sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Qual a melhor maneira de fazer as crianças dizerem a verdade?


A mentira é muitas vezes vista como mau comportamento das crianças. Os contos de fadas e histórias folclóricas, como as famosas Fábulas de Esopo e o personagem carismático Pinóquio, dizem às crianças que elas devem ser honestas e nunca mentir. Só que se você conhece alguma criança, sabe que nem sempre essa mensagem é devidamente absorvida.
Então, o que podemos fazer para incentivar as crianças a dizer a verdade, SEMPRE?

Quando as crianças aprendem a mentir?

As crianças aprendem a mentir com cerca de dois anos de idade. As primeiras mentiras são aquelas em que elas não assumem alguma arte que fizeram. A partir dos três anos, elas também aprendem a dizer mentiras “brancas”. São mentiras que são ditas para beneficiar outras pessoas ou para ser educado.
Por exemplo, uma criança aprende desde muito cedo que quando você faz uma surpresa de aniversário para a mamãe, você não conta a ela sobre isso. E quando sua tia lhe dá um presente, você deve agradecer a ela, mesmo que não goste do que ganhou. Contar bem essas mentiras é ter uma habilidade social importante. E é o tipo de coisa que a gente não precisa ensinar duas vezes.

O desenvolvimento de uma habilidade social

As crianças pequenas começam a aprender a mentir à medida que amadurecem cognitiva e socialmente. Para mentir direitinho, as crianças têm de entender que as outras pessoas têm as suas próprias crenças e pensamentos e que não são necessariamente as mesmas que as suas. A criança também tem que perceber que outras pessoas podem acreditar em coisas que estão erradas. Esta é uma habilidade chamada de “teoria da mente” e se desenvolve lentamente durante a pré-escola e o jardim de infância.
Conforme as crianças se tornam mais capazes de pensar sobre o que outras pessoas pensam e sentem, eles aprendem quando devem mentir de forma convincente. Mas isso não é a tarefa mais simples do mundo.

Mentir de forma convincente é difícil para as crianças

Elas muitas vezes não têm sucesso nessa tarefa, especialmente se são colocadas contra a parede. Alguns pesquisadores descobriram em um estudo que 74% dos filhos mentirosos entregaram o jogo depois da primeira pergunta mais firme. E conforme as crianças vão ficando mais velhas, elas vão aprendendo que tipo de respostas devem dar para sustentar as mentiras que contam.
Há uma evolução clara: cerca de 80% das crianças de quatro e três anos se entregam depois das perguntas. Esse valor cai para 70% em crianças de 5 anos e diminui para 50% entre crianças de 6 e 7 anos.

Aprender a falar a verdade que é bom…

Deixar de aprender quando a mentir e ter discernimento para entender quando mentir de forma convincente pode ser problemático para crianças mais velhas. A pesquisa mostrou que os adolescentes com habilidades sociais mais baixas são menos convincentes quando mentem do que seus colegas com melhores habilidades sociais. A mentira persistente é também um sinal de que as crianças não alcançaram um desenvolvimento social e cognitivo como seus outros colegas. E tem outro detalhe: as crianças que mentem muitas vezes são mais propensas a serem agressivas, criminosas ou mostrar outros comportamentos inaceitáveis durante a vida adulta.
Os efeitos negativos de contar mentiras estão relacionados com a percepção de que a pessoa está contando uma lorota, por exemplo, se pais ou professores notam que a criança está mentindo.

O teste tentação

Mas então o que os adultos podem fazer para incentivar uma criança a dizer a verdade sempre? Victoria Talwar, Cindy Arruda e Sarah Yachison realizaram uma nova pesquisa para descobrir essa resposta. Eles testaram crianças entre as idades de quatro e oito anos.
Para seu estudo, a equipe usou o “teste de resistência à tentação”. Neste teste, o pesquisador coloca um brinquedo barulhento atrás de uma criança, de forma que elas não podem vê-lo. O pesquisador, então, deixa a criança sozinha com o brinquedo e pede que ela não olhe para ele enquanto estiver sozinha na sala. Como você poderia esperar, cerca de 80% das crianças dão uma olhadela para o brinquedo. Quando o pesquisador volta, eles perguntam se a criança olhou. A criança pode mentir, como 67,5% delas faz.
Os pesquisadores queriam saber se as ameaças de punição (coisas como “você estará em maus lençóis se olhar”) influenciariam quantas vezes as crianças mentem. Depois, testaram o poder da honestidade. Disseram às crianças que o pesquisador “iria se sentir feliz se elas dissessem a verdade” ou que “dizer a verdade era a coisa certa a fazer”.

