhes a possibilidade de transitar no espaço infantil com segurança, respeito e com o direito de serem crianças. A palavra criança vem do Latim creare, “produzir, erguer”, relacionado a crescere, “crescer, aumentar”, do Indo-Europeu ker-, “crescer”.
 
Ou seja, a possibilidade de crescerem em um ambiente no qual acredita-se que o mundo é “bom e belo”. Onde reine a fantasia, bonecas de pano, toquinhos de madeira que viram foguetes, aviões, flores e carruagens. Que elas possam se confundir com suas mães e chorarem ao se separar, pois elas só tem 2 anos de idade. Que elas possam ter o direito de brincar, brincar e brincar. Que elas possam subir em árvores, empinar pipas, não usarem maquiagem e nem pintar as unhas.
 
Que meninos e meninas possam ser cavaleiros montados em seus cavalos alados indo passear no mundo encantado de um reino “Tão.. tão.. distante”.
 
Que nossas crianças possam ter o direito de não saber o que seja um “Xbox, tablets, iphones”  e possam ter o dever de pisar na terra descalço olhar para o céu e adivinhar qual é a forma daquela nuvem.
 
Nossas crianças estão sendo obrigadas a crescerem muito rápido!
 
O mundo se tornou uma vitrine decorada por luzes, cores e efeitos especiais que nos confundem, nos deixa na dúvida quanto ao tamanho real do nosso manequim, se é dia ou noite, se o ritual da espera do Natal inicia-se em Outubro ou Dezembro.
 
Nossas crianças não percebem a entrada da Primavera nem vivenciam o seu significado. Nossas crianças não re-conhecem os ADULTOS, pois se igualam a eles, e nessa ciranda todos se misturam e se ADULTERAM.
 
É muito comum encontrarmos em nossas rodas de amigos e família, uma criança que ganhou poder ou subiu de posto na sua hierarquia familiar, quebrado assim, a ordem natural do fluxo do amor, onde Pai funciona como filho, e filho, funciona como Pai.
 
Geralmente, quando isso acontece, esse núcleo familiar torna-se uma verdadeira “Torre de Babel”, onde ninguém fala a mesma língua. Ninguém se escuta. Fica difícil perceber e manter a ordem, pois as fronteiras estão “diluídas”, ou melhor, “permeáveis”. Não há uma filtragem... todo mundo junto e misturado!
 
E assim, nossas crianças vão se tornando menos originais e mais cópias. Cópias essas adulteradas pela superficialidade da sociedade fast food, que não respeita o tempo que uma lagarta leva para sair do casulo, e logo estão abrindo esse mesmo casulo justificando-se que possivelmente aquela “lagarta-borboleta não iria conseguir sair com vida, pois estava muito “apertado”! Então, criamos seres que não podem se sentirem apertados, seres que ficam pela metade: Metade lagarta, metade borboleta; Metade homem, metade menino. Metade monstro, metade humano. Seres desintegrados, desconectados... Adultos Adulterados!!
 
Artigo elaborado pela Psicoterapeuta Myrna Nascimento.