segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Saiba por que falar sozinho faz bem à saúde


Falar sozinho não é coisa do louco, ou pelo menos não deveria ser. Segundo Paloma Mari-Beffa, professora de neuropsicologia da Universidade de Bangor, no Reino Unido, em entrevista à rede americana CNN, conversar consigo mesmo pode ser normal e até mesmo saudável.

Apesar da fala ter como principal objetivo a comunicação interpessoal, a maioria das pessoas tem o costume de falar sozinha. Essa prática, inclusive, pode oferecer benefícios para a saúde mental, de acordo com informações da CNN.

Conversa interior

A conversa interior tem um papel fundamental na organização dos nossos pensamentos, nos ajuda a planejar ações, consolidar memórias e mediar nossas emoções. Em outras palavras, nos ajuda a controlar nossas vidas. Falar em voz alta pode servir como uma extensão dos pensamentos interiores, quando algum comando é ativado involuntariamente.

O psicólogo suíço Jean Piaget já havia observado como crianças pequenas controlavam suas ações assim que desenvolviam a linguagem. Quando se aproximam de superfícies quentes, por exemplo, as crianças geralmente dizem algo como “quente, quente” em voz alta e se afastam. Esse tipo de comportamento pode continuar na vida adulta. Pode parecer uma reação instantânea, mas quanto tempo realmente leva para realizar um pensamento?

Controle comportamental

Uma pesquisa, da Wake Forest School of Medicine, nos Estados Unidos, feita com macacos, mostrou que eles conseguem controlar suas ações ativando metas em um tipo de memória específico para determinada tarefa. Se a tarefa é visual, como identificar bananas, por exemplo, o macaco ativa uma área do córtex pré-frontal diferente da qual ativaria se fosse uma tarefa sonora ou olfativa.

Já quando humanos realizaram testes similares, em pesquisa publicada no periódico científico Neuroscience Letters, eles pareceram ativar as mesmas áreas do cérebro, independente do tipo de ação. No entanto, os pesquisadores descobriram que o cérebro pode operar de forma muito similar ao dos macacos quando fazemos as tarefas sem falarmos sozinho, seja em silêncio ou em voz alta.

Nesse estudo, os participantes tinham que repetir sons sem significado, como “blá-blá-blá”, por exemplo, enquanto performavam tarefas visuais e sonoras. Por não conseguirmos dizer duas coisas ao mesmo tempo, murmurar esses sons tornava os participantes incapazes de falarem sozinhos durante as tarefas. Sob essas circunstâncias, humanos se comportam como macacos, ativando diferentes áreas do cérebro para cada atividade.

Ainda, o estudo mostrou que falar sozinho não é a única maneira de controlar nossos comportamentos, mas é o mecanismo padrão. Nós preferimos dessa forma, entretanto, isso não significa que controlamos tudo o que pensamos e dizemos em voz alta. De acordo com Paloma, quando tentamos evitar pensamentos que passam pela nossa cabeça antes de dormir, por exemplo dizendo a nós mesmos para não pensar, ativamos ainda mais os pensamentos aleatórios.

Ansiedade e depressão

Embora esse mecanismo de ativação cerebral seja difícil de controlar, não é impossível e pode ser alcançado quando nos concentramos em algo com um propósito. Ler, por exemplo, é uma atividade mental que nos ajuda a suprimir os devaneios, sendo uma ótima forma de relaxar a mente. No entanto, um estudo descobriu que pessoas que sofrem de ansiedade ou depressão não conseguem desativar os pensamentos aleatórios, mesmo realizando essas atividades não relacionadas.

Nossa saúde mental depende tanto da habilidade de ativar pensamentos relevantes em determinadas atividades como de suprimir os irrelevantes. Técnicas como meditação e atenção plena têm o objetivo de reduzir esse stress mental. Quando nossas mentes devaneiam de forma que não conseguimos controlar, entramos em um estado de incoerência que, em alguns casos, pode ser descrito como doença mental.

Conversa em voz alta versus silenciosa

A conversa interior nos ajuda a organizar nossos pensamentos e adaptá-los às nossas demandas, mas existe algo em especial sobre externá-los em voz alta? Por que não apenas guardá-los para nós mesmos, se não há ninguém ouvindo?