Resultado

Eles descobriram que, sem um apelo para dizer a verdade, mais de 80% das crianças escolhe mentir, tenha ou não uma punição envolvida. Esclarecer que dizer a verdade faria o pesquisador feliz reduziu as mentiras em cerca de 50%, para ambos os grupos que receberam ameaças ou não.
Esclarecer que dizer a verdade era a coisa certa a fazer reduziu o índice de mentiras para 40%, mas somente quando a criança não ia ser punida. 80% das crianças que foram informadas que seriam punidas se tivessem olhado, mas que dizer a verdade era a coisa certa a fazer, mentiram.
A pesquisa sugere, então, que se você quer que um filho confesse alguma arte que tenha aprontado, você deve assegurar a ele que não vai haver um castigo caso confesse, e incentivá-lo a dizer a verdade porque isso fará você feliz. Em seguida, você deve cruzar os dedos e torcer para que a sua criança não seja a do grupo dos 40% que são propensas a mentir de qualquer maneira

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Como ajudar alguém com problemas psicológicos a buscar ajuda?

Indicar alguém a consultar um psicólogo é uma tarefa delicada, afinal aceitar que se tem um problema faz parte do tratamento


Costumo sempre dizer que é muito diferente uma pessoa precisar de auxilio psicológico, e essa pessoa buscar por este auxilio. Precisar e buscar são etapas terapêuticas necessárias e muito particulares. Acontece com todos os casos, inclusive com aquela pessoa que deseja e acredita nesta ajuda psicológica para si mesmo. Então, mesmo a pessoa querendo uma ajuda, não significa que ela irá até essa ajuda ou mesmo que irá tão brevemente. E esta reflexão sobre quando, onde, com quem e porque buscar ajuda já é considerada parte do processo terapêutico. Os receios, as necessidades, os desejos e os tempos de cada etapa são muito particulares para cada pessoa e em alguns casos podem levar anos para se concretizar (isso quando se concretizam). 

Por que é tão difícil admitir que se precisa de ajuda?

Ainda é muito comum as pessoas acreditarem que o único motivo merecedor de ajuda psicológica ou mesmo psiquiátrica são as necessidades de quadros ou diagnósticos extremos como: uma depressão grave, um transtorno relevante ou um quadro de esquizofrenia. Isso assusta e afasta muitas pessoas do consultório... Uma das primeiras frases que costumo ouvir de um paciente novo é: ?Não sou louco! Não sei você pode me ajudar ou se é aqui que resolvo isso?. Muitos ainda não entendem bem o porquê de um psicólogo ou para que procurar este profissional. E por isso acabam desenvolvendo a ideia de que somente aqueles que (de acordo com o julgamento deles) não são capazes de uma estrutura é que deveriam estar em um consultório terapêutico. 
E é ai que está o maior engano. Um consultório psicológico serve justamente para qualquer pessoa, independente necessidade e diagnóstico, que seja capaz de ir e vir, de questionar o outro e a si mesmo, que possa ter consciência de si e do meio e que assim consiga entender suas limitações, conflitos e dificuldades para poder trabalhar com isso em sua vida. 
A negação faz parte do inicio pré-terapeutico e às vezes ela persiste mesmo durante o processo de acompanhamento. É sempre importante respeitar o tempo e o limite de cada pessoa, pois nem sempre é fácil admitir ou perceber que estamos sofrendo ou angustiados. Usamos de disfarces, desculpas e justificativas para nos proteger da ideia do admitir alguma fragilidade e isso normalmente ocorre porque lidar com este ponto não é fácil (independente o que seja). 
No fundo, todos nós temos receios de não dar conta de nossas questões, de nos perdermos, de não sermos suficientes em nosso equilíbrio entre razão e emoção. E por isso precisamos provar (para nós mesmos) que damos conta sim de nossas questões. E a ideia de tentar ou conseguir sozinho nos representa uma fantasia de poder. A humanidade ainda possui grandes e bons conflitos, em que são confundidos alguns conceitos, como acreditar que buscar ajuda é uma incapacidade e essa ideia é um grande equívoco. 

