Atualmente venho refletindo muito sobre as relações.
E não acredito que isso seja um comportamento tão original da minha parte, pois
o relacionar está aí para vermos, vivermos e sentirmos.
Percebo que atualmente esse comportamento que deveria
ser uma condição intrísecamente humana, simples e natural tem se tornado um
tema tão fervoroso e importante nos consultórios de psicologia, nos veículos de
comunicação, nos livros de auto-ajuda.
Para quê estamos precisando de tanta ajuda para nos
relacionarmos?
O que acontece nessa tal RELA – AÇÃO que vem incomodando tantas pessoas? Não era para ser o
contrário? Por quê um ato de encontro ganha tanto espaço para des –
entendimentos e sofrimentos?
Tenho percebido o quanto passamos pela vida sem nos
dar conta que cada possibilidade de rela – ação é uma oportunidade de vínculo e
um ato em potencial de AMOR.
Buscando o significado de vínculo encontrei atar,
ligar a, apertar. Será que é isso?
Ficamos “apertados” para relacionar e depois por estar
relacionando?
As relações nos aperta , nos aproxima do outro num
movimento para “relar”, para apararmos nossas arestas, nossos corpos, nossas
crenças, nossos valores, nossas
expectativas, nossos limites.
Relacionar nos traz para a realidade, nos tira da
ilusão, nos faz mais humanos. Mas, ainda há aqueles que insistem em retornar
para o imaginário, e dali viver um mundo paralelo. Onde acham que falou, que
ouviu, que cuidou, que percebeu, que viveu uma história de amor. Acham! E daí a
vida passa e continuam achando, imaginando.
Assunto polêmico, não?! Posso estar com essas
questões também construindo uma “realidade paralela”.
Lembrei-me agora do Mito da Caverna de Platão. Muitas
vezes, em nossos relacionamentos preferimos ficar dentro da caverna, recebendo
apenas um feixe de luz que traz uma projeção do mundo externo. Mas, continuamos
de costas, imóveis, acorrentados, olhando somente para a parede do fundo da
caverna. E ali construímos nossas crenças.
Mas, se em algum momento meu companheiro (a) resolve
se libertar das correntes, olhar para a fresta que permite a entrada do feixe
de luz, escalar o muro com todas as dificuldades que esse caminho possa
representar, sair da caverna e encontrar
o “mundo externo” e retornar para anunciar a “boa nova” para o que ficou dentro
da caverna, isso pode representar um momento de crise, conflito, des –
entendimentos, ocasionando uma exclusão, sofrimento , mágoas, etc.
Ou seja, muitas vezes estamos preparados para viver
uma rela – ação que nos mantenha olhando somente para o fundo da caverna,
ficando no escuro, vendo somente as sombras e acreditando que o mundo lá fora
se resume nisso. Vivemos entediados, mas na ilusão do conforto e da segurança
de que tudo está no controle. Me aperto, mas não me permito expandir. Me
vínculo, mas não me libero para RELA –
ACIONAR.
RELA -
ACIONAR é a minha possibilidade de
sair da caverna, do fundo dela, de parar de enxergar somente as projeções e de
viver na sombra. É poder olhar para a luz, para o mundo real e me expandir
enquanto ser humano, que aprende e
caminha ora no seu próprio ritmo , ora no ritmo do Outro , e assim, bailando
desenvolvo o ritmo, o passo, o compasso a melodia.
Artigo elaborado pela Psicoterapeuta de Família e Casal Myrna Nascimento