Em um recente estudo da Universidade de Bangor, pesquisadores mostraram que falar em voz alta, na verdade, melhora o desempenho nas atividades, até mesmo além do que é alcançado pela tática silenciosa. Os voluntários da pesquisa receberam uma série de instruções, que deveriam ler tanto em silêncio quanto em voz alta. Então, a equipe media a concentração e a performance dos participantes durante as tarefas e houve melhor desempenho em ambas quando as instruções foram lidas em voz alta.

Motivação

Muito dos benefícios de falar sozinho estão relacionados apenas com o fato de ouvir a si mesmo, pois as atividades auditivas, de acordo com o estudo, são mais controladas do que as escritas. Mesmo em tarefas desafiadoras, em geral, nossa performance é bem melhor quando refletimos em voz alta. Isso provavelmente explica por que tantos atletas, como os tenistas, por exemplo, falam sozinhos em momentos de tensão durante competições. Frases motivadoras, mesmo que vindas de nós mesmos, nos ajudam a manter o foco.

De fato, nossa habilidade de autodesenvolver instruções explícitas é uma das melhores ferramentas de controle cognitivo que temos, e elas são ainda mais eficazes quando faladas. Ao contrário do que parece, falar sozinho não é um sinal de loucura e sim de pleno funcionamento do cérebro.




Fonte: Veja

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Mentira patológica é causada por transtorno psicológico


O que é a mentira patológica

A mentira patológica, também chamada de mitomania, é a condição das pessoas que contam mentiras compulsivamente. Esse comportamento é causado por um transtorno psicológico que o diferencia, nesse caso, de eventual simulação, omissão ou distorção da verdade praticada por indivíduos saudáveis

Causas

Vários fatores podem fazer com que as pessoas desenvolvam a atitude de contar mentiras com frequência e de forma descontrolada. As principais causas da mentira patológica são decorrentes de traços da personalidade, problemas nas relações familiares e experiências estressantes, que tenham deixado algum trauma.

O ato de inventar situações que não aconteceram ou distorcer as memórias são os métodos encontrados para suprir um sentimento insatisfatório - ou até mesmo constrangedor.

Na maioria dos casos, esse comportamento é a forma de manifestar o desejo por apreço ou atenção das outras pessoas. A profunda necessidade de aceitação daqueles com quem convive faz com que a pessoa conte mentiras com naturalidade e consciência.

Os sintomas da mentira patológica

A diferença entre a mentira patológica e a mentira comum é que o mitômano (como é chamada a pessoa que sofre com o transtorno) tem o comportamento de contar falsas histórias por motivos emocionais, como, por exemplo, medo, vergonha e necessidade de aprovação. A pessoa está ciente de que é uma mentira, mas mesmo assim não se importa e nem demonstra desconforto. Essa atitude não é apenas imediata ou causada por pressão social, ela se torna uma característica natural da personalidade.

O mentiroso comum ou fraudador tem finalidades práticas, como vender algo ou escapar de um crime, por exemplo. Já a pessoa que sofre com esse transtorno psicológico age por motivos internos – como baixa autoestima – e não a externos – como ganhar algo ou evitar uma punição. O ato de contar histórias ao mesmo tempo em que acredita nelas é também uma forma de consolo.

Tratamento

Se não for tratada corretamente, a mentira patológica pode se tornar uma doença grave e trazer transtornos sérios à pessoa que a possui. Por buscar apenas o conforto e segurança nesse tipo de comportamento, o indivíduo acaba não percebendo que ao mentir está prejudicando a si mesmo e também aos outros. É importante entender os sinais emitidos para que seja possível ajudá-lo.

O primeiro passo é buscar por um tratamento psiquiátrico, para ajudar a pessoa a refletir sobre os próprios comportamentos. São comuns casos em que, quando não tratado, o estado se agrave e leve a depressão, trazendo ainda mais complicações.

Outro passo importante é o apoio da família e amigos, pois o desenvolvimento de relações de confiança e conforto faz com que a pessoa recupere o autocontrole e a autoestima. O tratamento pode ser acompanhado por medicamento, caso o médico considere necessário, mas na maioria das vezes apenas com a terapia é possível criar o costume de dizer a verdade.