Como sugerir que a pessoa busque ajuda?

Por isso, indicar ou sugerir para alguém um apoio psicológico é mais delicado do que pode parecer, pois a pessoa pode ainda não ter entrado em contato com seus conflitos e angustias ou, mesmo que já os esteja percebendo, pode ainda estar confusa e com medo de mexer ou analisar este conteúdo. Assim, esta é uma situação que não deve ser forçada nunca. 
Para um processo psicológico saudável e efetivo, devemos sempre considerar, como fundamental, o interesse e também a disposição por parte da pessoa para com todo o trabalho psicológico. Isso mesmo, sem interesse e participação da pessoa, não é possível uma ajuda efetiva, no máximo uma ajuda paliativa. Não existe ajuda eficiente sem que a pessoa aceite primeiramente ser uma paciente. 
Quando nos assumimos enquanto pacientes, estamos assumindo para nosso EU que algo não vai bem, independente o que seja e qual intensidade e se escondemos algo. Neste momento abrimos uma porta para começar uma investigação sobre nossas intimidades. Às vezes são questões que estão muito latentes e ao nosso alcance de percepção, ou outras vezes podem ser pontos ainda não perceptíveis, mas refletidos em outros sintomas que nos chamam a atenção. 
É importante para aqueles que desejam ajudar, entenderem que o receio, a resistência e até a negação fazem parte, pois são formas de defesa de todo ser humano. E que forçar o outro a fazer algo ou adotar uma ideia, não ajuda e muitas vezes piora. O mais indicado é mostrar que é compreensível e ao mesmo tempo está preocupado.
Uma sugestão simples é em algumas conversas com esta pessoa, que possa estar precisando de ajuda, tentar exercer um papel de espelhamento. Mostre aos poucos e com muito tato e paciência os sintomas que a pessoa vem apresentando como: sofrimento, angústia, irritação, apetite descontrolado, dificuldade em se manter empregado ou qualquer que seja o quadro. Ajude-a perceber e pensar na intensidade dos sintomas ou do caso e como isso pode estar fora de um grau saudável ou mesmo já esteja prejudicando sua vida, causando perdas e sofrimentos. Faça isso através de pequenas conversas orientadoras e explicativas dando sua opinião, mas não a impondo como verdade. Pode também mostrar reportagens ou histórias de casos que vocês conhecem ou ouviram falar para ajudar na percepção e no autoreconhecimento desta pessoa. 
Atenção! Deve-se sempre tomar muito cuidado para não criar ou imaginar diagnósticos por conta própria e firmar esta ideia, nem mesmo para tentar usar disto para convencer e levar a pessoa para uma ajuda. Isto é muito comum de acontecer e normalmente causa grandes conflitos e angústias. Somente os profissionais podem de fato diagnosticar e saberão junto ao paciente diferenciar os sintomas de um quadro fixo dos sintomas passageiros, por exemplo, diferenciar tristeza de depressão. Quando alguém despreparado já anuncia que o outro pode estar doente, pode criar uma grande resistência e dificultar o inicio da ajuda. Então, apenas se mantenha mostrando que está preocupado e que poderá ser importante e até gerar alivio ouvir a opinião de um profissional. 
Vale saber, também, que buscar uma análise de um profissional não significa realizar um acompanhamento. Os primeiros encontros são utilizados para uma entrevista, para que paciente e profissional se conheçam, sem compromisso de ir adiante. Caso cheguem à conclusão que não precisa de auxilio psicológico isso será mostrado por ambas as partes. Cada caso sempre será visto e recebido em sua particularidade. Mostrar isso para a pessoa que acredita estar precisando de ajuda muitas vezes ajuda neste passo de ir até o consultório. 
Explique, também, que a relação do psicólogo é muito diferente da relação com uma mãe, um pai, irmão, amigos... A neutralidade afetiva faz toda diferença para que a pessoa possa ser vista e compreendida por diferentes ângulos e assim poderá ter a chance de se perceber, se entender, ser acolhida e assim poder fazer algo que seja significativo e construtivo para com sua vida e necessidades. 
Para terminar reforço que buscar, iniciar e manter uma terapia psicológica, apesar de proporcionar um espaço de alívio e construções para vida, também exige coragem, pois o paciente irá entrar em contato com certas intimidades a seu respeito que muitas vezes são desconhecidas e ele nem sempre está preparado para lidar. Por isso o ideal é não forçar essa busca.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Experimentamos crises existenciais no início de cada nova década de idade, diz estudo


Uma Nova pesquisa feita por Adam Alter, professor de negócios na Universidade de Nova York, e Hal Hershfield, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, mostra que quando os adultos se aproximam de uma nova década de idade (ou seja, nas idades de 29, 39, 49 ou 59), temos a tendência de ter crises existenciais e buscar um significado a mais na vida, e acabamos nos comportarmos de maneiras que podem ser construtivas ou destrutivas.

Em seis estudos olhando para o exercício, casos extraconjugais e as taxas de suicídio entre adultos entre as idades de 25 e 64, os pesquisadores determinam que certas idades numéricos inspirar uma maior autorreflexão do que outros. Além disso, os autores sugerem que as pessoas em dezenas de países e culturas são propensos a tomar decisões importantes na vida como eles se aproximam cada nova década.

Se você conhece alguém que já passou por essa virada de década sabe que essa conclusão faz todo sentido do mundo. Tanto, que esse estudo tem sido realizado ao longo de muito tempo e conta com uma série de antecedentes.

Antecedentes e os principais resultados do estudo de crises existenciais

Estudos 1 e 2

Neste primeiro momento, os autores examinaram dados de 42.063 adultos de mais de 100 países, que completaram a World Values Survey e relataram a frequência com que questionaram o sentido da vida. E nesse momento eles descobriram que as pessoas que estavam entrando em uma nova década em suas vidas são mais propensas a questionar se sua vida está sendo significativa ou não.

Estudo 3

Os professores Alter e Hershfield categorizaram mais de 8 milhões de usuários do sexo masculino registrados em um site de namoro, que atende a pessoas que buscam relações extraconjugais. Eles descobriram que os homens com idades entre 29, 39, 49 e 59 eram quase 18% mais propensos a se cadastrarem nesse site, do que os homens em outras épocas da vida.

Estudo 4

Os pesquisadores examinaram o número de suicídios por 100.000 indivíduos em todos os EUA de 2000 a 2011. As taxas eram 2,4% maiores entre os indivíduos com idade terminando em 9 do que entre as pessoas cujas idades terminaram em qualquer outro dígito.

Estudo 5

Os professores coletaram dados do Athlinks, um site que compila tempos de corrida, e descobriram que os corredores corriam cerca de 2% mais rápido em idades de 29 e 39, em comparação aos dois anos anteriores e posteriores a essas idades.

Estudo 6

Os autores examinaram as idades de 500 maratonistas de primeira viagem sorteados aleatoriamente no mesmo site e descobriram que o número de corredores com idade terminando em 9 era 25% maior do que os corredores de outras idades.

Conclusão

A conclusão dos pesquisadores é que as pessoas estão mais aptas a avaliarem suas vidas quando uma década cronológica termina, e, consequentemente, estão mais propensas a tomar decisões para mudar de vida. Desta maneira, à medida que envelhecemos, é interessante conhecermos e entendermos essa propensão, para que a gente possa se guiar conscientemente para um caminho de escolhas construtivas ao invés de destrutivas.

Os professores Alter e Hershfield também concluíram que as implicações de seus estudos podem ser significativas para os consumidores. “Nossa pesquisa sugere que as pessoas que estão se aproximando do fim de uma década podem ser mais propensas a fazer compras grandes (como, por exemplo, comprar um seguro de vida, investir na bolsa, fazer a tão sonhada cirurgia estética, etc.)”. 

Ou seja: se as equipes de marketing estiverem conscientes dessa tendência, podem planejar uma abordagem personalizada e com mais eficiente para esse tipo de público. 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Prioridade da mãe deve ser ela mesma e não os filhos, apontam especialistas

Antes de cuidar de outras pessoas, mulheres precisam ter os próprios desejos respeitados para não responsabilizar as crianças por sentimentos de frustração e infelicidade 


Pode ser no parquinho, na praça ou no fórum sobre maternidade das redes sociais. Basta presenciar uma conversa entre mães para ver que, hoje em dia, não basta apenas ter o filho e cuidar dele com muito amor, é preciso ser a melhor mãe do mundo. Aquela que abre mão dos próprios sonhos e vontades pelo bem-estar das crianças.

Mas até que ponto esse comportamento realmente beneficia os pequenos? Para a psicóloga e coordenadora terapêutica da Clínica Maia, Ana Cristina Fraia, os prejuízos de colocar os filhos em primeiro lugar são maiores do que os benefícios. Ainda que com a melhor das intenções, o desenvolvimento infantil é prejudicado.

“A criança vai crescer com uma noção de que ela é mais importante do que o mundo inteiro. Ela se acostuma a isso, já que mãe para de fazer tudo o que estava fazendo quando ela chama ou grita, pedindo alguma coisa. Na intenção de dar amor incondicional, os pais erram com o filho. Ele vai achar que o mundo precisa se comportar igual aos pais”, pontua Ana Cristina.

Criados como pequenos “reis” e “rainhas” em casa, eles perdem a oportunidade de aprender a lidar com o sentimento de frustração e amadurecer frente aos “nãos” que a vida dá, justa ou injustamente.

“São crianças que precisam do prazer imediato, que todos os seus problemas sejam resolvidos na hora. E o mundo, infelizmente, não funciona do mesmo jeito”, reforça a psicóloga. Segundo ela, é fundamental avaliar a real necessidade da criança. Você precisa mesmo parar tudo o que está fazendo para atender às vontades dela? Será que é necessário passar tanto tempo com a criança?

Amor próprio

A fonoaudióloga Carolina Sepeda precisou enfrentar uma depressão pós-parto para compreender a importância de respeitar as próprias vontades. Depois que o filho Bento, de quatro anos, nasceu, Carolina não conseguia alinhar as próprias expectativas em relação à gravidez com o que a sociedade julgava como a “mãe ideal”.

“Quase não tive rejeição a ele, mas não gostava de amamentar. Eu me sentia triste, não tinha vontade de levantar da cama. Achava que a minha vida tinha acabado mesmo, e minha terapeuta dizia que era porque eu não seguia os meus instintos. Foi quando eu percebi que precisava me cuidar, senão não conseguiria cuidar do meu filho”, lembra Carolina.

Depois de quase três anos e oito meses de terapia, ela reconhece que os filhos não podem ser a única preocupação na vida das mulheres que se tornam mães. “Eu não poderia largar o meu emprego de maneira nenhuma para me dedicar a ele. E se eu não pensar em mim, quem vai pensar? Eu me tornei uma pessoa extremamente amargurada, era impossível criar uma criança daquele jeito”, confessa a fonoaudióloga.

A modelo Gisele Bundchen deu uma declaração parecida há algumas semanas, para a revista “The Sunday Times Style”: “Sabe quando dizem no avião que você deve colocar a sua máscara de oxigênio primeiro, para então colocar no seu filho? Então, acredito que vale o mesmo para as mães, que devem cuidar de si em primeiro lugar”, declarou ela.

“A gente precisa ter em mente essa instrução do avião, mesmo. Para você cuidar de uma pessoa, você tem que estar bem, com as necessidades suprimidas, um emocional equilibrado. Não é saudável colocar ninguém, seja o marido ou os filhos, a não ser você mesmo, em primeiro lugar. Parece egoísmo, mas é o melhor que você pode fazer pela sua família”, explica Marcia Orsi, terapeuta especialista em relações familiares.

Dispensável

A relação com o cônjuge também merece atenção. Ter um filho é algo que muda a vida, absolutamente. Mas não é o único amor que as mulheres são capazes de sentir, em essência. Do mesmo jeito que as crianças precisam de um tempo a sós com a mãe, é importante cultivar o romance e a intimidade com o parceiro. Por que é tão condenável assim que uma mãe passe a manhã com os filhos e, à noite, opte por fazer um programa romântico com o marido?

“A boa mãe não é apenas aquela que passa o dia todo com a criança. Ter filhos é uma responsabilidade gigantesca, é uma escolha para a vida inteira. Dá para se cuidar, ser feliz, ter outras atividades em paralelo e divertir-se com os filhos também, sem precisar esquecer a mulher que você é”, acredita Ana Cristina Fraia.

Para a especialista, “mãe boa é aquela que se torna dispensável com o passar dos anos”. A frase é dolorida para a maioria das mulheres, mas, para Ana Cristina, revela um dos melhores feitos que qualquer mãe pode fazer pelo próprio filho: torná-lo autônomo e independente.

FONTE: Delas.ig.com.br/filhos